Comandantes da PM são acusados de abuso de autoridade

Em reunião da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais realizada nesta quinta-feira (3/...

03/09/2009 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Comandantes da PM são acusados de abuso de autoridade

Em reunião da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais realizada nesta quinta-feira (3/9/09), comandantes da Polícia Militar (PM) foram acusados de abuso de autoridade em seus batalhões. Entre esses abusos, foram citados o cerceamento do direito de ir e vir de policiais fora do horário de serviço, exigência de reposição de dias não trabalhados em virtude de licença médica e até a obrigação de venda de ingressos para festas promovidas dentro do quartel.

O debate foi desencadeado pelo episódio envolvendo o soldado Ailson Ferraz de Brito Júnior, lotado no 26º Batalhão de Polícia Militar de Itabira. Apesar de ter obtido uma licença médica, ele só pôde ir para casa, em Barão de Cocais, depois de ter feito um pedido de autorização por escrito ao seu superior, o tenente Valter dos Santos. Ailson contou que passou por vários constrangimentos pelo fato de o tenente não ter acreditado que ele realmente estava doente.

Segundo o autor do requerimento para o debate, deputado Sargento Rodrigues (PDT), a prática de proibir que policiais deixem a cidade fora do horário de serviço é combatida por ele desde 2005, quando enviou um ofício ao comando-geral da PM pedindo o fim desse procedimento. Recente memorando editado pela corporação, determinando que só os comandantes dos batalhões estariam sujeitos ao pedido de autorização para deixar suas cidades fora do horário de trabalho, foi classificado pelo deputado como um pequeno avanço, mas que não extinguiu o abuso de autoridade.

"Assim como nós cobramos dos policiais o respeito à dignidade humana, exigimos que os direitos desses policiais também sejam respeitados", afirmou o presidente da comissão, deputado Durval Ângelo (PT). Ele sugeriu que os fatos narrados pelo soldado sejam encaminhados para a Corregedoria da Polícia Militar, para que o órgão tome as devidas providências.

Sargento Rodrigues afirmou que vai apresentar requerimentos à comissão pedindo o encaminhamento de dois ofícios ao comandante-geral da PM, coronel Renato Vieira de Souza. O primeiro pedirá a transferência do soldado Ailson para Belo Horizonte, a fim de evitar que ele seja perseguido. O segundo vai solicitar a remoção do comandante do batalhão de Itabira, tenente-coronel Evandro Jaques de Mendonça, por abuso de autoridade.

Jurista denuncia violação de direitos fundamentais

A reunião contou com a participação de convidados ligados à polícia e ao Direito, que deram suas opiniões sobre os excessos administrativos ocorridos na Polícia Militar. Para o professor de Direito da UFMG José Luiz Quadros de Magalhães, o cerceamento da liberdade de ir e vir "viola de forma flagrante e absurda os direitos fundamentais". "Essa violação não cabe em nenhum lugar, nem mesmo em corporações policiais", afirmou. Ele acrescentou que não há memorando, decreto ou norma administrativa que possa contrariar os princípios constitucionais, e a liberdade de ir e vir é um desses princípios.

Para o assessor jurídico da Associação de Servidores do Corpo de Bombeiros e Polícia Militar, Domingos Sávio de Mendonça, a cultura da ditadura ainda está impregnada na administração da PM. O presidente da Associação dos Praças Policiais e Bombeiros Militare, Luiz Gonzaga Ribeiro, defendeu a regulamentação da carga horária máxima dos policiais, pois isso eliminaria a possibilidade de abusos por parte da administração.

Requerimentos - Dois requerimentos do deputado Sargento Rodrigues foram aprovados na reunião. O primeiro pede a realização de uma audiência pública para debater denúncia de irregularidades na escala de serviço dos policiais lotados no 33º Batalhão da Polícia Militar em Betim. Segundo denúncias, os militares estão sendo obrigados a repor os dias em que estavam em licença médica. O outro requerimento pede uma audiência pública para discutir as condições de trabalho e as mortes dos servidores da segurança pública. O debate se justifica, segundo o deputado, pelo alto número de mortos em serviço nos últimos sete anos, que chegou a 133.

Outros três requerimentos foram aprovados, todos do deputado Durval Ângelo. Ele solicita o encaminhamento de ofício ao prefeito de Oliveira para que seja revista a decisão de proibir a Festa do Rosário, realizada há mais de 200 anos naquele município. Além disso, pede ao Comando-Geral da PM que tome providências no sentido de garantir a segurança durante a Festa do Rosário. Durval solicita ainda o encaminhamento de ofício à Secretaria de Estado de Saúde e ao Comitê de Enfrentamento da Gripe Influenza A, pedindo o apoio desses órgãos no sentido de pressionar para que o prefeito de Oliveira reveja a decisão de cancelar a festa.

No final da reunião, Durval Ângelo denunciou que quatro policiais militares comprovadamente envolvidos com traficantes tiveram a prisão relaxada pelo Tribunal de Justiça Militar. De acordo com o deputado, trata-se de elementos perigosos, matadores mesmo, e que estão ameaçando quem os enfrenta. Durval disse que vai pedir providências contra o Tribunal por uma comissão do Conselho Nacional de Justiça.

Presenças - Deputados Durval Ângelo (PT), presidente; Sargento Rodrigues (PDT), Vanderlei Miranda (PMDB) e Ronaldo Magalhães (PSDB).

 

 

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