Minas tem potencial para ser polo de energias eólica e solar
Representantes da Cemig e da Secretaria de Estado
de Desenvolvimento Econômico passaram aos deputados da Comissão de
Minas e Energia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais uma
mensagem otimista sobre o potencial e as políticas de estímulo ao
uso das energias eólica e solar. Pelos relatos dos convidados, o
Estado pode se tornar um polo de produção e de inteligência dessas
formas limpas e renováveis de energia. Hoje, menos de 1% de toda a
energia elétrica produzida no Brasil é originada dos ventos; e, em
Minas, há 2,3 mil prédios usando a energia solar, sendo 2 mil na
Capital.
Entre as novidades apresentadas nesta quarta-feira
(28/10/09), destacam-se a criação do Núcleo de Inteligência
Competitiva, no início de 2010, destinado a fornecer informações às
pequenas e médias empresas também na área de energia; e o projeto de
instalação de uma usina fotovoltaica sobre a estrutura de concreto
do estádio do Mineirão, em Belo Horizonte, para torná-lo
autosuficiente em energia. A meta é que a usina esteja em operação
na Copa das Confederações, em 2013. Comparativamente, a energia
produzida pela usina tornaria autosuficiente uma cidade com 10 mil
habitantes. "É um projeto-demonstração de grande porte da
viabilidade da tecnologia", avaliou o superintendente de Tecnologia
e Alternativas Energéticas da Cemig, Alexandre Bueno.
Segundo o presidente da comissão, deputado Sávio
Souza Cruz (PMDB), que solicitou o debate desta quarta (28), a
Assembleia tem estudado as fontes de energia divididas por subtemas
e, ao final de uma série de audiências, pretende realizar um debate
público sobre o assunto. Ele avaliou o debate sobre as energias
eólica e solar um avanço. "Esses são temas da agenda do século XXI,
ao contrário da discussão sobre o pré-sal que, mesmo muito
importante, atende à agenda do século XX", comparou.
Cemig e Governo do Estado destacam projetos
estratégicos
Alexandre Bueno, da Cemig, falou sobre as
perspectivas de aproveitamento das energias eólica e solar no
Estado. Segundo ele, dos 143 mil megawatts inventariados no País,
entre 21% e 25% estão concentrados na Região Sudeste, sendo a maior
parte desse potencial em Minas. Em entrevista, ele disse que, até o
final deste ano, estará concluído o mapa eólico do Estado, trabalho
orçado em R$ 1 milhão. Segundo Bueno, esse mapa dará aos empresários
uma visão das oportunidades de investimento.
Um desafio a ser enfrentado é o alto custo de
produção da energia proveniente dos ventos, já que é complexa a
tecnologia para construir, transportar e montar as torres. "Esse
alto custo de produção é uma questão de momento, já que ainda
existem poucas fábricas para produzir os equipamentos, e a
tecnologia de montagem é dominada também por poucos. Quando
aprendermos a lidar com essas plantas industriais, o custo cairá",
estima Alexandre Bueno.
Energia solar - Além do
projeto do Mineirão, a Cemig apresentou aos deputados outras
iniciativas para impulsionar a geração de energia solar. A
tecnologia a ser empregada no Mineirão é a mesma que foi aplicada
para garantir energia para escolas rurais do Leste e do Norte do
Estado, por meio da instalação de 700 painéis. É a energia
fotovoltaica, com o silício sendo usado como matéria-prima para a
produção dos painéis solares. "Minas tem o melhor conhecimento na
área de produção do silício para células solares", destacou
Alexandre Bueno, citando o exemplo dos estudos da Fundação Centro
Tecnológico de Minas Gerais (Cetec), vinculada à Secretaria de
Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.
Secretaria destaca criação de Núcleo de
Inteligência Competitiva
O superintendente de Políticas Energéticas da
Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Eduardo Carlos
Jardim Mozelli, avaliou que a energia é o grande desafio do Estado.
Para responder a esse desafio, o governo tem buscado facilitar o
debate com os empresários, criar uma estrutura perene de
conhecimento e estimular a parceria entre indústria e universidades.
Ele anunciou a criação, no início de 2010, do Núcleo de Inteligência
Competitiva, destinado a repassar informações às pequenas e médias
empresas, a fim de que elas adquiram competitividade, inclusive na
área de aproveitamento energético, e possam atender às demandas do
mercado na hora certa.
Mozelli apresentou ações que podem ser
desenvolvidas para expandir a geração de energia solar e eólica.
Entre elas, a redução de ICMS para a energia eólica; e, para a
energia solar, incentivos financeiros na compra de coletores em
habitações de baixa renda, linha de financiamento específica para a
aquisição de equipamentos e incentivos legais à promoção de
negócios.
O representante do governo afirmou que a interação
com a Assembleia é essencial, pois é o Parlamento que "legaliza
todas as decisões". Ele elogiou a realização da audiência desta
quarta (28).
Parlamentares destacam importância do tema
Os deputados destacaram a importância da audiência.
Para o deputado Ronaldo Magalhães (PSDB), as formas limpas de
energia devem ser estimuladas, sobretudo no cenário de recuperação
da atividade econômica. Já o deputado Célio Moreira (PSDB) cobrou
mais investimentos dos governos Estadual e Federal na produção das
energias eólica e solar, bem como em pesquisa. Ele defendeu o
Projeto de Lei (PL) 829/07, de sua autoria, que dispõe sobre o
incentivo ao uso da energia solar no Estado. A proposição recebeu
dois substitutivos e agora está pronta para ser discutida e votada
pelo Plenário em 1º turno. O deputado Antônio Carlos Arantes (PSC)
indagou, por sua vez, sobre a utilização do lixo para a produção de
energia.
Requerimento aprovado - Do
deputado Carlin Moura (PCdoB), de audiência com a Comissão de Defesa
do Consumidor e do Contribuinte, para discutir a interrupção de
fornecimento de energia para a Ceasa, em Belo Horizonte. Foi
recebido requerimento do deputado Sávio Souza Cruz, de audiência
para discutir o levantamento geológico e estudos ambientais da CPRM
Serviço Geológico do Brasil para o Estado, no ano em que se
comemoram 40 anos da instituição.
Presenças - Além dos
convidados, participaram da reunião os deputados Sávio Souza Cruz
(PMDB), presidente; Célio Moreira (PSDB), Antônio Carlos Arantes
(PSC), Wander Borges (PSB) e Ronaldo Magalhães (PSDB). Também
participou o gerente de Alternativas Energéticas da Cemig, André
Carvalho.
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