Deputados defendem modificação de decreto sobre mata seca

A modificação do decreto federal que considera a mata seca como parte do bioma Mata Atlântica foi defendida pelos par...

29/09/2009 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Deputados defendem modificação de decreto sobre mata seca

A modificação do decreto federal que considera a mata seca como parte do bioma Mata Atlântica foi defendida pelos participantes da audiência pública da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, nesta terça-feira (29/9/09). A reunião foi solicitada pelo deputado Gil Pereira (PP), preocupado com o impacto da medida no desenvolvimento do Norte de Minas, onde esse tipo de formação vegetal é predominante. O Decreto 6.660/08 regulamenta a Lei Federal 11.428, de 2006, que trata da utilização e proteção da vegetação nativa da Mata Atlântica, e aumenta as restrições para uso de áreas com vegetação nativa.

Segundo o deputado, se a legislação federal prevalecer, mais da metade dos produtores da região devem ser prejudicados. Ele estima que poderia haver a perda de até 250 mil empregos. Gil Pereira lamentou também a ausência do ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, na audiência. O deputado explicou que a bancada de deputados estaduais do Norte de Minas esteve com o ministro durante sua visita a Belo Horizonte na última semana. Na ocasião, Minc solicitou que o governo mineiro encaminhasse ao ministério documentos técnicos comprovando que houve equívoco na classificação da mata seca como Mata Atlântica para serem analisados pela Advocacia Geral da União.

A recusa do ministro em receber uma comitiva do Norte de Minas foi criticada pelo deputado Arlen Santiago (PTB). Ele teme que a análise dos documentos técnicos demore muito. O parlamentar lembrou a Lei Estadual 17.353, de 2008, que alterou o uso do solo nas áreas de ocorrência de mata seca. "Aumentamos a reserva legal de 20% para 30%, o que demonstra a preocupação com a preservação da região", argumentou. No entanto, segundo Arlen Santiago, o decreto federal inviabilizou o desenvolvimento da região.

Diretor da Semad defende preservação do bioma

O diretor de Desenvolvimento e Conservação Florestal da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), Luiz Carlos Cardoso Vale, avaliou que a equiparação da mata seca à Mata Atlântica é um equívoco técnico. O diretor acredita, contudo, que mais importante que a reclassificação é a preservação da mata seca, considerada um bioma frágil. "Modificar a classificação do bioma não quer dizer que a região não vai precisar de cuidados", ressaltou, lembrando que o extrativismo vegetal é também uma atividade muito importante na região.

De acordo com Luiz Carlos Vale, é preciso pensar em atividades compatíveis com a preservação da mata seca. "Precisamos buscar alternativas para que as pessoas vivam com dignidade e o meio ambiente seja preservado", resumiu. O diretor da Semad também informou que o Instituto Estadual de Florestas (IEF) preparou o laudo técnico que deve ser enviado ao Ministério do Meio Ambiente ainda esta semana. Ele também defendeu que deve ser buscado o entendimento sobre as classificações com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), órgão que elaborou o mapa que contempla a configuração original das diversas formações florestais nativas e ecossistemas associados.

O deputado Almir Paraca (PT) também acredita que o decreto precisa ser revisto, mas foi enfático em relação à necessidade de preservação da mata seca. Para ele, a questão técnica precisa ser considerada no debate para que se conclua qual o tratamento mais adequado para o bioma. "Os aspectos econômicos, sociais e ambientais precisam ser avaliados conjuntamente", concluiu. Também o deputado Arlen Santiago manifestou preocupação com a subsistência dos moradores que vivem em regiões com baixo IDH. Para ele, a preservação ambiental não pode ignorar as necessidades básicas do ser humano.

Durante a reunião foram aprovados seis requerimentos para envio de ofícios aos órgãos ambientais sobre temas debatidos em audiências públicas realizadas pela comissão.

Presenças - Deputados Fábio Avelar (PSC), presidente; Sávio Souza Cruz (PMDB), vice; Almir Paraca (PT), Gil Pereira (PP) e Arlen Santiago (PTB).

 

 

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