Audiência tem denúncias sobre situação de funcionários de call centers

Deputados e representantes de trabalhadores, do Ministério do Trabalho e Emprego, do Ministério Público e de uma empr...

20/08/2009 - 00:02
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Audiência tem denúncias sobre situação de funcionários de call centers

Deputados e representantes de trabalhadores, do Ministério do Trabalho e Emprego, do Ministério Público e de uma empresa do setor defenderam, nesta quinta-feira (20/8/09), a regulamentação da profissão de operador de teleatendimento, em audiência pública conjunta das comissões de Participação Popular e do Trabalho, da Previdência e da Ação Social. A reunião, realizada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, a requerimento do deputado André Quintão (PT), foi marcada por denúncias de más condições de trabalho na atividade. Em Minas, segundo o sindicato da categoria, os call centers - centrais de atendimento - empregam 150 mil pessoas.

A prestação desse tipo de serviço foi objeto recentemente de lei federal, mas do ponto de vista dos direitos do usuário. Ainda não há legislação específica sobre as condições de trabalho nas empresas. O Projeto de Lei 2.673/07, do deputado federal licenciado Jorge Bittar (PT-RJ), que trata do assunto, aguarda votação no Congresso Nacional.

Para André Quintão, presidente da Comissão de Participação Popular, os dois aspectos estão relacionados. "Esta é uma discussão de interesse do trabalhador e da população", afirmou. Na avaliação do deputado, um trabalhador que tem seus interesses respeitados presta um serviço de melhor qualidade.

Doenças - Boa parte da audiência foi dedicada à exposição da situação dos funcionários de call centers, submetidos com frequência a jornadas de trabalho extensas, com poucos intervalos, baixa remuneração e pressão pelo cumprimento de metas. O coordenador do Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações de Minas Gerais (Sinttel), Fernando Cançado, exibiu na reunião um vídeo com denúncias sobre o tema, entre elas a de que 40% dos trabalhadores que adoecem são vítimas de depressão, síndrome do pânico ou neurose profissional.

A situação dos funcionários de call centers também foi denunciada pelo secretário geral da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT-MG), Carlos Magno de Freitas, o presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, Gílson Luiz Reis, o presidente da Federação Interestadual dos Trabalhadores em Telecomunicações, Brígido Roland Ramos, e a procuradora-chefe do Ministério Público do Trabalho da 3ª Região, Elaine Noronha Nassif. "O operador de teleatendimento é alienado do que está fazendo e isto é contra qualquer regra de administração moderna. O trabalhador é um refém da situação", afirmou a procuradora.

O deputado Eros Biondini (PHS) declarou apoio à causa dos funcionários de call centers. O deputado federal Carlos Willian (PTC-MG), que também tem projeto de lei sobre o assunto, defendeu maior investimento das empresas na capacitação dos profissionais.

O único representante na audiência pública de uma empresa do setor, o diretor-presidente da AeC Centro de Contatos, Solemar Batista Andrade, disse que é a favor da regulamentação não só da profissão, mas de todo o mercado de teleatendimento. De acordo com ele, os empresários que buscam atuar dentro da lei são vítimas de empresas não regulamentadas.

Norma - A auditora fiscal do Ministério do Trabalho e Emprego em Minas, Lailah Vilela, disse que as diretrizes sobre as condições de trabalho nos call centers estão contidas na Norma Regulamentadora 17 (NR 17). Editada pelo Ministério há mais de dois anos, ela trata de ergonomia, ruído e qualidade de ar no ambiente de trabalho, organização das tarefas, aplicação de pausas para os trabalhadores e condições sanitárias e de conforto, entre outros aspectos. De acordo com a auditora, boa parte dos problemas encontradas pelos fiscais relacionam-se com o não cumprimento dessas diretrizes.

Na opinião do deputado Carlin Moura (PC do B), qualquer lei para regulamentar a profissão deve tomar por base a NR 17. Para ele, muitas empresas acabam não sendo punidas pelo fato de a norma não ter força de lei.

Piso salarial - André Quintão disse, no fim da audiência, que vai apresentar requerimento na próxima reunião da Comissão de Participação Popular solicitando ao Congresso Nacional agilidade na tramitação do projeto do deputado federal Jorge Bittar. Ele anunciou, ainda, a criação de um grupo de estudos formado por representantes da Assembleia e do Sinttel para verificar a possibilidade de fixação de piso salarial para a categoria, por meio de lei estadual.

Presenças - Deputados André Quintão (PT), presidente da Comissão de Participação Popular, Carlin Moura (PCdoB) e Eros Biondini (PHS).

 

 

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