Vale do Aço quer expansão para petróleo e gás

A expansão industrial vinculada ao setor de gás e petróleo foi apontada como a principal alternativa da Região Metrop...

16/07/2009 - 00:02
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Vale do Aço quer expansão para petróleo e gás

A expansão industrial vinculada ao setor de gás e petróleo foi apontada como a principal alternativa da Região Metropolitana do Vale do Aço para combater a crise econômica, durante audiência pública organizada pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais nesta quinta-feira (16/7/09). Realizada a requerimento da deputada Rosângela Reis (PV), a reunião da Comissão Extraordinária para o Enfrentamento da Crise Econômico-financeira Internacional aconteceu na Câmara Municipal de Ipatinga. O evento teve o objetivo de buscar alternativas para reverter o desemprego no setor metal-mecânico no Vale do Aço, como desdobramento do Seminário Minas Combate a Crise, realizado em abril.

A proposta de expansão para o setor de gás e petróleo foi feita, durante a reunião, pelo presidente do Sindicato Intermunicipal das Indústrias Metalúrgicas e Mecânicas e de Material Elétrico de Ipatinga (Sindimiva), Jeferson Coelho. Ele apresentou um documento com nove sugestões do sindicato empresarial para incorporar novos mercados e áreas de atuação para a economia local. Entre elas, destacou um projeto de desenvolvimento de fornecedores para plataformas e petroleiros da Petrobras. "A Petrobras anunciou investimentos de US$ 200 bilhões até 2013, principalmente no pré-sal", declarou. Segundo ele, apenas empresas paulistas fornecem para as plataformas petrolíferas.

O desenvolvimento do setor de gás também foi abordado, durante a reunião, pelo gerente de novos negócios da Gasmig, Décio Abreu. Ele informou que a empresa manteve seu programa de investimentos, apesar da crise, e que o principal projeto é a extensão da rede de gasodutos para o Vale do Aço. São R$ 507 milhões de investimentos previstos neste projeto, em 2009, e mais R$ 133 milhões em 2010. Abreu disse que a empresa está confiante na recuperação do mercado.

A manutenção dos investimentos foi elogiada pelo presidente da comissão extraordinária, deputado Sebastião Helvécio (PDT). Ele também destacou que, atualmente, Minas Gerais já é um importante fornecedor de softwares e dutos para a Petrobras. A deputada Rosângela Reis sugeriu que também a Gasmig passe a adquirir e amplie a compra de dutos e outras peças na região do Vale do Aço.

Outras sugestões do Sindimiva foram elogiadas e encampadas pela comissão. Uma delas é a proposta de um acordo com a empresa Helibrás, de Itajubá, para que ela contrate fornecedores na região. Outra é um acordo com a Cemig, para que empresas do Vale forneçam peças para a construção das pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) e da hidrelétrica do Rio Madeira. Também foram propostas a criação de um Centro de Pesquisa e Inovação Tecnológica no setor de petróleo e gás, em Ipatinga; a isenção de ICMS para fornecimento à indústria naval, como ocorre em São Paulo e Rio de Janeiro; entre outras. As propostas foram endossadas pelo presidente da Agência de Desenvolvimento de Ipatinga, Elísio Cacildo Vieira.

Deputados e sindicalistas veem demissões oportunistas

Durante a reunião, também foram apresentados os números do desemprego no Vale do Aço, de acordo com o Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Ipatinga (Sindipa). O diretor do sindicato, Paulo Cezar dos Santos, relatou que, entre janeiro e junho de 2009, a principal empresa da região, a siderúrgica Usiminas, demitiu 1,1 mil empregados de seu quadro próprio. Outros 1.180, segundo ele, foram demitidos de empresas terceirizadas da siderúrgica, e por fim, mais 1,3 mil de microempresas diversas da região.

As demissões foram classificadas por Santos como oportunistas. "A Usiminas teve um lucro de R$ 3,3 bilhões em 2008. Ela não precisava demitir desta forma", afirmou. Sua avaliação foi complementada pelo deputado Sebastião Helvécio, que fez uma cobrança às empresas. "Elas têm muita pressa em demitir nos momentos de crise, mas nenhuma pressa em dividir lucros nos momentos de bonança", afirmou o parlamentar. Para ele, isso mostra que demitir, no Brasil, não é caro como pregam os empresários. O deputado defendeu a redução da jornada de 44 horas semanais, tendo em vista o crescimento da produtividade.

De acordo com participantes da reunião, apenas por meio de um plano de demissões voluntárias (PDV), a Usiminas demitiu 400 funcionários em maio. Outros 400 teriam sido demitidos após o fim do prazo para adesão ao PDV. A deputada Rosângela Reis lamentou a ausência da Usiminas na reunião e disse que a região mantém a expectativa quanto à retomada de projetos anteriores da empresa, como a expansão no município de Santana do Paraíso.

Arrecadação - Outra questão abordada foi a queda da arrecadação decorrente da crise. O superintendente central de Gestão Estratégica e Ações da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão, João Victor Rezende, disse que uma expectativa otimista de receita de ICMS em 2009 seria R$ 15 ou 17 bilhões. É um número bem abaixo da média, que gira em torno de R$ 22 bilhões. Apesar disso, segundo ele, o governo tem procurado reduzir despesas de custeio, mantendo planos de investir R$ 5 bilhões. Ele também apoiou a idéia de criação de um pólo tecnológico no Vale do Aço.

O deputado Sebastião Helvécio disse que a queda na receita de ICMS do Estado poderia ser integralmente compensada se a União aceitasse reduzir de 13% para 10% o percentual de comprometimento da receita mineira com o pagamento da dívida com o Governo Federal. "É uma proposta que vamos encaminhar", afirmou o parlamentar.

De acordo com dados do instituto Tabulare Pesquisa e Consultoria, de Ipatinga, o município perdeu 14,5% da receita no primeiro quadrimestre de 2009, em comparação com o mesmo período do ano passado. Considerando todos os 26 municípios da Região e do Colar Metropolitanos do Vale do Aço, a perda chegou a R$ 18 milhões, referente à arrecadação de ICMS e repasses do Fundo de Participação dos Municípios (FPM).

Ao final da reunião, a deputada Rosângela Reis disse que proporá um requerimento para que o Estado reveja a situação de moradores do município de Marliéria, ameaçados de perder suas casas em razão de inadimplência relativa a financiamentos públicos estaduais.

Presenças - Deputado Sebastião Helvécio (PDT), presidente da comissão; e deputada Rosângela Reis (PV). Além das autoridades citadas, participaram o presidente da Câmara Municipal de Ipatinga, vereador Nilton Manoel (PMDB); a vereadora Maria do Amparo (PDT) e vereadores César Custódio da Silva (PPS), Roberto Carlos (PV) e Nardyello Rocha (PMDB), de Ipatinga; a vereadora Andréia Botelho (PSL), de Coronel Fabriciano; e o gerente de relações públicas da Cenibra, Cristiano Augusto Lopes.

 

 

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