Alimentação inadequada compromete saúde dos
brasileiros
Com aumento de 400% no consumo de refrigerante nos
últimos 30 anos, além de ingerir cada vez mais embutidos, gordura e
sal, o brasileiro está ganhando peso e perdendo saúde. A constatação
foi apresentada, nesta segunda-feira (31/08/09), à Comissão de
Participação Popular da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, pelo
professor Romero Alves Teixeira, da Universidade Federal dos Vales
do Jequitinhonha e do Mucuri (UFVJM). A audiência pública foi
realizada em homenagem ao Dia do Nutricionista, requerida pelo
deputado André Quintão (PT).
De acordo com o professor, 40% dos brasileiros
estão hoje acima do peso, e outros 11% têm obesidade mórbida. "A
mudança do padrão alimentar no Brasil reduziu as doenças carenciais,
mas em contrapartida fez crescer o índice de distúrbios
nutricionais", afirmou.
Ao traçar um panorama da situação alimentar no
Brasil e em Minas, o especialista relacionou o comportamento do
brasileiro à mesa com mudanças no estilo de vida e outros fatores.
Segundo Romero Teixeira, a alimentação no País está ficando "mais
amarela e menos verde", já que o consumo de gorduras cresce,
enquanto que o de legumes, verduras, raízes e tubérculos permanece
em patamares abaixo do desejável.
Paradoxo - A diretora da
Associação Brasileira de Nutrição, Elke Stedfeldt, alertou para uma
característica singular da transição nutricional no País, que é
marcada por um paradoxo: anemia e obesidade são dois problemas que
atingem a população. "O desenvolvimento social e econômico ampliou o
acesso aos alimentos. Mas isso não significa segurança alimentar.
Esse é um dos desafios atuais dos nutricionistas", afirmou.
O presidente do Conselho Regional de
Nutricionistas, Élido Bonomo, defendeu o investimento na agricultura
familiar e na regionalização da alimentação para melhorar a saúde
dos brasileiros. "É preciso haver políticas diferentes para regiões
diferentes. Cada povo tem sua peculiaridade, que precisa ser
trabalhada. Essa é a forma mais eficiente de avançarmos nesse
setor", disse.
Ao reivindicar a criação do cargo de nutricionista
na Secretaria de Estado de Educação, Élido Bonomo lembrou que
existem hoje em Minas cerca de 6 mil profissionais, capacitados para
fazer parte de qualquer equipe multidisciplinar que trate de saúde.
"A formação atual dos nutricionistas no Estado é boa. A população
tem que exigir a presença desses profissionais", afirmou.
Já para a presidente do Conselho Federal de
Nutrição, Rosane Maria Nascimento da Silva, a solução passa pela
educação. "E quanto mais cedo, melhor, pois a faixa etária escolar é
muito mais sensível aos ensinamentos e assimila melhor as
informações", opinou.
PEC sobre alimentação tramita em Brasília
O deputado André Quintão (PT) disse que o papel do
nutricionista vai ser fortalecido quando todos compreenderem que a
alimentação saudável é um direito do cidadão. Por isso, defendeu a
aprovação de uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que tramita
atualmente no Congresso Nacional com o objetivo de incluir a
alimentação no rol de direitos sociais previstos no artigo 6º da
Carta Magna.
André Quintão listou avanços do Governo Federal no
setor, como o Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à fome
e a expansão do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e
Nutricional (Consea).
O parlamentar lembrou que o dia 31 de agosto é uma
data para reflexão e traçou ainda pontos de semelhança entre a
atuação profissional dos nutricionistas e assistentes sociais,
áreas, segundo ele, "que buscam espaços associados a políticas
públicas".
Presença - Deputado André
Quintão (PT), presidente da comissão.
|