Agronegócio mineiro tem superávit comercial de US$ 5,5
bilhões
Em 2008, o setor agropecuário de Minas Gerais
exportou US$ 5,86 bilhões, importando apenas US$ 306 milhões em
insumos agrícolas. Essa grande contribuição do agronegócio mineiro
para o superávit comercial do Brasil é uma das conclusões de debate
realizado nesta terça-feira (13/10/09) pela Comissão de Política
Agropecuária e Agroindustrial da Assembleia Legislativa de Minas
Gerais. Deputados, representantes governamentais e empresariais
cobraram investimentos e atenção para o setor proporcionais à
riqueza gerada para o Estado e o País.
Os dados apresentados estão no "Panorama do
Comércio Exterior do Agronegócio de Minas Gerais", publicação do
Governo do Estado que analisa carências e pontos fortes do setor,
retratando sua evolução de 2003 a 2008. É resultado de um trabalho
conjunto das Secretarias de Estado de Agricultura, Pecuária e
Abastecimento e de Desenvolvimento Econômico, além da Central
Exportaminas, órgãos estadual de incentivo às exportações. A
publicação pode ser acessada no site www.agricultura.mg.gov.br.
De acordo com os participantes do debate desta
terça (13), a publicação aponta outras conclusões importantes, além
da grande geração de superávit comercial: a resistência do
agronegócio aos efeitos da crise econômica mundial; necessidade de
melhorar a infraestrutura aduaneira e de transportes para
exportação; e necessidade de agregar valor aos produtos exportados.
A reunião aconteceu a requerimento dos deputados Vanderlei Jangrossi
(PP), presidente da comissão, Antônio Carlos Arantes (PSC) e Chico
Uejo (PSB).
Os dados oficiais mostram que o café representou
51,6% do valor exportado em 2008 pelo agronegócio mineiro, seguido
pela carne (11,5%) e pelos produtos florestais (10,8%),
especialmente madeira e celulose. Ao mesmo tempo que mostra a força
do café, também aponta concentração excessiva em um único produto,
que também é quase totalmente exportado sem nenhum beneficiamento. É
o caso de 98,4% do café exportado e 76% da carne. Jangrossi frisou
que menos de 10% da renda gerada pelo café fica no Brasil.
Antônio Carlos Arantes disse que Minas, se fosse um
País, seria o 2º maior produtor mundial de café. Ele relatou que, em
recente encontro internacional, outros países cobraram do Brasil uma
política de defesa do produtor. "Se o Governo Federal não faz, Minas
poderia fazer", sugeriu. O deputado Domingos Sávio (PSDB) disse que
os dados da publicação mineira mostram o papel importante do
agronegócio para a economia nacional, apesar de ser muitas vezes
criticado por motivos ideológicos. "O agronegócio não é o inimigo,
ele salva a economia brasileira", defendeu. O deputado Carlos Gomes
(PT), por sua vez, também elogiou o trabalho realizado pelo Governo
do Estado.
Agropecuária resistiu melhor à crise
mundial
Apesar de ter sido prejudicada pela crise econômica
internacional, o agronegócio mineiro apresentou resistência e
recuperação muito maiores que a economia em geral. De acordo com os
dados revelados, entre janeiro e setembro de 2008 o valor exportado
pelo setor foi de US$ 4,2 bilhões. Em 2009, de acordo com o
superintendente de Política e Economia Agrícola da Secretaria de
Agricultura, João Ricardo Albanez, o valor caiu para US$ 4 bilhões
no mesmo período. Só que a redução das exportações em geral foi
muito maior, caindo de US$ 18,6 bilhões para US$ 14,1 bilhões. Com
isso, a participação da agropecuária nas exportações mineiras
cresceu muito este ano.
O volume exportado, segundo Albanez, também cresceu
32% em 2009, mesmo com a crise. Apesar disso, a receita caiu 3%, em
função da queda dos preços. Em 2008, Minas foi responsável por 8,2%
dos produtos agropecuários exportados pelo Brasil. O coordenador de
Comércio Exterior da Secretaria de Desenvolvimento Econômico,
Accacio Ferreira dos Santos Júnior, disse que o percentual deve ser
bem maior, uma vez que boa parte da produção mineira é escoada por
meio de outros Estados. Isso acontece, muitas vezes, em função de
deficiências na infraestrutura de transporte. "Para mim, 10% da
exportação do setor vem de Minas", disse Ferreira.
Logística - O coordenador
da Assessoria Técnica da Federação da Agricultura e Pecuária do
Estado de Minas Gerais (Faemg), Pierre Santos Vilela, apresentou
algumas diretrizes que poderiam alavancar as exportações do setor.
"O custo logístico mineiro é altíssimo", queixou-se, cobrando
investimentos em infraestrutura. Ele lembrou que muito da produção
de frutas do Jaíba tem que ser exportada por meio da Bahia, enquanto
a produção do Triângulo passa por São Paulo.
Vilela também defendeu mais recursos orçamentários
para a defesa sanitária. "Produzimos um terço da riqueza do Estado.
Duvido que a Secretaria de Agricultura tenha um terço do orçamento",
afirmou. Também defendeu mudanças da legislação que facilitem a
organização de cooperativas, assim como consórcios de exportação. "O
Fisco quer tributar os consórcios como empresas comuns, não como
produtores rurais", criticou o representante da Faemg.
Requerimento - Foi
aprovado, durante a reunião, requerimento de autoria dos deputados
Domingos Sávio, Vanderlei Jangrossi e Antônio Carlos Arantes para
realização de audiência pública para analisar o programa de reforma
agrária do Governo Federal em Minas Gerais.
Presenças - Deputados
Vanderlei Jangrossi (PP), presidente da comissão; Antônio Carlos
Arantes (PSC), Carlos Gomes (PT) e Domingos Sávio (PSDB). Também
participou da reunião o coordenador de Projetos do Programa para
Exportação da Central Exporta Minas, Marcelo Gouveia.
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