Reunião definirá questão de trabalhadores rurais de Pingo D´Água

Um grupo formado por parlamentares da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais deverá s...

12/08/2009 - 00:02
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Reunião definirá questão de trabalhadores rurais de Pingo D´Água

Um grupo formado por parlamentares da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais deverá se reunir com representantes da empresa Arcelor Mittal Inox Brasil, para avaliar e definir ações que solucionem as pendências na aquisição de terras por parte de trabalhadores rurais do município de Pingo D'Àgua (Vale do Aço). A medida foi tomada na reunião desta quarta-feira (12/8/09) da comissão, que debateu os conflitos agrários ocorridos na cidade, em decorrência da venda de áreas arrendadas por pequenos produtores rurais ao frigorífico Paladar, sem que fosse dada a prioridade de compra aos trabalhadores.

Segundo o deputado Djalma Diniz (PPS), em reunião realizada naquele município em julho deste ano, cerca de 140 pequenos produtores rurais, que fazem cultivo de terreno da empresa Arcelor Mittal, por meio de arrendamento há cerca de 25 anos, afirmaram que estão correndo o risco de perder seus negócios. O parlamentar explicou que foi procurado por vereadores da cidade e buscou explicações da empresa, mas o terreno já havia sido vendido, sem que os produtores fossem procurados para ter a preferência na compra. "Agora, é o frigorífico quem está comercializando as propriedades, e muitos trabalhadores estão sendo ameaçados e obrigados a abrir mão das terras que são seu meio de sobrevivência há mais duas décadas", afirmou.

O deputado Durval Ângelo (PT), presidente da comissão e autor do requerimento que solicitou a audiência, lembrou que houve violação do Estatuto da Terra, que garante a prioridade de compra a quem está ocupando o terreno. Para ele, é preciso que a empresa se explique e, por isso, foi aprovado requerimento para que uma comissão de deputados se reúna com representantes da Arcelor, para resolver as pendências dos proprietários que ainda não compraram as terras junto ao frigorífico. "É um absurdo pois recebemos também a denúncia de que o funcionário da prefeitura, Célio Moreira, estaria pressionando e ameaçando os produtores a abrirem mão do seu direito", reforçou. Ainda em sua fala, o deputado respondeu às acusações do Executivo Municipal de Pingo D'Água de que a ida da comissão ao município teria sido um ato de interesse político e ideológico. Ele apresentou os números e estatísticas do trabalho desenvolvido nos últimos anos.

Indignação - O representante dos produtores rurais, Anselmo Pires, indagou aos representantes da Arcelor Mittal o porquê de a empresa não ter dado prioridade de compra das terras àqueles que foram parceiros da indústria por mais de 25 anos. Segundo ele, não houve proposta de negociação e a venda não foi anunciada. "Mesmo depois do encerramento do contrato, em 2005, e a não renovação dos termos, continuamos destinando 10% da colheita à empresa, conforme determinava a parceria. Não entendemos por que a situação foi definida desta forma", salientou.

O vereador de Pingo D'Água, João Batista Santiago, fez coro às palavras de Anselmo Pires, e reafirmou que a prefeitura ameaçou trabalhadores, com intervenção policial, para que a terra fosse comprada ou cedida por indenização. O advogado dos trabalhadores rurais, Mauro Bonfim, destacou que todas as medidas judiciais que forem necessárias serão tomadas. "Preferimos que haja um acordo, mas não permitiremos que esse drama social continue", disse.

Arcelor alega questão legal para venda das terras

O gerente da área de controle patrimonial da Arcelor Mittal, Ricardo Aurélio Rodrigues Ananias, afirmou que a empresa nunca teve interesse em prejudicar seus parceiros, que arrendam as terras há muitos anos. Segundo ele, houve uma questão legal que impediu a venda aos produtores caso a caso, tendo em vista que os terrenos possuem área inferior ao módulo rural determinado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). O gerente da Arcelor colocou-se à disposição, entretanto, para auxiliar na intermediação do conflito, apesar de reforçar que os arrendamentos são serviços de apoio e não o real negócio da empresa. "Reconhecemos o valor da comunidade e a importância dos parceiros para a Arcelor Mittal. Queremos ajudar no que for possível, sem que seja necessária a intervenção judicial", afirmou.

O presidente da Associação dos Pequenos Produtores de Pingo D'Água e funcionário público da prefeitura, Célio Moreira, defendeu-se das acusações de que estaria ameaçando os trabalhadores rurais para comprar as terras. De acordo com ele, não há conflito agrário e as abordagens são sempre respeitosas. Ele disse ainda que sempre procurou negociar sem que houvesse qualquer prejuízo aos arrendatários. "Os preços oferecidos estão abaixo do valor de mercado. Prova disso é que cerca de 80% dos produtores já negociaram suas terras", alegou.

Frigorífico - O advogado do Frigorífico Paladar, que comprou as terras da Arcelor Mittal, Alexandro Vitor de Almeida, disse que empresa quer uma solução amigável para o conflito. Para ele, caso os produtores acionem a Justiça, a situação pode se arrastar por mais tempo, além de trazer reais prejuízos financeiros aos interessados. O advogado lembrou que, caso haja uma avaliação do valor de mercado das terras, o custo será revisto e ficará ainda maior para os arrendatários. "Dos 138 proprietários envolvidos no embate, 104 já adquiriram as terras e outros seis negociaram pela indenização. Nossa vontade é que os poucos que restam cheguem a um acordo o mais breve possível", solicitou.

Providências - Ao final dos debates, o deputado Durval Ângelo teve quatro requerimentos aprovados sobre o assunto: além da criação da comissão de deputados que irá se reunir com os representantes da Arcelor; foi solicitado o envio das notas taquigráficas da audiência pública à Câmara Municipal, à Prefeitura, à empresa e ao Ministério Público da comarca de Pingo D'Água, com pedido de providências para a solução do conflito; enviado pedido ao comando-geral da Polícia Militar para que os procedimentos da corporação na cidade sejam estritamente dentro da lei; e envio de ofício ao Ministério Público, solicitando investigação sobre a legalidade e atuação da Associação dos Pequenos Produtores de Pingo D'Água.

Governador Valadares - Ainda na reunião, foram aprovados dois requerimentos, ambos de autoria de Durval Ângelo, relacionados à denúncia feita pelo vice-prefeito de Governador Valadares, Geremias Brito, de demissão irregular de policiais militares daquele município, acusados de deserção. O primeiro solicita a elaboração de um projeto de lei específico sobre anistia no Estado; e o segundo pede incorporação de emenda ao Projeto de Lei Complementar (PLC) 53/09, que dispõe sobre a criação do adicional de desempenho aos integrantes das instituições militares estaduais. A emenda acrescentaria dispositivo, que determinasse a expulsão de policiais por deserção apenas aos casos ocorridos após o ano de 2007, quando foi sancionada a Lei Complementar 95, de 2007, que contém o Estatuto do Pessoal da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais.

Presenças - Deputados Durval Ângelo (PT), presidente; Antônio Genaro (PSC), vice; Vanderlei Miranda (PMDB); Djalma Diniz (PPS); e Juninho Araújo (PRTB).

 

 

 

 

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