Novo distrito industrial preocupa população de Congonhas

Representantes do Governo do Estado e da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) apresentaram detalhes da implantação de...

07/10/2009 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Novo distrito industrial preocupa população de Congonhas

Representantes do Governo do Estado e da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) apresentaram detalhes da implantação de um distrito industrial em Congonhas (Região Central do Estado), em audiência pública da Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, nesta quarta-feira (7/10/09). Apesar dos esclarecimentos, moradores e vereadores do município manifestaram preocupação com os impactos sociais e ambientais do empreendimento. A reunião foi realizada no Cine Teatro Leon, em Congonhas, a requerimento dos deputados Juarez Távora (PV) e Antônio Júlio (PMDB).

O distrito industrial, que terá como âncora uma usina siderúrgica da CSN, está previsto num protocolo de intenções firmado entre o governo e a empresa em 18 de dezembro de 2007. No mesmo mês, um decreto estadual estabeleceu que seriam desapropriados cerca de 4 mil hectares de terras para o empreendimento. No local, vivem mais de 400 famílias de pequenos produtores rurais. No ano passado, outro decreto reduziu a área para 3,2 mil hectares. Ainda assim, o distrito vai ocupar o equivalente a mais de 13% da área total do município.

O deputado Juarez Távora, que presidiu a reunião, disse que é compreensível a preocupação dos moradores de Congonhas e dos pequenos produtores rurais que terão terrenos desapropriados, mas afirmou acreditar que o saldo para Congonhas será positivo. "Há muitos anos, o minério vem sendo extraído desta região e vendido a siderúrgicas de outros estados e do exterior. Eu imagino que com a construção desse distrito nós estaremos verticalizando a indústria de mineração e produzindo material de alto valor agregado, e não vamos apenas entregar minério de ferro para os outros", declarou o deputado.

O deputado Antônio Júlio afirmou não ser contra o empreendimento, mas disse estar preocupado com a forma como o projeto tem sido conduzido. Segundo ele, o Governo do Estado não fornece as informações necessárias à população de Congonhas e, sobretudo, às famílias que atualmente vivem e produzem na área onde o distrito industrial será instalado. "Falta esclarecer o que será feito com essas famílias que perderão suas propriedades, porque o desastre social é maior que o desastre ambiental", declarou.

Desapropriações - O arquiteto da Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemig), Luiz Fernando Menezes, afirmou que a empresa estadual promoveu reuniões com os proprietários de terrenos e com a população de Congonhas para dar informações sobre o projeto. Segundo ele, foram identificados mais de 440 proprietários na área e cadastradas 350 propriedades. Além disso, foi contratada uma empresa para elaborar os laudos de avaliação e fixar valores de desapropriação das terras. Menezes disse que a Codemig é a responsável por desapropriar a área, elaborar projetos de engenharia, obter licenciamento ambiental e realizar obras de infraestrutura do distrito industrial. O custo das obras para o Estado será de R$ 120 milhões.

A área total a ser desapropriada, segundo a Codemig, é de 3,2 mil hectares, dos quais 1.690 serão ocupados pelo distrito industrial (660 hectares para assentamentos industriais e 910 destinados a área verde). Junto ao distrito, numa área de 1.510 hectares, está prevista a construção de uma barragem de rejeitos. De acordo com Menezes, a área verde circundará as indústrias, o que, segundo ele, protegerá a área urbana do município de impactos ambientais do empreendimento.

Os detalhes sobre a operação da usina da CSN foram apresentados pelo diretor-administrativo da empresa, Adherbal Guimarães Rego. Na avaliação dele, a implantação do distrito industrial significará geração de renda e emprego para Congonhas. O executivo declarou que a empresa vai investir mais de R$ 12 bilhões no empreendimento. A CSN já atua no município com a extração de minério de ferro.

O subsecretário de Estado de Meio Ambiente, Ilmar Bastos, disse que a implantação do distrito industrial não é unilateral e não depende apenas de decisão governamental. Ela precisa passar pelo Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam), um órgão colegiado com representação da sociedade. Bastos acrescentou que a criação do distrito também depende de sua adequação ao Plano Diretor e à Lei do Uso e Ocupação do Solo do município. O subsecretário afirmou que o empreendimento é complexo e não há como adiantar informações sobre o processo de licenciamento ambiental, já que este não foi iniciado.

A Codemig trabalha com prazo de julho de 2010 para a concessão da licença ambiental prévia, o que daria início à desapropriação dos terrenos.

Maior preocupação é com barragem

Em seguida, vereadores e moradores de Congonhas manifestaram-se sobre o assunto. Todos expressaram preocupação quanto às consequências da implantação do distrito industrial para a cidade. O principal foco de temor é a construção da barragem de rejeitos, próxima a locais habitados e a cerca de um quilômetro dos profetas do Aleijadinho, patrimônio da humanidade tombado pela Unesco. Eles também reclamaram que a população não tem sido consultada sobre o projeto.

O subsecretário de Meio Ambiente, Ilmar Bastos, concordou que a barragem prevista é de grandes dimensões e admitiu que o tamanho dela poderá ser revisto.

Em resposta à preocupação dos moradores, o gerente do Instituto de Desenvolvimento Integrado de Minas Gerais (Indi), Marcus Vinícius de Oliveira Lima, afirmou que o Governo do Estado está atento aos investimentos sociais e de infraestrutura para que o município e a população absorvam o impacto do empreendimento.

O procurador do município, Ademir Pereira de Oliveira, disse que a prefeitura de Congonhas contratou uma empresa para avaliar o impacto da criação do distrito. Um dos objetivos é identificar as obras viárias que serão necessárias para impedir danos ao patrimônio histórico por causa do tráfego de caminhões das indústrias a serem instaladas no local.

A implantação do distrito industrial já havia sido objeto de uma audiência pública da Assembleia Legislativa, em maio de 2008. Na ocasião, estiveram na cidade as Comissões de Turismo e de Meio Ambiente.

Requerimentos - No fim da audiência, o deputado Juarez Távora encaminhou cinco requerimentos a serem votados na próxima reunião da Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária. Três deles são no sentido de que sejam agilizados a revisão do Plano Diretor de Congonhas, pela Câmara Municipal; o processo de licenciamento ambiental do distrito industrial, pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente; e o cadastro das desapropriações, pela Codemig. O quarto requerimento pede à CSN que dê preferência à contratação de serviços e mão de obra de Congonhas. O quinto propõe acompanhamento conjunto do cronograma do empreendimento, pela ALMG, Governo do Estado, prefeitura e Câmara Municipal de Congonhas.

Presenças - Deputados Juarez Távora (PV), que presidiu a reunião; e Antônio Júlio (PMDB).

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