Demolição de dique em parque divide opiniões em Pedro Leopoldo

A demolição de um dique construído ilegalmente, em 1991, na Lagoa do Sumidouro, em Pedro Leopoldo (RMBH), está dividi...

13/08/2009 - 00:02
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Demolição de dique em parque divide opiniões em Pedro Leopoldo

A demolição de um dique construído ilegalmente, em 1991, na Lagoa do Sumidouro, em Pedro Leopoldo (RMBH), está dividindo as opiniões de políticos e ambientalistas locais. A destruição foi determinada pela Justiça, após ação movida pelo Ministério Público Estadual. De acordo com o prefeito, Marcelo Gonçalves, já foram aprovados cerca de R$ 300 mil para a remoção do dique e a obra deve começar ainda neste mês.

A polêmica ficou evidente em audiência pública realizada nesta quinta-feira (13/8/09) no município pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. O autor do requerimento, deputado Sargento Rodrigues (PDT), o prefeito e o presidente da Câmara Municipal, Reginaldo Alves Saraiva, se posicionaram contra a demolição do dique por entenderem que a medida vai causar impacto ambiental ainda pior do que quando foi construído.

Sargento Rodrigues e o deputado Almir Paraca (PT) visitaram a represa antes da reunião. A barreira foi construída dividindo a lagoa, com rejeitos de pedras lagoa santa, minério muito explorado na região, formando uma pequena estrada que dava acesso a uma fazenda. A área atualmente pertence ao Parque Estadual do Sumidouro, e o imóvel foi transformado num complexo de pesquisa.

Do lado esquerdo, a lagoa preservada está praticamente seca, em função da falta de chuva, uma característica natural. Na margem direita, a água retida forma um açude habitado por peixes, aves e pequenos mamíferos. Uma das preocupações de Sargento Rodrigues é com a retirada dos animais. "Como e para onde eles serão levados?", questionou.

Os três que são contrários à derrubada da barreira reconhecem que ela foi feita de maneira ilegal, mas ponderam que ao longo desses 19 anos a natureza acabou se regenerando e se acomodando à nova realidade. Os resíduos, pelos cálculos do deputado pedetista, devem ocupar mais de 2 mil caminhões. "Vai causar muito transtorno", previu.

O vereador Reginaldo Alves Saraiva afirmou que os peixes aproveitam as pedras do dique para fazer desovas. "Há de se cometer outro crime. Antes, foi cometido sem consciência; hoje estamos conscientes do que podemos provocar", criticou.

O deputado Almir Paraca considerou que a audiência serviu para refletir sobre os erros ambientais que são cometidos. "Precisamos fazer mudanças profundas em nossas organizações. É preciso pensar a médio e longos prazos para evitar transtornos como este", aconselhou.

Ambientalistas e Ministério Público defendem o fim da represa

A promotora de Justiça de Pedro Leopoldo, Thereza Corteletti, autora da ação, explicou que a decisão judicial foi embasada em laudos apresentados por todos os órgãos ambientais do Estado que foram consultados e se posicionaram favoráveis à remoção do dique.

Segundo ela, dois anos após a construção ilegal, em 1993, o Ministério Público assinou um termo de ajustamento com a prefeitura para a destruição da represa. No entanto, o processo ficou parado até 2004, quando ela foi para a cidade e resolveu investigar o problema. Ela assegurou que a demolição será feita com base em critérios rígidos para reduzir ao máximo os impactos no ambiente.

O presidente do Comitê da Bacia do Ribeirão da Mata, Procópio de Castro, foi taxativo. Para ele, o erro não pode ser mantido sob a alegação de que foi cometido há muito tempo. De acordo com Procópio, com o rompimento, a água voltará ao seu leito natural e seguirá até uma outra lagoa, mais perene, localizada cerca de 2 quilômetros abaixo do local. Ele também disse que a evasão da água não prejudicaria os animais que ali vivem. "Os peixes seguiriam o novo curso e as aves migrariam, como já fazem normalmente". Afirma, ainda, que mesmo do lado seco existem muitas espécies que se escondem na vegetação ou de tamanhos imperceptíveis ao olho humano.

A explicação dos especialistas é de que a lagoa está numa região de relevo conhecido como cárstico, ou seja, que é formado pela dissolução das rochas por efeito da água que entra nas frestas, formando galerias, cavernas e grutas visíveis ou subterrâneas. Por isso, a estrada formada pelo aterro dos resíduos pode afundar e provocar danos a essas formações. A represa também pode impedir esses fenômenos naturais. "A região é um sítio arqueológico natural", reforçou o gerente do parque, Rogério Tavares. Foi nas proximidades do parque que pesquisadores encontraram o crânio, batizado de Luzia, considerada a mais antiga habitante das Américas. A lagoa foi tombada como patrimônio natural em 1979.

Presenças - Deputados Almir Paraca (PT), que presidiu a reunião; e Sargento Rodrigues (PDT).

 

 

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