Municípios pagam contas que deveriam ser do Estado e da União

Em Minas Gerais, R$ 650 milhões são gastos todo ano pelos municípios com obrigações do Estado e da União. "São estima...

16/09/2009 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Municípios pagam contas que deveriam ser do Estado e da União

Em Minas Gerais, R$ 650 milhões são gastos todo ano pelos municípios com obrigações do Estado e da União. "São estimativas conservadoras", afirmou o superintendente da Associação Mineira de Municípios (AMM), Waldir Salvador de Oliveira, durante a audiência pública desta quarta-feira (16/9/09) da Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Segundo dados da Associação Brasileira de Municípios, no Brasil, 4.003 cidades (72%) comprometem um valor maior que a receita própria arrecadada para pagar tais serviços. Os dados foram apresentados durante reunião solicitada pelo deputado Adelmo Carneiro Leão (PT), com o objetivo de iniciar debates que subsidiem a construção de uma política de desoneração dos municípios.

"Dos 853 municípios mineiros, 492 vivem quase exclusivamente do menor repasse de verbas estaduais, que é de 0,6%", afirmou Waldir de Oliveira. Segundo ele, serviços como atendimento da Polícia Militar e da Polícia Civil, Justiça do Trabalho, Defensoria Pública, alistamento militar e manutenção de rodovias, entre outros tantos, são todos custeados pelos municípios. "Muitas vezes, para oferecer o básico, as prefeituras têm como única opção o rompimento de convênios com o Governo do Estado", comentou. Ele salientou a necessidade de uma efetiva descentralização das receitas governamentais, tanto do Estado quanto da União.

O superintendente da AMM informou que a entidade está preparando um estudo com números pesquisados em todos os municípios mineiros para conhecer a realidade financeira de cada um. Adelmo Carneiro Leão frisou a necessidade da parceria entre União, Estados, municípios e Legislativo para chegar a uma solução para o problema que os municípios enfrentam. "O que quero é que a prática do governo seja mais parecida com o seu discurso, para chegarmos a um Estado Democrático de Direito de fato", afirmou.

Prefeito de Pains denuncia retaliação das Polícias Militar e Civil

Uma cidade de 8.400 habitantes com grande potencial agrícola e minerador, nenhum delegado e sem viatura policial. O prefeito de Pains, Ronaldo Márcio Gonçalves, denunciou que o município sofreu sanções da Polícia Civil após a cobrança de ações efetivas. "Foram retirados carro, delegado e o serviço de colocação de etiquetas de emplacamento. E se alguém liga para o 190, falam que o culpado é o prefeito, que não renovou o convênio com a polícia", disse. Ele culpou a atuação do delegado regional. "Estamos indignados com essa situação. O governo do Estado não deve estar sabendo dessa situação. Estamos sendo perseguidos. Conto com o apoio de vocês para reverter esse quadro", falou, ao comentar as dificuldades enfrentadas na hora de lidar com verbas pequenas para tantos gastos assumidos. "Para a polícia, por exemplo, só não pagamos os salários. O resto é todo com o município: faxina, combustível, manutenção dos carros e por aí vai."

Presente à reunião, o diretor administrativo e financeiro da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), Roberval Juarez de Andrade, informou que, em 2009, R$ 69 milhões estão sendo investidos no fomento das iniciativas. "Outros R$ 37,5 milhões serão recebidos dos municípios. É importante ressaltar que as ações são basicamente executadas nas cidades", disse. O prefeito de Pains elogiou o trabalho da empresa. A diretora da Central de Planejamento, Programação e Normas da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag), Aline Martins Ribeiro, expressou a preocupação da Seplag com a atual situação dos municípios, sobretudo nessa fase de crise fiscal, e salientou a importância de programas estaduais como o Pro-Acesso e o Pro-Hosp.

Requerimentos - Foram aprovados três requerimentos apresentados durante a reunião. São eles: do deputado Ademir Lucas (PSDB), para manifestação de aplauso à população de Esmeraldas, pela comemoração dos 108 anos de emancipação política e administrativa; e do deputado Weliton Prado (PT), para realização de duas audiências públicas. Uma delas tem o objetivo de debater a situação dos servidores públicos municipais de Belo Horizonte, que reivindicam melhores salários e condições dignas de trabalho. A outra será para discutir o atraso nas obras de construção do hospital municipal de Uberlândia. Ainda foram aprovados 11 requerimentos numerados para formulação de votos de congratulações.

Presenças - Deputada Cecília Ferramenta (PT), presidente; e deputados Ademir Lucas (PSDB) e Adelmo Carneiro Leão (PT). Além dos convidados citados, também participou a economista da AMM, Angélica Ferreti.

 

 

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