Comissão quer afastamento de tenente acusado de agressão

Os deputados da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais pretendem solicitar à Secretar...

15/07/2009 - 00:03
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Comissão quer afastamento de tenente acusado de agressão

Os deputados da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais pretendem solicitar à Secretaria de Estado de Defesa Social e ao Comando-Geral da Polícia Militar o afastamento do tenente envolvido em uma denúncia de agressão contra policiais civis durante operação realizada em Santa Luzia (RMBH). A decisão foi anunciada pelo presidente da comissão, deputado Durval Ângelo (PT), em reunião realizada na manhã desta quarta-feira (15/7/09), no auditório da Superintendência de Avaliação e Qualidade da Autuação do Sistema de Defesa Social.

De acordo com o parlamentar, a comissão recebeu uma denúncia de que um grupo de policiais civis, comandados pelo delegado da divisão de homicídios de Santa Luzia, Cristiano Augusto Xavier, teria sido impedida de executar uma diligência para apreensão de suspeitos, na casa de shows Mega Space, na noite de 16 de maio desde ano. Segundo a denúncia, o tenente PM Paulo Roberto, responsável pela segurança do evento, teria impedido a entrada dos policiais mediante agressões físicas e verbais.

O delegado Cristiano Augusto Xavier confirmou as informações do deputado e explicou que tinha três mandados de busca e apreensão contra suspeitos de homicídio e tráfico de drogas, que estariam no local naquela hora. Ele relatou à comissão que o tenente não permitiu o trabalho de sua equipe e fez agressões verbais e físicas durante a discussão, que se estendeu à Delegacia de Polícia do município. "Nunca tive qualquer investigação que colocasse à prova minha conduta profissional. Fizemos os exames de corpo de delito e esperamos uma punição exemplar para o tenente", pediu.

Os agentes Euler Rodrigues de Carvalho e Maurício Ângelo do Nascimento, que participaram da diligência, também relataram agressões que teriam sofrido. Eles afirmaram que teriam sido impedidos de trabalhar, agredidos e humilhados durante o exercício de suas funções. "Nossa operação foi agendada previamente e fomos proibidos de fazer nosso trabalho. As agressões e constrangimentos pelos quais passamos devem ser punidas", reforçou Nascimento.

Polícias Civil e Militar abriram inquérito investigatório

O corregedor da Polícia Militar, cel. César Romero dos Santos, afirmou que não é possível dar uma resposta ao fato antes que as investigações sejam concluídas. De acordo com ele, foi instaurado um inquérito policial militar, que está apurando se houve ou não abuso. Para ele, será necessário ouvir as duas partes, para que uma conclusão mais definitiva seja tomada. "O fato foi lamentável, mas é isolado. Ouviremos os agentes da polícia civil para que os responsáveis sejam penalizados", disse.

O corregedor da Polícia Civil, Geraldo Morais, também afirmou que a corporação abriu processo investigatório para apurar os fatos. Segundo ele, os agentes ainda não foram ouvidos por questões burocráticas, mas terão a oportunidade relatarem sua versão dos fatos. "Queremos que o caso seja resolvido com transparência e agilidade", afirmou.

O ouvidor-geral de Polícia, Paulo Vaz Alkimin, fez coro ao corregedor da Polícia Militar, e considerou o caso isolado, apesar de grave. Ele explicou que, assim que foi notificado do ocorrido, oficiou a Secretaria de Defesa Social, os comandos das polícias e o Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa dos Direitos Humanos (CAO-DH), solicitando providências. De acordo com o ouvidor, foram protocoladas denúncias de tráfico de influências, abuso de autoridade, agressão, resistência e improbidade administrativa. Sobre o tema, o promotor do CAO-DH, Rodrigo Filgueiras de Oliveira, disse que vai analisar as notas taquigráficas da reunião e fazer um contato com o promotor de Santa Luzia para decidir que providências serão tomadas.

Ponderação - O presidente da Associação dos Oficiais da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar, ten. Nélson Henriques Pires, lembrou que é preciso apurar o caso, antes de responsabilizar o tenente Paulo Roberto pelos incidentes. Ele contou que o tenente tem conceito A na Polícia Militar, e que é preciso que as investigações levem em contar as duas versões do fato.

Os representantes dos Sindicatos dos Delegados de Polícia de Minas Gerais (Sindepo) e dos Servidores da Polícia Civil de Minas Gerais (Sindpol) concordaram com o pedido de afastamento do tenente e denunciaram que há uma conspiração contra a corporação em favor da Polícia Militar. "Temos que valorizar a integração entre as polícias para evitar que fatos como esse continuem acontecendo", afirmou o presidente do Sindepo, Edson José Pereira.

Histórico - O deputado Durval Ângelo reforçou o histórico de agressões do tenente Paulo Roberto, que é acusado de agressão contra o filho do próprio parlamentar. Segundo ele, seu filho foi agredido também em evento na casa de shows Mega Space, em Santa Luzia, além de ter se negado a fazer boletim de ocorrência. O deputado ainda afirmou que o tenente é acusado de ser contratado irregularmente para fazer segurança de eventos particulares e ser conivente com a venda e consumo de drogas naquele estabelecimento.

O deputado Antônio Genaro (PSC) também deu um depoimento de constrangimento envolvendo a Polícia Militar, contra sua esposa, mas defendeu os comandante na dificuldade de se controlar corporações formadas profissionais de caráter heterogêneo. "Em todos grupos há elementos bons e ruins. Respeito e valorizo o trabalho sempre espinhoso dos comandantes e corregedores de polícia, mas fatos como o ocorrido em Santa Luzia não podem se repetir", concluiu.

Presenças - Deputados Durval Ângelo (PT), presidente; e Antônio Genaro (PSC), vice; além dos convidados citados na matéria.

 

 

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