Secretaria de Saúde apresenta ações de combate à gripe
suína
Representantes da Secretaria de Estado de Saúde e
da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte apresentaram aos
deputados da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas
Gerais as ações desenvolvidas pelos órgãos públicos para o
enfrentamento da epidemia de influenza A (H1N1), conhecida também
como gripe suína. O debate, realizado na manhã desta quarta-feira
(5/8/09), foi solicitado pelos deputados Carlos Mosconi (PSDB),
presidente da comissão, e Adelmo Carneiro Leão (PT), e reuniu ainda
representantes da Fundação Ezequiel Dias (Funed), Fiocruz, UFMG e da
Sociedade Mineira de Infectologia.
O superintendente de Epidemiologia da Secretaria de
Estado de Saúde, Francisco Lemos, afirmou que, a partir do alerta
emitido pelo Ministério da Saúde no dia 24 de abril, o órgão deu
início a uma série de ações de prevenção e combate à nova gripe. A
secretaria preparou equipes de atendimento exclusivo para a doença;
equipes de apoio 24 horas no Aeroporto de Confins; capacitou os
profissionais de saúde e educação; adquiriu materiais para a
realização de exames laboratoriais; passou a atuar em grandes
eventos; criou comitês de enfrentamento; desenvolveu ações
educativas em cidades-pólo do Estado; criou serviços de busca ativa
de passageiros vindos do exterior no Aeroporto de Confins; produziu
material informativo para ser distribuído nas escolas e locais
públicos (folhetos, cartazes, jornais e adesivos); fez parceria com
a TV Globo para veiculação de mensagens informativas; aumentou a
capacidade do serviço 0800; criou equipe para abordagem de
passageiros na rodoviária de Belo Horizonte; preparou a distribuição
de kits para escolas, com jornal, adesivo, máscaras e luvas;
desenvolveu e atualizou diariamente um hotsite sobre a
doença.
Lemos informou que em Minas Gerais são 162 casos
confirmados, com duas mortes e três em investigação. Ele ressalvou,
no entanto, que os dois óbitos foram de cidadãos mineiros que
estavam foram do Estado. O subsecretário de Estado de Vigilância em
Saúde, Luís Felipe Caram, acrescentou que foi criado um amplo grupo
de parceiros do combate à doença; aumentou-se o investimento em
divulgação de informações relativas à influenza A; e está sendo
previsto um melhor aparelhamento dos hospitais em todo o Estado. "A
população precisa colaborar na prevenção, sem esquecer que outras
epidemias podem surgir", ressaltou.
Belo Horizonte - Principal
foco da doença no Estado, Belo Horizonte também conta com plano de
contingenciamento da doença, desenvolvido pela Secretaria Municipal
de Saúde. De acordo com a gerente de Epidemiologia do órgão, Lúcia
Maria Paixão, foi criado um comitê municipal; agentes dos distritos
sanitários e dos plantões da Gerência de Epidemiologia foram
capacitados; e material informativo foi produzido. Segundo ela, são
111 casos confirmados na Capital, com um óbito e dois casos
suspeitos.
Ainda sobre a atuação nos municípios, o secretário
de Saúde de Sete Lagoas, José Orleans da Costa, disse que o trabalho
de enfrentamento da doença tem sido feito em conjunto com o Estado e
a União, por meio de orientação nas escolas para prevenção e
tratamento. Para ele, o adiamento do retorno às aulas foi válido e a
vigilância deve continuar. "Não é momento de desespero, mas de
preocupação", concluiu.
Fiocruz e Funed trabalham no desenvolvimento de
vacina
O pesquisador do Centro de Pesquisas Renê Rachou da
Fiocruz, Alexandre Machado, afirmou que o trabalho do órgão tem sido
feito no intuito de que seja desenvolvida no Brasil a vacina para a
influenza A. Segundo ele, a engenharia genética tem sido o método
utilizado nos estudos. "Foi esse tipo de trabalho que encontrou
formas de prevenção contra a gripe aviária, por exemplo", lembrou.
Machado colocou que a engenharia genética tem condições de encontrar
uma vacina com agilidade, para que o Brasil não dependa da boa
vontade de outros países no fornecimento de métodos de enfrentamento
da pandemia.
O representante da Funed, Carlos Alberto Gomes,
explicou que a fundação realiza coleta, preparo e encaminhamento de
materiais para a Fiocruz, mas espera, em duas semanas, implantar
definitivamente os exames de diagnóstico da doença em Minas Gerais.
"Estamos enviando agentes para capacitação na Fiocruz, no Rio de
Janeiro, e esperamos oferecer o exame o quanto antes",
salientou.
Rede precária - O
presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Carlos Ernesto
Starling, fez uma reflexão sobre a precariedade do sistema de saúde
brasileiro. De acordo com ele, a epidemia é uma realidade, apesar de
o alerta ter sido feito há muito tempo. Ele acredita que há
despreparo dos profissionais de saúde e educação, e prevê que a
epidemia se agrave no Estado. "O momento é de preparar as pessoas
para um problema novo. É preciso que se estimule a mudança de
hábitos de higiene e que se aparelhem melhor os banheiros de uso
público", alertou.
Parlamentares valorizam informação e
aparelhamento
Para o deputado Carlos Mosconi, houve uma evolução
da doença, agravada com a chegada do inverno. Ele considerou a
suspensão do retorno às aulas prudente, mas entende que as formas de
tratamento ainda não estão claras para a população, por isso a
necessidade de incremento na divulgação das informações.
Para Adelmo Carneiro Leão, a divulgação é
fundamental, assim como o trabalho conjunto dos órgãos públicos e
parceiros no enfrentamento da doença. Ele acredita que a capacitação
e orientação de professores e profissionais de saúde foi tardia e
deve ser feita o quanto antes. "Precisamos de uma estrutura
protocolar gerenciada pelo Estado no tratamento da gripe. Temos
condição e precisamos fazer nosso dever de casa", disse.
O deputado Fahim Sawan (PSDB) reconheceu que o
Estado está preparando para o combate à epidemia, mas entende que
faltou eficiência na prevenção. O parlamentar alerta para o fato de
não haver medicamentos suficientes, assim como estrutura hospitalar
para receber os pacientes. "É preciso mudar o comportamento, mas
temos que nos perguntar como evitar as mortes, uma vez que não há
aparelhamento adequado", destacou.
O deputado Doutor Rinaldo (PSB) lamentou a ausência
do Ministério da Saúde, e reforçou que é preciso investir na
prevenção e informação. Ele acredita que o Estado deve priorizar a
adequação da rede hospitalar.
Requerimentos - Foram
aprovados três requerimentos para a realização de audiências
públicas. O deputado Ruy Muniz (DEM) pediu reunião para debater as
políticas públicas do Governo do Estado para reduzir as graves
distorções no âmbito da saúde do homem; e encontro para avaliar a
situação das clínicas médicas que aplicam exames de aptidão para
obtenção da carteira nacional de habilitação. Finalmente, o deputado
Délio Malheiros (PV) solicitou a realização de audiência pública em
São João Del-Rey para discutir a viabilidade da construção de um
hospital que atenda as necessidades do município e região.
Presenças - Deputados
Carlos Mosconi (PSDB), presidente; Doutor Rinaldo (PSB), Fahim Sawan
(PSDB) e Adelmo Carneiro Leão (PT). Também participou da reunião a
professora de Epidemiologia da UFMG, Maria da Conceição
Werneck.
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