Especialista defende lei de responsabilidade para a educação

Para garantir a educação como um direito efetivo, o Brasil precisa ter um Plano Nacional de Educação (PNE) com metas ...

24/09/2009 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Especialista defende lei de responsabilidade para a educação

Para garantir a educação como um direito efetivo, o Brasil precisa ter um Plano Nacional de Educação (PNE) com metas realistas, um centro gestor de caráter federalista e uma lei que responsabilize o Poder Executivo pelas ações nessa área. A análise é do professor Jamil Cury, da PUC Minas, conferencista desta quinta-feira (24/9/09), na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, durante o encontro da Região Sudeste sobre o PNE, organizado pela Câmara dos Deputados. O encontro, intitulado Mais Dez: o Legislativo e a sociedade construindo juntos o Plano Nacional de Educação, prossegue nesta sexta-feira, a partir de 8 horas, com grupos temáticos de trabalho.

O novo PNE será votado no Congresso em 2010 e estabelecerá princípios, diretrizes, prioridades, metas e estratégias para a educação no País entre 2011 e 2020. Por iniciativa da Comissão de Educação e Cultura da Câmara, estão sendo realizados encontros regionais para colher sugestões para a proposta. Na abertura do evento na ALMG, o presidente da Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia e Informática da ALMG, deputado Ruy Muniz (DEM), lembrou o processo participativo de construção do Plano Decenal de Minas Gerais e anunciou que até outubro a proposta será votada. Ele defendeu ainda a valorização dos profissionais da educação.

Na avaliação de Cury, além de realistas e feitas a partir do diagnóstico nas bases, as metas do PNE devem ser factíveis, o que implica a disponibilidade de recursos. Para isso, ele defende uma espécie de lei de responsabilidade para a educação, que traga conseqüências para o governo que não se comprometer com o ensino. Abordando a importância do planejamento na educação, o professor listou ainda como obstáculo a questão federativa. Como o PNE prevê que estados e municípios tenham seus próprios planos decenais, ele acredita ser necessário uma unidades gestora desses planos, não para centralizar ou verticalizar, mas para dar um caráter federativo ao ensino. "Do jeito que a educação está dividida no Brasil, não se pode cobrar quase nada. As coisas ficam ditas, mas não são feitas", justifica.

Para o professor, o PNE é importante para evitar a dispersão de iniciativas em um País tão grande e complexo como o Brasil. Segundo ele, o momento é de esperança porque há uma espécie de acordo entre os legislativos, os executivos e a sociedade, convocada a contribuir para um plano do qual ela é a maior destinatária. Por outro lado, ele fez um alerta sobre o fracasso de todos os outros planos nacionais de educação elaborados no Brasil desde a década de 30. "Todos fracassaram, e as causas disso devem estar na nossa lembrança", afirmou. O retrospecto feito por Cury mostrou que os golpes de 1937 e de 1964 interromperam a implantação de planos de educação, prejudicados também pela eterna disputa entre centralizadores e descentralizadores.

Por fim , o PNE vigente (2001-2010) teve um veto do presidente Fernando Henrique Cardoso justamente quanto aos recursos financeiros. "Em 1988, tínhamos 40 milhões de alunos na educação básica; em 2001, eram 50 milhões, com o mesmo volume de recursos. Nesse momento, estados e municípios se sentiram desobrigados de fazerem seus planos", relembra Cury. Por isso, segundo ele, o atual PNE não vingou.

Câmara busca um 'olhar popular' sobre o PNE

A abertura do encontro na ALMG reuniu parlamentares e dirigentes de entidades ligadas à educação. Todos realçaram a necessidade de que a população seja ouvida na elaboração dessas políticas públicas. A presidente da Comissão de Educação e Cultura da Câmara, deputada Maria do Rosário (PT-RS), explicou que os seminários regionais foram iniciados em Cuiabá e chegarão a todo o País. "Se quisermos um plano que a sociedade reconheça e que garanta o direito à educação de qualidade, temos que fazer esse trabalho com um olhar popular", afirmou. Para ela, a tarefa é um desafio, uma vez que o Brasil não tem a cultura do planejamento.

Maria do Rosário citou ainda a votação em 1º turno de proposta de emenda que acaba com a chamada Desvinculação de Receitas da União (DRU), o que permitirá mais investimentos na educação. Segundo ela o PNE estabelecerá o vínculo entre o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil e os investimentos no setor. Já o deputado federal Odair Cunha (PT-MG), 3º secretário da Câmara, afirmou que os desafios da educação precisam ser compreendidos a partir dos Estados e que o Legislativo nacional precisa criar canais institucionais para essa participação popular. Uma discussão democrática também foi a proposta da subsecretária de Estado de Educação Básica de Minas, Raquel Elizabeth.

O representante do MEC, Arlindo Cavalcanti Queiroz, salientou que o PNE chega em um momento favorável, quando o Brasil destina recursos da exploração do pré-sal para resgatar a dívida com a educação. O deputado Gilmar Machado (PT-MG) completou que aguarda decisão favorável do Supremo Tribunal Federal para garantir que o piso nacional de educação seja pago em todo o País a partir de janeiro. A coordenadora da Conferência Estadual de Educação de Minas Gerais, Suely Duque Rodarte, também argumentou que os professores precisam se sentir cidadãos. "Tem gente que tem vergonha de dizer que é professor, com salário baixo, sofrendo desacato e insegurança", disse. O deputado Ruy Muniz leu correspondência do prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, justificando ausência.

Plenário - Antes da interrupção dos trabalhos do Plenário para a realização do encontro do PNE, os deputados Weliton Prado (PT) e Délio Malheiros (PV) criticaram a Prefeitura de BH por deslocar a guarda municipal para o trabalho de fiscalização e autuação no trânsito. Ambos anunciaram ações contra a decisão da PBH. Já o deputado João Leite (PSDB) elogiou a PBH e o Governo de Minas por decretarem estado de calamidade pública no Anel Rodoviário, de responsabilidade da União. Ele também criticou o PT por punir deputados federais que se manifestaram contra o aborto.

 

 

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