Pão Forte combate desnutrição e é instrumento de cidadania

Uma fórmula alimentícia desenvolvida por um professor de Ciências Biológicas da UFMG está combatendo com eficiência a...

17/09/2009 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Pão Forte combate desnutrição e é instrumento de cidadania

Uma fórmula alimentícia desenvolvida por um professor de Ciências Biológicas da UFMG está combatendo com eficiência a desnutrição em comunidades do Jequitinhonha, em creches comunitárias e em assentamentos de reforma agrária. É o Pão Forte, criado em 1989 pelo professor Munir Chamone, e testado a partir de 1994 no assentamento Zilah. Hoje, uma série de empresas e entidades estimuladas pelo sociólogo já falecido Herbert de Souza, o Betinho, e pelo bispo Dom Mauro Morelli, promovem a fabricação e a distribuição desse alimento. O projeto Pão Forte foi o tema da reunião da Comissão de Participação Popular da Assembleia Legislativa de Minas Gerais realizada na tarde desta quinta-feira (17/9/09), a requerimento do deputado João Leite (PSDB).

O Pão Forte é uma mistura balanceada de arroz, soja, fubá, farinha de trigo, óleo, amendoim, açúcar e sal, que recebe um suplemento de ferro e vitaminas B9 e B12. Pode vir nos sabores baunilha, canela ou coco, e serve para fazer pães, bolos, mingau, angu ou sopa. "É uma cesta básica simplificada", define Chamone, que notou grandes ganhos de nutrição no assentamento Zilah. "Havia apenas 4% de crianças bem nutridas. Ao final de um ano, já eram 51%, e no final do segundo ano, 84%".

Chamone considera hoje que é importante o caráter educativo do Pão Forte, respeitando o saber popular e envolvendo a comunidade em projetos mais amplos de saúde, de educação e higiene. Observou também que a expansão do benefício para os adultos e para os idosos em alguns locais acabou por fazer recuar o nível de nutrição das crianças, e que o compromisso e a criatividade da cantineira são fundamentais para manter o interesse das crianças.

Fiocruz, Pastoral da Criança e funcionários do BDMG são parceiros

Entre as entidades parceiras do Pão Forte estão a Pastoral da Criança, o Centro de Pesquisas René Rachou, vinculado à Fundação Osvaldo Cruz, que dá suporte científico e faz análise parasitológicas, e o Comitê de Entidades no Combate à Fome e pela Vida (Coep), que congrega 33 empresas em Minas Gerais. O Instituto de Cidadania dos Empregados do BDMG (Indec) destina há dez anos 90% de sua verba para o projeto.

Foi apresentado na reunião o trabalho de um núcleo do Pão Forte no Jequitinhonha, a partir dos municípios de Comercinho, Cachoeira do Pajeú, Medina, Itaobim e Pedra Azul, em 72 comunidades rurais que apresentavam índice de desnutrição de 70%. A exposição foi feita pelo coordenador do Pão Forte, Áureo Almeida Oliveira, funcionário da Fiocruz que já desenvolvia na região o projeto social Imagens da Terra. Segundo ele, as crianças beneficiárias tiveram ganho de peso de até 5 kg em pouco tempo.

O prefeito de Comercinho, Rogério Rocha Rafael, disse que seu município tem 9 mil habitantes, sendo 7 mil na zona rural, e que o mais comum no Jequitinhonha é a exploração das riquezas, como o granito, que é enviado para fora e deixa em seu lugar a miséria. Agradeceu ao Indec do BDMG pelo apoio que vem recebendo e pediu aos deputados que consigam recursos para a manutenção e expansão do projeto.

O deputado João Leite lembrou que há projetos estruturadores do Governo que destinam ajuda ao semi-árido mineiro e às famílias fragilizadas. Na revisão do PPAG, marcada para novembro, haveria oportunidade para incluir uma proposta de recursos para o projeto Pão Forte.

O presidente da Comissão, André Quintão (PT), lembrou que ele e João Leite foram secretários municipais de Belo Horizonte quando o atual ministro do Combate à Fome, Patrus Ananias, era prefeito da Capital, e participaram das iniciativas do sociólogo Betinho e do bispo Dom Mauro para a criação do Coep e do Consea, com o lançamento do Plano de Segurança Alimentar no início do Governo Itamar Franco como presidente da República. "Nessa época foi criada a Secretaria de Abastecimento, cuja titular, Regina Nabuco, faleceu há alguns anos", lembrou.

Requerimentos - Foram aprovados dois requerimentos do presidente André Quintão. No primeiro, o parlamentar pede regime de urgência para a tramitação do PL 2.673/08, do deputado federal Jorge Bittar, na Câmara dos Deputados. O projeto trata das condições de trabalho no telemarketing. O segundo requerimento é para uma audiência pública conjunta com a Comissão do Trabalho, Previdência e Ação Social para debater a PEC 231/95, que estabelece redução de jornada de trabalho sem redução salarial.

Presenças - Deputados André Quintão (PT), presidente; Eros Biondini (PHS), vice-presidente; João Leite (PSDB); professor da UFMG Munir Chamone; diretor-presidente do Instituto de Cidadania dos Empregados do BDMG (Indec), Ênio Diniz França Jr; secretário executivo do Comitê de Entidades no Combate à Fome e pela Vida (Coep), Ricardo José Dinelle Costa; prefeito de Comercinho, Rogério Rocha Rafael; Márcia Helena Resende, do Centro de Pesquisas René Rachou; e coordenador do projeto Pão Forte em Comercinho, Áureo Almeida Oliveira.

 

 

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