| Região de Barbacena tem índices de criminalidade abaixo do 
            Estado A 13ª Região Integrada de Segurança Pública (RISP), 
            com sede em Barbacena, apresenta redução de indicadores de violência 
            e tem taxas de criminalidade inferiores à média do Estado. Apenas 
            19% dos homicídios cometidos na região, entre janeiro e setembro 
            deste ano, estão relacionados às drogas, contra 70% no Estado. 
            Motivos fúteis, como desavenças e brigas, respondem por 53% dos 
            casos, e os motivos passionais por 12,5%. Os dados foram 
            apresentados na manhã desta terça-feira (13/10/09), em audiência da 
            Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas 
            Gerais realizada na Câmara Municipal de Barbacena. O objetivo era 
            conhecer o trabalho de integração das polícias Militar e Civil em 
            prol da segurança pública na região Central.  Participaram os deputados João Leite (PSDB), 
            presidente da comissão, e a deputada Maria Tereza Lara (PT), 
            vice-presidente, autores do requerimento também assinado pelos 
            deputados Rômulo Veneroso (PV) e Tenente Lúcio (PDT). Apesar da 
            redução de indicadores de criminalidade, os debates revelaram que 
            ainda são desafios para a região a maior participação da sociedade 
            civil nos conselhos de segurança pública, a melhoria das condições 
            do sistema prisional e o combate ao tráfico de crack, que estaria 
            crescendo na 13ª RISP, que abrange 61 municípios e uma população de 
            quase 840 mil habitantes. O deputado João Leite destacou que essa foi a 
            quarta reunião em cidades mineiras que são sedes de Regiões 
            Integradas de Segurança Pública e defendeu que as instituições 
            relacionadas à recuperação de dependentes, as escolas e as famílias 
            também se unam às ações integradas das polícias. A deputada Maria 
            Tereza Lara destacou que a recente exigência legal de que toda 
            penitenciária venha a ter um defensor público vai contribuir para a 
            melhoria do sistema. O comandante da 13ª RISP, coronel José Eduardo da 
            Silva, expôs aos deputados uma série de números, mostrando, entre 
            outros, que o índice de crimes violentos na região teve uma redução 
            de 23% de janeiro a setembro deste ano, registrando no período 540 
            casos ou 64 ocorrências por 100 mil habitantes, quase quatro vezes 
            menos do que o índice médio do Estado, de 233,97 crimes por 100 mil 
            habitantes. A redução, observou, foi menor no primeiro trimestre do 
            ano, em função do Carnaval, época em que aumentam os casos de 
            violência. Mas as estimativas apontam que o último trimestre deste 
            ano terá uma redução de crimes violentos entre 20 e 30% em relação 
            ao terceiro trimestre. Assaltos e roubos registraram as maiores 
            reduções A RISP de Barbacena é formada por três Áreas de 
            Coordenação Integrada de Segurança Pública (Acisps), de Barbacena, 
            Conselheiro Lafaiete e São João Del Rei, sendo que a Acisp de 
            Barbacena lidera em criminalidade violenta. De acordo com o 
            comandante, influenciam nesse fato situações como a de Jeceaba, 
            cidade em que a população flutuante, atraída por empresas de porte, 
            representa quase o dobro da população, o que tem impacto na 
            criminalidade. Tomando-se os municípios de toda a região 
            isoladamente, Ouro Branco é o que tem maior índice de criminalidade 
            violenta e, mesmo assim, ocupa a 168ª posição no Estado, conforme 
            comparou o comandante. Já quanto a crimes contra o patrimônio, como 
            assaltos e roubos, o coronel revelou que a queda foi de 30% entre 
            2007 e 2008 e de 17,5% entre 2008 e 2009, até setembro. Foram 51,46 
            ocorrências por 100 mil habitantes na região entre janeiro e 
            setembro deste ano, ou 432 casos, contra a média de 195,48 por 100 
            mil habitantes no Estado. Barbacena também lidera esse ranking entre 
            as áreas de coordenação que integram a 13ª RISP. Homicídios foram elucidados - Quanto aos homicídios, o comandante disse que os 32 casos 
            ocorridos no período na região foram todos elucidados. Ele admitiu, 
            porém, que projeções apontam para uma tendência de aumento de 10% no 
            número de casos neste ano em relação a 2008, com três casos a mais 
            em 2009. "Embora nos preocupem porque envolvem perdas de 
            vidas e sofrimento, os números são baixos", frisou o comandante 
            antes de ressaltar que a taxa de 3,81 homicídios por 100 mil 
            habitantes, registrada até setembro deste ano, representa um terço 
            da média do Estado, de 12,6 por 100 mil habitantes. A Acisp de São 
            João Del Rei lidera em taxas de homicídios, associados, sobretudo, 
            ao consumo de drogas e à existência de gangues. A seguir, estão 
            Conselheiro Lafaiete e Barbacena.  Já o chefe do 13º Departamento de Polícia Civil de 
            Barbacena, Pedro Antônio Mendes Loureiro, destacou as metas e 
            estratégias de ação integrada, entre elas a redução das ocorrências 
            de furtos e roubos até o final do ano e a ênfase ao policiamento 
            referência, seguindo exemplo adotado com êxito na 3ª RISP. Essa ação 
            consiste em destacar policiais que servirão de referência para 
            determinado bairro na prevenção da criminalidade e no combate ao 
            crime. Loureiro defendeu maior integração também das áreas de 
            inteligência das duas polícias, visando, sobretudo, à identificação 
            e à prisão de traficantes.  Deputada alerta que dados otimistas não podem gerar 
            comodismo Projeções feitas pelo comandante da 13ª RISP, para 
            mostrar que a região vai chegar a 2023 em posição ainda mais 
            confortável em relação ao Estado, provocaram debate na audiência. A 
            deputada Maria Tereza Lara destacou a integração positiva das 
            polícias na região, mas alertou que os números não podem gerar 
            comodismo. "Não podemos descansar enquanto houver um só homicídio", 
            alertou, defendendo maior participação da sociedade organizada nas 
            ações de combate à violência. O presidente da Câmara Municipal de Barbacena, 
            vereador Ronaldo Braga, também comemorou os dados positivos, mas 
            frisou ser necessário que todos se mantenham alertas. "Não podemos 
            nos acomodar com os dados". O vice-prefeito de Barbacena, Edson Resende, 
            endossou as preocupações com o comodismo, afirmando, por exemplo, 
            que a violência no trânsito ainda representa um desafio por ser a 
            quinta causa de morte na região. Ele apontou a necessidade de que 
            seja feita uma campanha para reverter a situação e defendeu que, 
            além de policiais militares, também os civis atuem junto com os 
            Conselhos de Segurança Pública (Conseps) no trabalho de observação e 
            de identificação, visando diminuir sobretudo a criminalidade 
            associada às drogas. "Há um tráfico grande de crack em Barbacena", 
            justificou. Já a diretora de Proteção Social Especial da 
            Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social, Juliana Resende 
            Campolina, manifestou preocupação com o aumento da violência 
            doméstica e com a violência contra idosos, defendendo que as ações 
            de integração também contemplem esses casos.  Debates revelam preocupação com execução de 
            penas Durante os debates, o líder comunitário Francisco 
            dos Anjos informou que moradores de áreas mais vulneráveis da região 
            têm medo de fazer denúncias à Polícia temendo represálias de 
            bandidos. O radialista Maurílio José disse que não adianta discutir 
            a questão da criminalidade sem que haja uma política de execução de 
            penas que possa recuperar o preso. "Não há lugares decentes para 
            isso. Manter quem roubou um botijão de gás junto com um assaltante 
            de banco não recupera ninguém", criticou. Já Marli Gava da Silva, presidente da ONG Comissão 
            de Direitos Humanos e Ética de Barbacena, disse que vem tentando 
            acompanhar, sem êxito, a situação dos cerca de 180 presos que 
            estariam abrigados hoje no sistema prisional de Barbacena, dos quais 
            10 seriam mulheres. "Houve avanços, mas ainda não são suficientes, 
            sendo necessário pensar, sobretudo, nas desigualdades sociais", 
            criticou. Ela defendeu que a Polícia Civil seja mais valorizada no 
            processo de integração entre as polícias. Na reunião, os deputados 
            sugeriram requerimentos relacionados à audiência e que devem ser 
            apreciados em próximas reuniões da comissão, entre eles uma 
            solicitação de implantação da sede da 13ª RISP. Presenças - deputado João 
            Leite (PSDB), presidente, e deputada Maria Tereza Lara (PT), 
            vice-presidente. Também participaram o defensor público em 
            Barbacena, Marco Aurélio Brasil; o comandante da Guarda Municipal de 
            Barbacena, Geraldo Magela Moreira de Freitas, e o diretor da 
            Superintendência Regional de Ensino de Barbacena, Mário Raimundo de 
            Melo.     |