Programas estaduais não atendem demanda de jovens em risco

Em 2009, cerca de 20 jovens morreram em Teófilo Otoni, vítimas de homicídio, segundo a promotora de Justiça da Vara d...

29/09/2009 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Programas estaduais não atendem demanda de jovens em risco

Em 2009, cerca de 20 jovens morreram em Teófilo Otoni, vítimas de homicídio, segundo a promotora de Justiça da Vara da Criança e do Adolescente da cidade, Paola Domingues Botelho. Ela ressaltou que a dificuldade de encaminhamento dos jovens em risco é grande no interior do Estado e que os programas estaduais que atualmente atendem crianças e adolescentes não conseguem atender a demanda. Paola foi uma das participantes da audiência pública desta terça-feira (29/9/09) da Comissão Extraordinária de Políticas Públicas de Enfrentamento à Aids, às DSTs, ao Alcoolismo, às Drogas e aos Entorpecentes. O objetivo da reunião foi debater estratégias para redução de danos decorrentes do uso indevido de drogas.

O deputado Fahim Sawan (PSDB) lembrou que a única faixa etária que não tem diminuição da mortalidade hoje no Brasil é a entre 12 a 19 anos. "Das 36 milhões de crianças no Brasil, 25 mil morrem todos os anos. Cerca de 70% delas morrem de causas externas, como homicídios e acidentes de trânsito", contou. Segundo ele, esse é um dos indicativos da necessidade de iniciar o trabalho de prevenção com crianças a partir de sete anos.

A política de redução de danos consiste em estratégias para prevenção das consequências danosas do uso de drogas, respeitando a liberdade individual e garantindo o direito humano aos serviços de saúde da rede pública. "Hoje esse enfoque é muito mais amplo", disse o deputado Fahim Sawan, que preside a comissão. Evitar que alguém se contamine ao usar drogas, prevenir o abuso do álcool antes de dirigir, acompanhar e aconselhar famílias em risco social são algumas das ações que auxiliam a chamada redução de danos.

"Quando acionamos o programa SOS Drogas, por exemplo, vemos hoje uma demora de cerca de três a quatro meses para termos uma resposta sobre vaga. No caso de atendimento da vaga, muitas vezes a entidade indicada não tem preparo para receber esse jovem", explicou a promotora. Segundo ela, o mesmo ocorre com o programa de proteção à vítima. "Antes de criar novos programas, precisamos reestruturar os que já existem. Precisamos de políticas públicas efetivas. As que estão aí não atendem da forma como propõem. Essa é uma queixa generalizada nas comarcas do interior de Minas", acrescentou.

Conselheiros tutelares de BH também reclamam de dificuldades

Os três representantes de conselhos tutelares de Belo Horizonte presentes à reunião também reclamaram da dificuldade para encaminhamento dos jovens em risco e da falta de capacitação dos servidores dos órgãos. "Estamos sem retaguarda para atender demandas e o que existe não dá conta do atendimento", disse a conselheira Helenice Pereira da Silva, do Conselho Tutelar Pampulha. "Não temos para onde encaminhar as crianças para tratamento", comentou a presidente do Conselho Tutelar Centro-Sul, Sandra Pereira da Silva. Da regional Leste, o conselheiro Reginaldo Souza da Silva, ressaltou: "Droga na comunidade não é problema de polícia, é questão social".

"Acreditamos que a droga está atrás de mazelas como a exploração sexual e o trabalho infantil. A família precisa ser o alvo dos nossos trabalhos", falou a vice-presidente do Conselho Estadual da Criança e do Adolescente, Rosilene Estevam Nazar.

O conselheiro Reginaldo Silva solicitou a ampliação de um projeto piloto estadual desenvolvido na região dos bairros Taquaril e Alto Vera Cruz. Segundo ele, a atuação dos policiais de forma preventiva e mais próxima da comunidade ajudou muito. "O projeto precisa virar programa e ser estendido para outras regiões da cidade e do Estado", disse.

Debate público - Foi aprovado requerimento dos deputados Fahim Sawan, Célio Moreira (PSDB) e Neider Moreira (PPS) para realização de debate público sobre enfrentamento ao narcotráfico e descriminalização das drogas. O debate será no dia 9 de novembro, às 14 horas, no Plenário.

Fahim Sawan informou, ainda, que apresentará dois requerimentos como forma de encaminhar os temas tratados na audiência. Um deles é o envio de solicitação à Subsecretaria de Estado Antidrogas e ao Conselho Municipal Antidrogas para informar e aconselhar os conselhos tutelares sobre os instrumentos que podem auxiliar as ações dos órgãos. Fahim também pretende enviar pedido à Secretaria de Defesa Social para ampliar seus programas voltados ao atendimento da criança e do adolescente.

Presenças - Deputados Fahim Sawan (PSDB), presidente; Célio Moreira (PSDB) e Neider Moreira (PPS).

 

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - www.almg.gov.br

Rua Rodrigues Caldas,30 :: Bairro Santo Agostinho :: CEP 30190 921 :: Belo Horizonte :: MG :: Brasil :: Telefone (31) 2108 7715