Audiência pública recomenda incentivo à energia renovável

O investimento em fontes renováveis de energia e a concessão de incentivos para que esse mercado cresça foram pontos ...

21/10/2009 - 00:03
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Audiência pública recomenda incentivo à energia renovável

O investimento em fontes renováveis de energia e a concessão de incentivos para que esse mercado cresça foram pontos defendidos pelos participantes da audiência pública da Comissão de Minas e Energia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, nesta quarta-feira (21/10/09). A reunião foi solicitada pelo presidente da comissão, deputado Sávio Souza Cruz (PMDB), para debater o panorama atual e as políticas para o desenvolvimento das cadeias produtivas do etanol, do biodiesel e das florestas energéticas no Estado. O assunto também será tema do Ciclo de Debates O impacto do etanol no desenvolvimento de Minas Gerais, que acontece no dia 29 de outubro no Plenário da ALMG.

O diretor de Desenvolvimento de Negócios do Instituto de Desenvolvimento Industrial (Indi), Maurício de Oliveira Cecílio, disse que a preocupação do Governo Estadual em relação ao etanol é organizar o setor, tendo em vista o rápido crescimento dos empreendimentos, sobretudo no Triângulo Mineiro. Segundo ele, o zoneamento agroecológico norteou os licenciamentos ambientais e também houve esforços para evitar a concorrência predatória entre as empresas.

Em relação ao biodiesel, o diretor do Indi afirmou que o entusiasmo inicial foi frustrado pelo alto custo de produção da matéria-prima. No entanto, ele ressaltou que agora está ocorrendo uma retomada do interesse por essa energia. O Estado, segundo Maurício Cecílio, está analisando a questão fiscal e pesquisando as culturas mais adequadas para Minas Gerais do ponto de vista empresarial e de desenvolvimento social. "A opção pelo investimento em energias renováveis é mundial e irreversível", afirmou.

Outras fontes - A busca por matérias-primas alternativas à soja e dejetos de animais para a produção do biodiesel também foi citada como um desafio pelo coordenador do Programa de Energia da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Marcelo Franco. As atenções do governo estão mais voltadas para o Norte de Minas, onde foi instalada uma usina de biodiesel pela Petrobras. De acordo com Marcelo Franco, as pesquisas são para utilização da macaúba e do pinhão-manso a médio prazo e, a curto prazo, do girassol.

O expositor informou que também foram publicados vários editais de pesquisa sobre a cadeia produtiva do etanol. Para verificar questões ligadas ao carvão vegetal, o governo realizou um levantamento junto aos seis maiores grupos do setor siderúrgico. O coordenador do Programa de Energia informou ainda que, em parceria com o Cetec, pretende-se transformar o Centro de Bioenergia em Centro de Energias Renováveis, com cinco laboratórios. Franco destacou que Minas tem 11 universidades federais, duas estaduais, dois centros de pesquisa, além da Epamig e Cetec. "Temos conhecimento e base tecnológica suficiente para avançar nesse setor", avaliou.

Produtividade da cana cresce mais de 20% em nove anos

Os dados que demonstram a importância do setor sucroalcooleiro para a economia mineira foram apresentados pelo superintendente de Economia Agrícola da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, João Ricardo Albanez. Minas Gerais, segundo balanço energético divulgado recentemente pela Cemig, utiliza 54,3% de energia renovável, principalmente lenha e carvão vegetal (28,2%) e produtos da cana (10,5%). As florestas plantadas ocupam 2,1% da área do Estado e a cana de açúcar, 1,2%, com maior concentração no Triângulo Mineiro.

Ricardo Albanez destacou que, de 2000 a 2009, houve um crescimento de 23,3% da produtividade da cana. Segundo ele, isso é resultado das tecnologias que têm permitido mais produção com preservação ambiental. A indústria sucroalcooleira também tem uma importante participação no PIB do agronegócio mineiro, respondendo por 11,3% do total de R$ 87,4 bilhões. A cana participa com 0,9% do PIB e o carvão com 1,9%. Também houve um crescimento das exportações de açúcar e álcool, sendo a Índia o principal país comprador.

Setor sucroalcooleiro quer redução de alíquota do etanol

A redução do ICMS sobre o etanol foi defendida pelo presidente do Sindicato das Indústrias de Açúcar e da Fabricação do Álcool em Minas Gerais (Siamig/Sindaçúcar-MG), Luiz Custódio Cotta Martins, como essencial para garantir a competitividade do produto no mercado. Embora o Brasil já consuma mais etanol que gasolina C, em Minas Gerais, 2º mercado do etanol no País, o consumo desse combustível representa 35% do consumo de gasolina. De acordo com o representante do setor sucroalcooleiro, isso acontece porque o álcool precisa ser 30% mais barato que a gasolina para ser viável. Hoje, o preço do litro do produto na bomba é R$ 1,71, enquanto o litro da gasolina custa R$ 2,25 e o ICMS praticado sobre os dois combustíveis em Minas é de 25%.

Luiz Custódio Cotta Martins afirmou que outros países e vários estados brasileiros já praticam as alíquotas diferenciadas para os combustíveis renováveis. Segundo ele, há hoje um excedente de 500 milhões de litros de etanol em Minas. "Depois que o Estado se tornou autosuficiente, faltou o governo abrir o mercado para vender o produto", observou. Martins também afirmou que o setor contribui para descentralizar a renda com a geração de milhares de empregos na agroindústria localizada no interior do País, além de ser menos poluente e mais benéfico para a saúde. "É necessário que o Estado tenha uma política clara de incentivo ao consumo de etanol", concluiu.

O representante do setor produtivo também falou das ações que garantem a sustentabilidade da indústria do açúcar e álcool, como o zoneamento agroecológico, o compromisso trabalhista de boas práticas no campo, o programa de certificação do etanol para exportação e o programa para geração de crédito de carbono na cogeração de energia. Além disso, o setor está se preparando para a eliminação da queima da cana de açúcar, em função de protocolo ambiental assinado com o Estado de Minas para mecanização da colheita até 2014. Ele garantiu que os trabalhadores dispensados - cada máquina substitui 80 homens - serão qualificados para serem absorvidos pelo mercado em outra atividade.

O contraponto veio do presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Minas Gerais (Fetaemg), Vilson Luís da Silva. Ele garantiu que a entidade não é contra o crescimento, mas que a sustentabilidade social e ambiental também precisa ser pensada. Segundo ele, a mecanização da produção da cana levará 420 mil trabalhadores para a rua. "Não basta capacitar, é preciso garantir emprego para essas pessoas", argumentou. E questionou: "O que polui mais, a queima de cana ou os combustíveis fósseis?"

O deputado Tiago Ulisses (PV) defendeu a participação do governo no comércio de créditos de carbono, a diferenciação de alíquotas para as energias renováveis e a utilização de dejetos de aves, sobretudo no Sul de Minas, para geração de energia limpa. Para o representante do Indi, Maurício Cecílio, a variação de alíquota traz um dilema que seria a perda de receita do Estado com a redução do imposto sobre o etanol ou o prejuízo para os consumidores com o aumento da taxação da gasolina. Sobre a proibição das queimadas de cana, ele disse que a primeira preocupação foi com a saúde dos trabalhadores e que eles serão substituídos gradativamente e absorvidos em outros setores.

Presenças - Deputados Sávio Souza Cruz (PMDB), presidente; Célio Moreira (PSDB); Tiago Ulisses (PV); Ronaldo Magalhães (PSDB); e Zé Maia (PSDB).

 

 

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