Nova modalidade de convênio médico divide opiniões

O chamado autoprograma de saúde, uma modalidade na qual o usuário obtém desconto sobre o valor estipulado na tabela d...

30/09/2009 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Nova modalidade de convênio médico divide opiniões

O chamado autoprograma de saúde, uma modalidade na qual o usuário obtém desconto sobre o valor estipulado na tabela da Associação Médica Brasileira (AMB) em suas consultas médicas, foi discutido em audiência pública nesta quarta-feira (30/9/09) pela Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Para representantes dos conselhos regionais de Odontologia e de Medicina, trata-se de um modelo que não oferece garantia de continuidade de atendimento, como se espera dos planos de saúde. Mas empresários do setor defenderam a modalidade e garantiram que o autoprograma não se assemelha aos chamados cartões de desconto, no qual médicos cadastrados simplesmente abatem um percentual no valor cobrado por suas consultas, cujo preço é definido livremente pelo profissional, sem qualquer controle. O debate foi requerido pelo deputado Domingos Sávio (PSDB).

Em sua fala, o parlamentar classificou o autoprograma como uma nova forma de promoção de saúde no Brasil, apresentando-se como uma alternativa aos planos de saúde e ao Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo ele, não se trata de mera intermediação, pois a tabela da AMB é respeitada, com margem de 20% para mais ou para menos. As resoluções 1.649/02, do Conselho Federal de Medicina (CFM), 77/07, do Conselho Federal de Odontologia (CFO), e 40/03, da Agência Nacional de Saúde (ANS), vedaram qualquer tipo de vinculação entre empresas e médicos. Para o deputado, isso tem causado prejuízos ao consumidor que não tem condição de pagar por um plano de saúde, além de provocar desemprego e até redução na arrecadação de impostos.

Deputados questionam risco de descontinuidade do tratamento

A preocupação do deputado Fahim Sawan (PSDB), compartilhada pelas entidades de classe presentes à reunião, foi com a continuidade do tratamento. "Uma cirurgia bariátrica (redução de estômago) não sai por menos de R$ 15 mil, seja para um paciente particular, seja para quem dispõe de um autoprograma de saúde", ressaltou. Por isso, afirmou, é preciso fazer com que o usuário tenha consciência de que, ao assinar um contrato de autopromoção, ele não está adquirindo um plano de saúde. O deputado Ruy Muniz (DEM) concordou, manifestando seu apoio às resoluções do CFM, do CFO e da ANS.

De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Autoprograma de Saúde (Abraps), Sérgio Eustáquio Ribeiro Martins, é demagogia dizer que há garantia de continuidade de atendimento médico, por quem quer que seja. "Por mais dinheiro que se tenha, ninguém dá essa garantia", afirmou. Ele defendeu os cartões de desconto alegando que é um serviço que está no mercado há décadas: "Se fosse ruim, já teria sido extinto no Brasil", argumentou. Ele afirmou ainda que o princípio básico da modalidade é a medicina preventiva, e que não há reclamações de consumidores contra as empresas que os comercializam, informação rebatida pela coordenadora interina do Procon Belo Horizonte, Maria Laura Santos.

A diferença entre os cartões de desconto e o autoprograma de saúde, de acordo com Sérgio Martins, é que este último segue a tabela da AMB, sendo que o paciente paga diretamente ao médico conveniado, explicou o dirigente. Martins acrescentou que atualmente existem 2 milhões de usuários clientes das empresas filiadas à Abraps. "O autoprograma de saúde tem uma filosofia diferente dos planos de saúde e dos cartões de desconto", garantiu.

Conselhos estão abertos para discutir a proposta

Os presidentes dos conselhos regionais de Medicina, João Batista Gomes Soares, e de Odontologia, Arnaldo de Almeida Garrocho, colocaram suas entidades à disposição para conhecer e discutir de forma mais aprofundada a proposta do autoprograma de saúde. Eles se posicionaram radicalmente contra os cartões de descontos, mas disseram que se o autoprograma é uma modalidade diferente, estão abertos para analisá-la junto aos demais profissionais de suas respectivas áreas. A coordenadora do Procon Municipal também se ofereceu para ajudar no estudo da proposta.

O advogado da Abraps, Francis Vanine de Andrade Reis, aproveitou para pedir a regulamentação da atividade pela Assembleia Legislativa, por meio de um projeto de lei. Segundo ele, a normatização poderia servir de modelo para outros Estados e até para uma lei federal. Para o deputado Doutor Ronaldo (PDT), a regulamentação só tem sentido se o autoprograma de saúde oferecer garantia de sequência do tratamento além da consulta, como acontece com os planos de saúde e o próprio SUS. Mas Fahim Sawan esclareceu que a normatização da modalidade depende da ANS.

Presenças - Deputados Fahim Sawan (PSDB), que presidiu os trabalhos; Ruy Muniz (DEM), Doutor Ronaldo (PDT) e Domingos Sávio (PSDB).

 

 

 

 

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