Comissão de Direitos Humanos esclarece caso de agressão em escola

A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais esclareceu um caso envolvendo um garoto de 1...

29/09/2009 - 00:02
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Comissão de Direitos Humanos esclarece caso de agressão em escola

A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais esclareceu um caso envolvendo um garoto de 12 anos que, no dia 18 de setembro, foi levado pela polícia para a delegacia após agredir um colega em sala de aula. O assunto foi debatido em uma audiência pública da comissão nesta terça-feira (29/9/09), atendendo a requerimento do deputado Durval Ângelo (PT), com a presença dos pais do adolescente, da direção da escola e de um representante da Polícia Militar.

O caso ganhou dimensão com a denúncia de violação de direitos humanos por parte da direção da Escola Estadual Anita Brina Brandão, de Belo Horizonte, que havia chamado a polícia para registrar uma ocorrência contra o garoto. O menor, segundo relato da mãe, Patrícia Baeta Neves de Sá, foi para a delegacia acompanhado apenas por seu irmão, de 15 anos. Ela disse que a direção da escola não a deixou levar o filho para casa antes da chegada da viatura policial e que ele sofre de distúrbio de atenção e hiperatividade, sendo acompanhado regularmente por psicólogo, psiquiatra e neurologista.

O problema começou na véspera, dia 17 de setembro, quando o garoto cometeu um ato de indisciplina e recebeu suspensão por um dia. Assim, por determinação da escola, ele deveria comparecer no dia seguinte acompanhado de um responsável, mas chegou à escola sozinho. De acordo com a vice-diretora Gláucia Valéria Marques, o adolescente deixou seu material na sala e ficou perambulando pela escola para não ser visto. Mas um colega teria denunciado o garoto e ele acabou sendo levado para a sala da supervisora.

Antes disso, porém, foi conduzido por um professor de volta à sala para recolher seu material. Lá chegando, o garoto agrediu o suposto delator. O pai do menino agredido, então, soube imediatamente do ocorrido e exigiu que a escola acionasse a polícia para que fosse feita uma ocorrência policial, no que foi atendido. Enquanto isso, Patrícia chegou à escola e conversou com Gláucia sobre o ocorrido. Mas não foi autorizada a levar o filho embora, uma vez que a polícia já havia sido chamada.

A diretora da escola, Maria do Rosário Gomes Pereira, elogiou a atuação dos policiais e desmentiu que o garoto tenha sido arrancado violentamente da sala de aula. Ela disse ainda que ele foi conduzido à delegacia não em um camburão, mas no banco de trás da viatura policial. Ela reconheceu a dificuldade dos professores em lidar com alunos portadores de necessidades especiais, mas garantiu que a escola não tem nenhum laudo confirmando essa condição do garoto. Porém, o pai do menor, Eduardo Henrique de Sá, afirmou que o documento foi entregue à instituição há cerca de dois anos.

A vice-diretora Gláucia Marques deixou claro que não apoiou o rumo tomado pelo episódio. Ela se colocou contra a condução do garoto para a delegacia por um carro da polícia, mas a partir do momento em que houve a agressão, o caso deixou de ser uma questão ligada à área pedagógica e passou à esfera policial.

Para o deputado Durval Ângelo, a polícia agiu errado por conduzir o menor sem a companhia do pai, mãe ou um responsável. A presença do irmão de 15 anos, segundo ele, não era garantia de proteção contra eventuais abusos na delegacia. O parlamentar também criticou a escola por ter permitido que a polícia se envolvesse no caso, por se tratar de uma briga entre crianças, fato corriqueiro em qualquer escola do País. A mesma opinião foi manifestada pelo diretor de Cidadania e Direitos Humanos da Associação dos Magistrados Mineiros, Carlos Frederico Braga da Silva.

O deputado Vanderlei Miranda (PMDB) também classificou o episódio como uma soma de falhas. Ele criticou o Governo do Estado por acabar com as escolas de ensino especial, colocando as crianças portadoras de necessidades especiais em convívio direto com as que não precisam desses cuidados. Já o deputado Fahim Sawan (PSDB) rebateu que a raiz do problema não é a política pública implementada pelo Estado na área de educação. Ele disse não admitir críticas à tentativa do governo de incluir socialmente os portadores de deficiência. Sawan defendeu um treinamento para que os professores aprendam a lidar com esses jovens.

No final da reunião, Vanderlei Miranda considerou que tanto o garoto devia um pedido de desculpas à escola como a escola devia o mesmo à família. "Não queremos que o adolescente saia daqui como um herói, mas também não se trata de um vilão", ponderou. Já a psicóloga do adolescente, Terezinha Barbosa da Cunha, avaliou que o castigo foi excessivamente maior que o erro cometido por seu paciente. No entanto, apesar de considerar o caso grave, ela disse esperar que tenha sido um aprendizado para todas as partes envolvidas, para que situações como essa não voltem a ocorrer.

Comissão pede providências para problemas em Oliveira

A Comissão de Direitos Humanos aprovou diversos requerimentos de providências para os problemas detectados na cadeia pública de Oliveira (Centro-Oeste do Estado), após visita e audiência pública realizadas na cidade na última segunda-feira (28). A comissão pede que:

* sejam encaminhadas as notas taquigráficas da reunião à Corregedoria de Polícia Civil para apurar irregularidades cometidas pelo delegado titular da delegacia de Oliveira, Isaías Confort, e pelo agente policial Daniel Gripo, lotado na delegacia;

* o Ministério Público investigue a situação do suposto policial identificado apenas como Rodrigo, que trabalharia na delegacia de Oliveira, e contra o qual foram apresentadas denúncias de tortura contra os presos da cadeia;

* a Secretaria Municipal de Saúde de Oliveira envie cópias dos registros dos 150 atendimentos prestados pelo médico Gustavo Mendes aos presos da cadeia pública vítimas de violência;

* o Ministério Público instaure ação penal contra o prefeito de Oliveira para apurar denúncias de apologia ao crime, em entrevista à Rádio Sociedade na qual ele teria declarado que "preso tem que sofrer";

* a Procuradoria da ALMG tome providências legais contra a delegada Cláudia Calhau e o policial civil Daniel Gaipo, por terem impedido a entrada da Comissão de Direitos Humanos na cadeia de Oliveira.

Presenças - Deputados Durval Ângelo (PT), presidente; Fahim Sawan (PSDB), vice; e Vanderlei Miranda (PMDB). Também participaram da reunião o major André Luiz; a professora Katia Diniz Dias de Oliveira Campos; o juiz Lailson Braga Baeta Neves; e a assessora da Ouvidoria Educacional de Minas Gerais, Camila Campos.

 

 

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