Deputados querem frente parlamentar para trânsito seguro

A criação de uma frente parlamentar em defesa de um trânsito seguro foi uma das medidas sugeridas durante audiência p...

26/08/2009 - 00:03
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Deputados querem frente parlamentar para trânsito seguro

A criação de uma frente parlamentar em defesa de um trânsito seguro foi uma das medidas sugeridas durante audiência pública realizada nesta quarta-feira (26/8/09) pela Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. A proposta, feita pelo diretor-presidente da Transbetim, Eduardo Lucas, foi acatada pelos parlamentares presentes à audiência. A reunião foi requerida pelo deputado Adelmo Carneiro Leão (PT) e teve como objetivo debater as causas dos altos índices de acidente de trânsito e sugerir soluções para o problema.

Roberto Marini Ladeira, médico do Hospital João XXIII, em Belo Horizonte, apresentou dados do Ministério da Saúde que mostram que, em 2006, morreram 37 mil pessoas em acidentes. Somente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), foram internadas 110 mil pessoas vítimas do trânsito. Para o médico, o termo acidente é um equívoco, porque grande parte das ocorrências poderia ser evitada.

Ladeira disse que, dos 140 mil atendimentos realizados anualmente no Hospital João XXIII, 12% são de vítimas de acidentes de trânsito, dos quais 50% envolvem motociclistas. Ainda segundo o médico, são registrados por ano cerca de 450 óbitos relacionados a ocorrências de trânsito, vitimando, em sua maioria, pedestres e motociclistas. Para ele, o problema exige uma abordagem intersetorial, pois envolve causas das mais diversas ordens. O elevado número de acidentes com motos, por exemplo, deve-se ao fato de haver uma demanda de mercado crescente por serviços de entrega e a exigências de produção a que são submetidos os motoboys.

A imprudência dos motoristas também foi apontada pelos participantes da audiência como uma das principais causas de acidentes. De acordo com a supervisora de Operações da Superintendência Regional do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit/MG), Cássia Sampaio, outro problema é a dificuldade de adequação das estradas à atual necessidade de transporte. Ela explica que grande parte das rodovias federais foi construída nas décadas de 50 e 60, e não comporta o fluxo crescente de carros cada vez mais velozes. A supervisora informou que, entre as ações de melhorias das estradas, o Dnit pretende instalar 2.700 equipamentos de controle de velocidade e que já foi lançado edital de licitação.

A BHTrans também está tomando providências para diminuir o número de acidentes na Capital, de acordo com o gerente de Coordenação e Operação, Fernando Oliveira Pessoa. Segundo ele, os acidentes estão se reduzindo a cada ano, e uma das razões foi a instalação de radares de controle de velocidade e de avanço de sinal. Para o gerente, a fiscalização e o trabalho articulado entre a Central de Controle de Tráfego e os agentes de campo são ações promovidas pela BHTrans que estão contribuindo para a melhoria no trânsito da cidade.

Prevenção - O assessor de Planejamento de Operações do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais, tenente BM Guilherme Alcântara Gonçalves, informou que a corporação tem ações voltadas para a prevenção de acidentes, principalmente em feriados prolongados e nos meses de férias escolares. Nesses períodos, com o apoio da Polícia Militar, o Corpo de Bombeiros realiza a distribuição de folhetos educativos aos motoristas, além de destacar mais agentes ao longo de trechos de rodovias considerados perigosos. O tenente disse ainda que o Estado está investindo em programas de educação para o trânsito nas escolas e considera que esse seja o melhor caminho para diminuir os índices de acidentes.

A Polícia Militar também prevê ações de prevenção, segundo o major Roberto Lemos, comandante do Batalhão da Polícia de Trânsito. Além do atendimento a ocorrências, o batalhão desenvolve seminários e projetos de educação para o trânsito.

Na opinião da professora do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da UFMG, Elza Machado de Melo, a prevenção é possível, pois a maioria dos acidentes têm como causa a negligência dos motoristas. Segundo dados do SUS, de 1991 a 2005, foram 500 mil vítimas fatais do trânsito. "É como se uma cidade de médio porte desaparecesse", comparou. Nesse período, foram 700 milhões de internações no SUS, segundo informou a professora. Ela afirmou que qualquer ação no sentido de reverter esse quadro deve ter uma abordagem em rede, que envolva todos os setores ligados à questão.

Especialistas dão sugestões para o trânsito

O presidente do Instituto da Mobilidade Sustentável - Ruaviva, João Luiz da Silva Dias, sugeriu medidas semelhantes às que foram adotadas em Brasília, durante o governo de Cristovam Buarque. Segundo informou, Brasília tinha um elevado índice de vítimas fatais em acidentes de trânsito e, para reduzir os números, foi realizado um trabalho conjunto entre o poder público, a sociedade civil organizada e a imprensa, no sentido de promover campanhas de conscientização no trânsito. Dias destacou que Brasília é, hoje, uma referência em educação no trânsito.

Outra proposta que apresentou é a de que o Governo forneça dados mais recentes para que possa ser feito um planejamento de mobilidade no trânsito. João Luiz Dias considera que o Brasil trabalha com dados muito defasados, o que dificulta a elaboração e execução de planos nesse sentido.

Sono - Embriaguez e sonolência ao volante são as maiores causas de acidentes de trânsito relacionadas a falhas humanas. A informação foi apresentada pelo médico Fernando Pimentel de Souza, titular de Neurofisiologia da UFMG e doutor em Psicofarmacologia pela Escola Paulista de Medicina. O especialista apresentou as conclusões de um estudo sobre os impactos do sono no trânsito que realizou a pedido da Associação Gestora de Benefícios Sociais dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários (Astromig). No estudo, foram apontadas sugestões para melhorar a qualidade do sono dos motoristas e medidas que o Governo pode adotar para garantir mais segurança aos trabalhadores. Uma das propostas é desonerar as empresas transportadoras que tiverem ações no sentido de preservar a integridade dos motoristas. O incentivo é para que as empresas diminuam a carga de trabalho e a pressão sobre os motoristas, ofereçam melhores salários e promovam projetos de educação no trânsito para os trabalhadores.

O diretor-presidente da Transbetim, Eduardo Lucas, acredita que, pelo fato de a melhoria no trânsito exigir ações de setores diversos, o ideal é a criação de uma frente parlamentar para cuidar da questão, que possa cobrar dos órgãos e setores competentes as medidas necessárias. A desoneração sobre o transporte coletivo e a sensibilização da imprensa no sentido de promover uma abordagem educativa sobre o trânsito são algumas ações que podem ser desenvolvidas a partir da frente parlamentar, segundo Eduardo Lucas. Ele também pediu aos deputados que considerassem a importância da instalação de radares de controle de velocidade, para que seja superada a ideia de que os radares representam a "indústria da multa".

O deputado Antônio Carlos Arantes (PSC) disse que vê "com bons olhos" a proposta de criação de uma frente parlamentar para o trânsito. Para ele, é uma forma de "provocar a sociedade e os órgãos competentes" para solucionar o problema da violência no trânsito. O presidente da comissão, deputado Carlos Mosconi (PSDB), disse que a proposta é oportuna, e disse que já existem muitos planejamentos para melhoria do trânsito, e que agora é momento de tomar decisões.

Para o deputado Adelmo Carneiro Leão, uma frente parlamentar pluripartidária poderá ser muito produtiva. Ele observou que o Estado tem planejamentos estratégicos, mas que a ação ainda é muito pontual. "Nós temos visão estratégica, mas é preciso ter resultado", ponderou.

Requerimentos - A comissão aprovou dois requerimentos para realização de audiências públicas. O primeiro, de autoria do deputado Gustavo Valadares (DEM), é para que seja discutida a descentralização das atividades na área da Saúde em Minas Gerais e seja possibilitada a criação de uma gerência regional de saúde para atender os municípios localizados na Bacia Hidrográfica do Rio Suaçuí.

O outro requerimento, do deputado Carlos Mosconi, é para que seja debatido o transplante de órgãos no Estado. O deputado demonstrou preocupação quanto ao anúncio feito na imprensa pelo Hospital das Clínicas, que decidiu suspender por tempo indeterminado as cirurgias de transplante de órgãos.

Presenças - Deputados Carlos Mosconi (PSDB), presidente; Carlos Pimenta (PDT), vice; Doutor Rinaldo (PSB); Fahim Sawan (PSDB); Adelmo Carneiro Leão (PT); Alencar da Silveira Jr. (PDT); Antônio Carlos Arantes (PSC) e Domingos Sávio (PSDB). Também participou da reunião a médica da Emergência e Urgência da Secretaria de Estado de Saúde, Adriana de Azevedo Mafra.

 

 

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