Agência Metropolitana esbarra em financiamento para atuar na saúde

A Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais deve apreciar, em sua próxima reunião, requerimento par...

12/08/2009 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Agência Metropolitana esbarra em financiamento para atuar na saúde

A Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais deve apreciar, em sua próxima reunião, requerimento para a criação de uma comissão com representantes dos governos estadual e municipal, entre outros membros, para avaliar qual deve ser o papel da recém-criada Agência de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Belo Horizonte (Agência RMBH) na área da gestão integrada da saúde. A proposta do requerimento foi apresentada pelo presidente da comissão, deputado Carlos Mosconi (PSDB), após participantes de audiência pública sobre o tema, nesta quarta-feira (9/12/09), terem apontado a necessidade de regulamentação da matéria e a falta de recursos para financiar execuções na área.

"A agência, pelos relatos, enfrenta problemas sérios de ordem legal e de financiamento para atuar na saúde e essa nova comissão poderá definir melhor qual deverá ser a solução", afirmou o deputado, prevendo que a matéria venha a exigir o exame de um novo projeto de lei pela ALMG. Também autor do requerimento da audiência sobre a gestão integrada da saúde na RMBH, Mosconi defendeu que todas as instâncias envolvidas nesse processo, além da agência, definam qual será a colaboração de cada esfera.

Impasse - Criada por lei complementar publicada em 13 de janeiro deste ano, a partir de projeto de lei de autoria do governador, a Agência RMBH tem por lei papel executivo em funções públicas de interesse comum, como o caso da saúde. O impasse entre o seu papel executor e a falta de financiamento para atuar em saúde foi levantado pelo próprio diretor-geral da agência, José Osvaldo Guimarães Lasmar. Segundo ele, além de recursos, falta ainda uma regulamentação que defina com clareza as atribuições da agência no campo da gestão integrada da saúde, de forma a não atropelar ações nessa direção já desenvolvidas pelo Estado e por municípios, algumas delas por meio da organização de consórcios intermunicipais .

Lasmar informou que, apesar disso, a Agência RMBH já realizou um diagnóstico preliminar em alguns dos 34 municípios da Região Metropolitana, tendo detectado situações contraditórias e diversas. Como exemplo, citou que há unidades ameaçadas de fechar, como o Hospital Municipal Santa Terezinha, em Mateus Leme, enquanto hospitais como do município de Florestal funcionam com capacidade ociosa. Ele se disse impressionando ainda com o contraste detectado em Juatuba, onde o nível de sofisticação da policlínica da cidade convive com o abandono do hospital que seria referência em oncologia.

Secretário de BH discorda de função executiva da agência metropolitana

Para o secretário municipal de Saúde, Marcelo Gouvêa Teixeira, Minas acertou ao criar a Agência Metropolitana, que no seu entendimento pode contribuir inclusive para aprimorar o pacto federativo existente hoje no País. Disse, contudo, que na sua avaliação a nova agência não deve ter papel executivo na área da saúde, e sim de indutor do processo de gestão integrada. "Um dos entraves é o financiamento, pois os valores pactuados não remuneram o sistema. Há um conflito distributivo, fruto do modelo federativo".

Segundo o secretário, 40% dos atendimentos feitos em Belo Horizonte são de moradores de outras cidades, não só da RMBH mas de todo o restante do Estado. O mesmo percentual se aplica às 60 mil pessoas que estão na fila para cirurgias eletivas em Belo Horizonte. A Prefeitura, ainda assim, tem incentivado plantões 24h em algumas unidades, para atender a essas cirurgias, inclusive com premiação por conta própria, disse o secretário. "Mas esses fluxos somente podem ser revertidos com recursos e financiamento metropolitano" frisou, defendendo o compartilhamento de recursos e também a criação de consórcios intermunicipais de saúde. A proposta foi consenso entre todos os participantes como mecanismo de gestão integrada.

Quanto ao compartilhamento, Marcelo Teixeira destacou que a Prefeitura de Belo Horizonte e o governo do Estado já firmaram compromisso conjunto para a construção de um hospital metropolitano na capital, na região do Barreiro. Citou, também, iniciativas capazes de aumentar o potencial resolutivo de unidades hospitalares. Lembrou que o Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, em Belo Horizonte, já atuou de forma conjunta com o Hospital Cristiano Machado, em Sabará, de forma que pacientes em situação de extrema urgência pudessem ser transferidos após o primeiro atendimento no HPS.

Estado destaca ação desenvolvida no Norte de Minas

A técnica da Urgência e Emergência da Secretaria de Estado de saúde, Adriana de Azevedo Mafra, ressaltou que ações desenvolvidas pelo governo na Região Norte de Minas servem de referência para a gestão integrada pois vêm obtendo bons resultados graças à sua organização em rede. Destacou, entre outros, que a triagem dos casos obedece ao protocolo de Manchester, que classifica os riscos dos pacientes, encaminhando-os às unidades de atendimento básico, de média ou de alta complexidade conforme a necessidade detectada. A rede, acrescentou, conta com logística de transporte, otimizando o deslocamento de ambulâncias, e de exames, que podem ser transmitidos para unidades de maior complexidade para agilizar encaminhamentos.

Adriana Mafra enfatizou que a organização em rede do setor de urgência é uma demanda da realidade atual. Segundo ela, morre-se mais em Minas por problemas que requerem intervenção imediata, como agressão e traumas, seguido de problemas cardiovasculares, do que por doenças infecciosas.

Consórcios - O diretor da gerência regional de Saúde de Belo Horizonte da Secretaria de Estado de Saúde, Anthero Drummond Júnior, defendeu o conceito ampliado de saúde para a gestão integrada na RMBH, que atrela a saúde à qualidade de vida, e fez uma exposição de projetos estruturadores do Estado na área, como Saúde em Casa, Viva Vida e ProHosp.

Ele frisou que já existe uma gestão integrada do Estado e do governo federal e na esfera municipal defendeu a criação de novos consórcios intermunicipais de saúde. Segundo ele, estão em processo de criação o consórcio da microrregião de Vespasiano e o que abriga os municípios de Ouro Preto, Mariana e Itabirito.

O secretário executivo do Consórcio Municipal de Saúde (Cismep), com sede em Betim, João Luiz Teixeira, relatou os avanços alcançados pela iniciativa. Criado há seis anos, o Cismep reúne 14 municípios da região, beneficiando 900 mil habitantes. Apesar de problemas de recursos e de transporte de pacientes entre as cidades, ele anunciou que o Cismep já responde por 10 mil atendimentos em média por mês e por 450 cirurgias de otorrinolaringologia, oftalmologia e angiologia.

O consórcio possibilitou, ainda, a contratação de especialistas em várias áreas, que se revezam em plantões nos municípios consorciados para suprir uma demanda antes reprimida ou que tinha que ser direcionada para Belo Horizonte ou outras cidades. João Luiz informou, ainda, que o Cismep também trabalha com sistema de classificação de riscos e que o controle pelos usuários pode ser feito pela internet, estando em fase de criação uma central de integração de transporte de pacientes.

Rede suplementar - O presidente do Instituto Brasileiro para Estudo e Desenvolvimento do Setor de Saúde, Carlos Eduardo Ferreira, defendeu o papel de integração da Agência RMBH para dar respostas a antigos questionamentos sobre qual deve ser a saída para as dificuldades que a população enfrenta na área de saúde. Ele informou que o instituto reúne cooperativas médicas, entidades como a Associação Médica e representantes de médicos e hospitais. "O Brasil tem dois sistemas que não conversam entre si, que são o SUS e o alternativo, chamado de sistema suplementar. Mas em Minas estamos começando a construir uma parceria, que é uma de nossas missões", avaliou Ferreira, defendendo as PPPs (Parcerias Público-Privadas) também para a saúde.

Requerimentos - Foram aprovados três requerimentos, sendo dois deles para realização de audiências públicas. Uma, solicitada pelo deputado Carlos Mosconi, é para debater a criação de um unidade regional da Frente Parlamentar de Saúde no Estado de Minas Gerais. A outra, a pedido do deputado Fahim Sawan (PSDB), é para debater em Uberaba a gestão da saúde na microrregião de Uberaba. No último requerimento o deputado Arlen Santigo (PTB) reitera solicitação de agilidade no andamento do requerimento 2.152/08 da Comissão de Saúde pleiteando informações sobre a Hemominas.

Presenças - Deputados Carlos Mosconi (PSDB), presidente; Carlos Pimenta (PDT), vice; Doutor Rinaldo (PSB), Fahim Sawan (PSDB), Ruy Muniz (DEM) e Adelmo Carneiro Leão (PT). Estiveram presentes, ainda, Paulo de Tarso Machado Auais, secretário Municipal de Saúde de Santa Luzia e presidente regional do Colegiado dos Secretários Municipais de Saúde de Minas Gerais (Cosem/MG); César Ferreira, assessor da Caixa Econômica Federal, e Patrícia Albano, assessora técnica da Agência Metropolitana de Belo Horizonte.

 

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - www.almg.gov.br

Rua Rodrigues Caldas,30 :: Bairro Santo Agostinho :: CEP 30190 921 :: Belo Horizonte :: MG :: Brasil :: Telefone (31) 2108 7715