Assembleia busca modelo de reinserção social para usuários de drogas

Deputados e representantes do Governo do Estado discutiram, nesta terça-feira (11/8/09), os princípios de um modelo d...

11/08/2009 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Assembleia busca modelo de reinserção social para usuários de drogas

Deputados e representantes do Governo do Estado discutiram, nesta terça-feira (11/8/09), os princípios de um modelo de reinserção social para dependentes químicos, durante reunião realizada pela Comissão Extraordinária de Políticas Públicas de Enfrentamento à Aids, às DSTs, ao Alcoolismo, às Drogas e Entorpecentes. Criada pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais, a comissão estuda propor a criação de centros estaduais de referência em reinserção social, segundo informação de seu presidente, deputado Fahim Sawan (PSDB).

De acordo com o deputado, a reinserção social é um ponto chave na política de combate ao consumo de drogas, uma vez que a falta dessa política é uma das maiores causas de reincidência. Para ele, as Associações de Proteção e Assistência aos Condenados (Apacs) poderiam ser uma inspiração para os centros de referência, principalmente no que se refere ao valor terapêutico do trabalho e da participação na comunidade. Fahim Sawan disse que a criação de centros organizados pelo Estado seria desejável em função da falta de preparo de muitas organizações não governamentais que hoje se dedicam à recuperação dos dependentes químicos. "Houve um caso em que a ONG estava facilitando o uso de drogas", afirmou.

A deputada Rosângela Reis (PV) defendeu que o Estado controle a política social de reinserção social, ainda que em parceria com o terceiro setor. O fundamental para ela, no entanto, é a interiorização desta política de Estado. "É preciso que isto aconteça porque as drogas já estão interiorizadas", advertiu a deputada. Ela citou o exemplo do Vale do Aço, onde crianças de 8 a 11 anos já estariam vendendo drogas. Nesse mesmo sentido, o deputado Duarte Bechir (PMN) apresentou um requerimento para que a comissão visite o município de Campo Belo (Centro-Oeste de Minas), para avaliar o consumo de drogas na região e o envolvimento de crianças com o tráfico. O requerimento foi aprovado.

A proposta de criação dos centros de referência foi elogiada pelos representantes do Governo, mas não sem gerar alguma controvérsia. O gerente de Proteção do Programa Fica Vivo, Felipe Viegas Tameirão, da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), disse que a criação dos centros pode ser interessante, desde que não se caia no erro de centralizar a recuperação em uma única instituição ou local. "A reinserção social não está em um lugar só. O usuário de drogas tem demandas que não são só o tratamento, tais como o acesso ao mercado de trabalho", afirmou.

Já a superintendente de Prevenção, Tratamento e Reinserção Social da Secretaria de Estado de Esportes e da Juventude, Heloísa Marra, disse que já existe hoje uma semelhança grande entre o modelo das Apacs e das comunidades terapêuticas, que são ONGs credenciadas pelo Estado para a recuperação de usuários de drogas. "Ambas se baseiam na internação voluntária. O que acontece é que existem muitas entidades que se dizem comunidades terapêuticas mas não são", afirmou Heloísa.

A superintendente disse que o Estado está investindo na qualificação do pessoal das comunidades terapêuticas. "Temos 25 vagas para pós-graduação no atendimento a dependentes químicos e teremos mais 300 no mês que vem", informou Heloísa.

Necessidade do convívio social é consenso

Um dos consensos da reunião realizada na Assembleia é que a reinserção social depende, necessariamente, de um envolvimento da família e da sociedade na recuperação do dependente químico. Não se pode resumir a reinserção ao tratamento para abandono das drogas e profissionalização do usuário, uma vez que a verdadeira recuperação depende de uma mudança das relações familiares e da forma como a sociedade recebe o recuperando.

Felipe Tameirão disse que isso é ainda mais importante no caso de jovens usuários de drogas, público-alvo do programa Fica Vivo, direcionado para usuários que têm entre 12 e 24 anos. Hoje são 15 mil jovens atendidos em 25 núcleos espalhados pelo Estado. "Retirar um jovem de circulação por nove meses é algo inviável", afirmou o gerente.

A subsecretária de Assistência Social da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese), Maria Albanita Roberta de Lima, defendeu a necessidade de se investir em modelos de políticas públicas que valorizem a autonomia, e não a tutela dos dependentes químicos. Ela afirmou que o Governo está investindo na criação dos Centros de Referência Especializada de Assistência Social (Creas) e que o próprio Sistema Único de Saúde (SUS) vem tentando implantar programas de prevenção para jovens e adolescentes.

A respeito do incentivo à integração social dos dependentes químicos, Fahim Sawan defendeu emenda de sua autoria ao Projeto de Lei 1.857/07, do deputado Dinis Pinheiro (PSDB). O projeto propõe a concessão de incentivo a empresa que contratar egressos do sistema prisional. A emenda apresentada estende os benefícios às empresas que contratarem dependentes químicos que não estejam mais usando drogas há pelo menos um ano.

Requerimento - Além do requerimento do Duarte Bechir, também foi aprovado uma segunda proposta, de autoria do deputado Célio Moreira (PSDB), propondo que a comissão envie ao prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, o currículo e a indicação de Valdecir Fernandes Buzon para ocupar a coordenação de DST-Aids do município.

Presenças - Deputados Fahim Sawan (PSDB), coordenador da comissão; Célio Moreira (PSDB) e Duarte Bechir (PMN); e deputada Rosângela Reis (PV).

 

 

 

 

 

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