Luta pela anistia é destaque em homenagem aos 70 anos da Fafich

Os 30 anos de luta pela anistia política no Brasil deram o tom da homenagem prestada pela Comissão de Participação Po...

28/08/2009 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Luta pela anistia é destaque em homenagem aos 70 anos da Fafich

Os 30 anos de luta pela anistia política no Brasil deram o tom da homenagem prestada pela Comissão de Participação Popular da Assembleia Legislativa de Minas Gerais aos 70 anos da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG (Fafich). Em audiência pública da comissão na manhã desta sexta-feira (28/9/09), realizada no prédio da faculdade no campus da Pampulha, a vice-reitora Heloísa Starling elogiou a iniciativa e destacou a escolha da UFMG para abrigar o Memorial da Anistia, em parceria com o Ministério da Justiça.

Segundo ela, o espaço deve estar em funcionamento a partir de março do ano que vem, na antiga sede da Fafich, no bairro Santo Antônio, funcionando também como centro nacional de documentação e pesquisa. O prédio antigo chegou a ser invadido pela repressão durante a ditadura militar. A vice-reitora anunciou que o projeto já conta com um acervo, para ser colocado à mostra, de mais de 14 mil imagens sobre o período da ditadura, mais de 400 filmes e 7 mil canções da época, incluindo material inédito.

"A luta pela anistia ainda precisa terminar, com a punição dos torturadores e a entrega de corpos ainda desaparecidos aos familiares", cobrou Heloísa Starling. Ao comentar a iniciativa do Diretório Acadêmico (DA) da Fafich, de propor a audiência pública da Comissão de Participação Popular da ALMG na faculdade, ela destacou o lugar de destaque que o DA da faculdade sempre ocupou na universidade, ao pautar politicamente a agenda da UFMG.

"Essa iniciativa mostra que essa vocação não foi perdida e precisa ser expandida para toda a universidade. Na Fafich se encontra a história da luta do movimento estudantil", disse a vice-reitora. Ela destacou que, nos anos 70, a Fafich foi o berço do movimento estudantil e onde, após a edição do AI-5 pelo regime limitar, foi hasteada pela primeira vez a bandeira da União Nacional dos Estudantes (UNE).

Deputados destacam que luta é permanente e tem faculdade como exemplo

O presidente da comissão, deputado André Quintão (PT), autor do requerimento para a audiência na Fafich, elogiou o DA da faculdade pela iniciativa da homenagem. Ele destacou ter partido do DA a sugestão da reunião da comissão na Fafich, integrando a programação do diretório pelos 30 anos da anistia.

O parlamentar lembrou passagens de seu tempo de estudante da Fafich, onde ingressou em 1984, quando a ditadura completava 20 anos, e destacou que grande parte dos avanços em Minas foram conquistados nas últimas décadas com a contribuição da UFMG. Disse, ainda, que a Fafich, além de formar bons profissionais e bons cidadãos, se tornou referência também na área de pesquisa e na luta política, não sendo mera coincidência seus 70 anos destacarem os 30 anos de luta pela anistia.

Já os deputados Duarte Bechir (PMN) e Carlin Moura (PCdoB) defenderam o direito à verdade dos fatos durante o regime militar e também ressaltaram a importância da Fafich na luta pela democracia. Carlin Moura acrescentou que a Fafich era, na época, o espaço que o movimento estudantil tinha para se expressar, conviver, conferir lançamentos de filmes e travar debates. "A Fafich capitalizava o sentimento da sociedade, numa época em que não havia internet e eram poucas as emissores de televisão".

Renovação - Para o presidente do DA, Estévão Cruz, ao articular os 30 anos da anistia aos 70 anos da Fafich pretendeu-se destacar que a faculdade foi o centro da resistência à ditadura militar em Belo Horizonte. O diretor da Fafich, João Pinto Furtado, que recebeu do deputado André Quintão uma placa comemorativa da Comissão de Participação Popular da ALMG, destacou que a faculdade não apenas se firmou ao longo da história como espaço de encontro de "faficheiros".

"Hoje esse legado ainda contempla a luta por uma anistia ampla e irrestrita de fato, mas também se combina a uma agenda que se renova a cada dia, com a inclusão de temas atuais, como as questões ambientais e das minoriais".

Já o diretor de Políticas Educacionais da UNE, Wallison Alves Brandão, defendeu a necessidade de mais avanços na democratização do acesso à universidade. Ele reconheceu que a UFMG é referência em pesquisa, mas também defendeu maior expansão para a área.

Nilmário Miranda: 'impunidade faz mal á democracia'

Também lembrando passagens de sua vida como aluno da Fafich entre 1976 e 1979, após deixar a clandestinidade e ter sido preso pelos militares, o presidente da Fundação Perseu Abramo e ex-deputado estadual e federal, Nilmário Miranda, afirmou que a luta pela anistia ainda é um processo inconcluso no Brasil. Segundo ele, a Lei da Anistia está fazendo 30 anos, mas deixou de fora pelo menos 479 pessoas que foram assassinadas - das quais 163 permaneceram como desaparecidas por terem seus cadáveres ocultados - e outros 30 mil brasileiros que foram levados a centros de detenção e tortura em 40 locais do Brasil durante a ditadura.

"O jovem deve entender que essa não é uma preocupação com o passado, mas com o presente e o futuro, para preservar o direito à memória e à renovação das instituições, apesar da crise ética e política vivida neste momento", disse ele aos estudantes presentes à audiência, referindo-se à crise no Senado.

"A impunidade faz mal à democracia", acrescentou Nilmário, dizendo esperar que o Supremo Tribunal Federal (STF) não julgue crimes de tortura como crimes políticos e sujeitos à prescrição. "A anistia é uma reparação às vítimas, e não o perdão aos torturadores. Não se pode perdoar quem em nome do Estado fez tamanha violação dos direitos humanos", frisou.

Presenças: Deputados André Quintão (PT), presidente; Carlin Moura (PCdoB) e Duarte Behir (PMN).

 

 

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