Testemunhas confirmam denúncias contra Igreja e Escola Verbo Vivo

Integrantes e ex-integrantes da Igreja Ministério Verbo Vivo e da escola a ela vinculada confirmaram nesta quinta-fei...

17/09/2009 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Testemunhas confirmam denúncias contra Igreja e Escola Verbo Vivo

Integrantes e ex-integrantes da Igreja Ministério Verbo Vivo e da escola a ela vinculada confirmaram nesta quinta-feira (17/9/09), à Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, denúncias de agressões físicas e psicológicas, cárcere privado e até mesmo "lavagem cerebral", que estariam sendo praticados pelos dirigentes da instituição religiosa, localizada em São Joaquim de Bicas (Região Metropolitana de Belo Horizonte). No dia 9 de setembro, ex-membros da igreja e ex-alunos da escola já haviam prestado depoimento em audiência pública da comissão. Desta vez, a reunião foi fechada ao público externo, a pedido das testemunhas, que temem represálias e, por isso, não querem se identificar publicamente.

Cerca de 20 pessoas compareceram à reunião desta quinta-feira. Uma adolescente disse que foi agredida diversas vezes com uma vara, por supostamente contrariar regras disciplinares da escola. As agressões teriam sido praticadas por diretores da instituição e até pela própria mãe da adolescente, que também prestou depoimento e afirmou, chorando, ter sido coagida a bater na filha.

Uma professora da escola declarou que os alunos são proibidos de conversar com os colegas longe da presença de adultos e que, no intervalo, só têm direito a sair das salas para buscar o lanche, sendo obrigados a retornar imediatamente. Em algumas situações, seriam proibidos até de ir ao banheiro. A instituição também restringiria a convivência entre estudantes de sexos opostos. A professora e alguns ex-alunos presentes à reunião denunciaram ainda censura, em livros didáticos, de imagens e textos que não estariam de acordo com a doutrina da igreja.

Ex-alunos da Escola Verbo Vivo disseram já ter sido mantidos em salas fechadas, durante horas, como punição por faltas disciplinares. Um ex-funcionário da igreja e o parente de uma ex-integrante relataram também que os dirigentes buscam retirar crianças e adolescentes do convívio familiar, por serem supostamente mais fáceis de doutrinar. Um casal afirmou que a direção da igreja pretendia levar seu filho irregularmente para os Estados Unidos, onde funciona a sede da instituição religiosa.

Ministério Público - Após ouvir os depoimentos, o promotor de Justiça da comarca de Igarapé, Flávio Silva Júnior, disse que vai confrontar as denúncias com a versão do líder da igreja, o norte-americano John David Martin. Ele já foi ouvido pelo Ministério Público e, segundo o promotor, negou as acusações de maus-tratos, cárcere privado e tentativa de "lavagem cerebral". Martin teria dito ainda que as regras disciplinares são orientações, e não proibições.

Flávio Silva Júnior afirmou que se as denúncias forem comprovadas, o Ministério Público tentará, em princípio, firmar um termo de ajustamento de conduta para que a igreja flexibilize seus métodos. Ele não descartou, no entanto, a suspensão das atividades da instituição e a abertura de ação contra seus dirigentes. O promotor disse que os pais que praticaram agressões contra seus filhos também podem ser responsabilizados, assim como funcionários da escola que presenciaram esses fatos sem denunciá-los.

O delegado da Polícia Civil Geraldo de Amaral Toledo Neto, responsável pelo inquérito sobre a Igreja e a Escola Verbo Vivo, afirmou que vai se empenhar para esclarecer o caso, ao lado do Ministério Público. A reunião teve também as participações da presidente do Conselho Tutelar de São Joaquim de Bicas, Maize Cristine Gouveia de Andrade, por causa das acusações de agressões contra crianças e adolescentes, e da diretora da Superintendência de Ensino Metropolitano, Rosângela Leonardo da Silva, que ouviu denúncias de descumprimento da legislação sobre educação.

Questão religiosa - O presidente da Comissão de Direitos Humanos, deputado Durval Ângelo (PT), autor do requerimento para realização da reunião, disse que o caso envolve duas questões principais, relativas à religião e à educação formal. Sobre o primeiro aspecto, o deputado afirmou que a comissão segue a linha da tolerância religiosa total, mas lembrou que num estado democrático de direito "nenhuma religião pode ir além do que a Constituição estabelece". Sobre a questão educacional, Durval Ângelo disse que a Escola Verbo Vivo deve se submeter às regras do ensino, que vedam censura de livros didáticos e agressões contra alunos.

O deputado declarou que algumas das acusações de maus-tratos podem ser enquadradas como tortura, que é um crime inafiançável.

Presenças - Deputados Durval Ângelo (PT), presidente, e Vanderlei Miranda (PMDB).

 

 

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