Direitos Humanos debate o massacre de Ipatinga
Com o objetivo tratar sobre o episódio que ficou
conhecido como massacre de Ipatinga, acontecido na cidade em outubro
de 1963, a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de
Minas Gerais realiza audiência pública na próxima quarta-feira
(28/10/09), a partir das 18h30, no Teatro da ALMG. Um dos convidados
é o jornalista Marcelo de Freitas, autor do livro "Não foi por
acaso", que traz uma extensa investigação que ele fez sobre o
assunto.
O presidente da comissão, deputado Durval Ângelo
(PT), solicitou a reunião a pedido do próprio jornalista. Segundo
Marcelo de Freitas, a intenção é promover um debate acerca de pontos
que ainda estão sem esclarecimento. Para o livro, o jornalista usou
depoimentos feitos durante uma CPI que a Assembleia instaurou na
época, entrevistas com moradores de Ipatinga e depoimentos do
inquérito policial aberto para apurar o ocorrido.
Saiba mais - O massacre de
Ipatinga foi resultado de um conflito entre trabalhadores da empresa
Usiminas, que tem sede naquela cidade, e policiais militares. O
autor do livro explica que os trabalhadores já estavam envolvidos
num clima de insatisfação quanto a suas condições trabalho, moradia,
transporte e alimentação. Na noite de 6 de outubro de 1963, durante
a saída do turno das 22 horas, depois de uma confusão na portaria,
um dos metalúrgicos foi preso por um policial militar.
A notícia da prisão teria causado tumulto em um dos
alojamentos onde dormiam os trabalhadores, o que resultou na prisão
de outras 300 pessoas durante a madrugada. No dia seguinte,
funcionários se aglomeraram em frente ao portão de entrada da
Usiminas e, como forma de protesto, se recusaram a trabalhar,
enquanto diretores da empresa e representantes dos metalúrgicos se
reuniam no escritório central da companhia para entrarem em acordo.
Marcelo de Freitas disse que há relatos de que uma
pedra teria sido lançada contra os policiais, que teriam começado a
atirar contra os trabalhadores. De acordo com a lista oficial
divulgada na época, oito pessoas morreram. O jornalista disse,
entretanto, que vários moradores da cidade acreditam que o número de
vítimas tenha sido maior.
Convidados - Além do
jornalista Marcelo de Freitas, foram convidados para a audiência
pública o presidente da Usiminas, Marco Antônio Castello Branco;
Agnaldo Giovani Bicalho, vereador de Ipatinga; o monsenhor Avelino
Marques, da Paróquia Imaculado Coração de Maria e Santo Antônio; o
geólogo-chefe de projeto da Melt Metais e Ligas S/A, Aloísio Souza
de Jesus e Cruz; e o historiador Hercílio da Costa Lage
Júnior.
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