Hidrelétrica de funil terá que se adequar para preservar peixes

O consórcio da Hidrelétrica de Funil, no Centro-Oeste mineiro, formado pela Cemig e Vale, terá que fazer adequações p...

25/09/2009 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Hidrelétrica de funil terá que se adequar para preservar peixes

O consórcio da Hidrelétrica de Funil, no Centro-Oeste mineiro, formado pela Cemig e Vale, terá que fazer adequações para assegurar a sobrevivência de peixes que vivem na área alagada e o repovoamento de espécies que estão desaparecendo em função da obra. O anúncio foi feito nesta sexta-feira (25/9/09), durante audiência pública da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Legislativa de Minas Gerais realizada em Bom Sucesso, pelo coordenador das Promotorias de Meio Ambiente da Bacia do Rio Grande, Bergson Cardoso Guimarães.

De acordo com o promotor está sendo finalizado um inquérito público contra a empresa e elaborado um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para resolver os problemas apurados. Ele citou algumas das adequações que serão exigidas. Atualmente a usina utiliza elevadores especiais para transportar peixes entre a área anterior (jusante) e posterior (montante) da barragem, para assegurar a reprodução desses animais que precisam subir o rio e são impedidos pela obra. Agora terão que fazer, também, a transposição manual das espécies migratórias que não usam o elevador e acabam correndo risco de extinção pela interrupção do processo produtivo.

Outra medida que será imposta pelo Ministério Público e a implementação de um plano de manejo das espécies de peixes que inclui a alimentação adequada nos lagos da represa e o retorno das espécies que estão se escasseando. O MP também quer que a empresa crie uma unidade de conservação para assegurar o equilíbrio ambiental da área atingida. O reservatório da usina é formado pelos rios Grande, Capivari e das Mortes e atinge 23 municípios. Bergson Guimarães afirmou que a sociedade pode contribuir com sugestões para melhorar o termo de ajustamento.

O inquérito contra a empresa teve início em 2005 após denúncias de mortandade de peixes que ficavam presos nas turbinas da barragem. A major Rosangela, comandante da Polícia Ambiental do município, confirmou que a usina já apresentou muitos problemas com o sistema de transposição dos peixes, mas admitiu que as denúncias cessaram após a melhoria dos equipamentos e outros cuidados tomados pelo consórcio como o acompanhamento do processo por mergulhadores para evitar que os peixes caiam nas turbinas.

O gerente-geral do consórcio, Paulo Roberto Machado Carvalho, explicou que a empresa vai colocar grades nas caçambas que transportam os peixes para evitar os acidentes. Ele assegurou que a hidrelétrica está aberta a acatar as medidas, mas afirmou que sua preocupação é que tenham o aval dos órgãos ambientais. Segundo ele, desde que começou a funcionar, em 2002, a empresa propôs transformar os 15 lagos da área em unidade de conservação, mas aguarda um posicionamento do Instituto Estadual de Florestas (IEF), que ainda não se pronunciou. Nesses lagos, 34 espécies se reproduzem.

Denúncias e reclamações são apresentadas por moradores

Moradores e políticos de Bom Sucesso e cidades vizinhas lotaram o Clube dos 70, onde foi realizada a audiência pública, para fazer denúncias contra a Hidrelétrica Funil e reclamar da pesca predatória no Rio das Mortes. Muitos afirmaram que pescadores profissionais utilizam redes de até 6 quilômetros de extensão, matando peixes de diferentes tamanhos, inclusive filhotes. Isso estaria provocando o sumiço de algumas espécies como o Dourado, que já foi comum na região.

Alguns também responsabilizaram o sistema de elevatória (uso de elevadores para transposição) como responsável pelo desaparecimento de espécies que não conseguem completar o ciclo migratório entre os dois lados do rio - cortado pela barragem. O ex-funcionário da empresa, Jeferson Alves de Andrade, afirmou que o elevador só consegue capturar espécies muito pequenas "e muito lixo como garrafas pet". A sugestão geral foi para se implantar, também o sistema de escadas que podem ser escaladas pelos peixes maiores.

A bióloga Zoraia Silva, da Bios Consultoria, empresa que faz o monitoramento dos peixes na usina fez uma apresentação para explicar que e elevatória foi escolhida por representar um sistema mais evoluído que as escadas. Segundo ela, das 51 espécies identificadas na área, 44 conseguiram ser transpostas na época da reprodução. Ela afirma que este nível é muito alto, especialmente ao se considerar que algumas espécies não são migratórias e não precisam ser transportadas.

O presidente da Associação dos Moradores do Recanto dos Dourados, no município de Ibituruna, Francisco Cláudio Cavalcanti reclamou da proibição da pesca em comunidades ribeirinhas como Pilares, Aureliano Mourão e Recanto dos Dourados. A major Rosangela explicou que o local é formado por corredeiras que levam os peixes para o alto do rio e por isso não pode ser liberado nem mesmo para o lazer. "Precisamos cumprir a lei", justificou. Quanto à pesca predatória, a policial admitiu nos últimos 12 meses foram feitas 71 ocorrências de pesca irregular na área, mas assegurou que nunca foram encontradas redes maiores que 40 metros.

Acompanhamento - O presidente da comissão, deputado Fábio Avelar (PSC) se mostrou preocupado com a situação da empresa e com as denúncias. Ele lembrou que a usina está em processo de renovação da licença de operação e sugeriu que os órgãos ambientais exijam as adequações para a liberação. Também solicitou aos policiais presentes mais rigor na fiscalização da pesca.

Antônio Júlio, autor do requerimento da audiência, sugeriu uma visita da comissão para averiguar o funcionamento do sistema de transposição de peixes. A vistoria deve ser feita após 1º de outubro, quando se inicia o período de reprodução e a utilização do elevador. O deputado também criticou os excessos da fiscalização, que em sua opinião, é realizada muito mais com a preocupação de se arrecadar recursos com multas do que preservar o meio ambiente. Cobrou mais bom senso dos órgãos fiscalizadores. "Hoje o que vale mais é o pagamento de multas. Se tiver licenciado, pode agredir o meio ambiente".

 

 

 

 

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - www.almg.gov.br

Rua Rodrigues Caldas,30 :: Bairro Santo Agostinho :: CEP 30190 921 :: Belo Horizonte :: MG :: Brasil :: Telefone (31) 2108 7715