Produtores de milho exigem preço mínimo vinculado ao custo

A definição - pelo Governo Federal - de uma política de preço mínimo que seja superior aos custos de produção foi a p...

14/07/2009 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Produtores de milho exigem preço mínimo vinculado ao custo

A definição - pelo Governo Federal - de uma política de preço mínimo que seja superior aos custos de produção foi a principal reivindicação apresentada pelos produtores de milho em reunião realizada nesta terça-feira (14/7/09) pela Comissão de Política Agropecuária e Agroindustrial da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Requerida pelos deputados Antônio Carlos Arantes (PSC), Vanderlei Jangrossi (PP) e Chico Uejo (PSB), a audiência pública contou com a participação de produtores do Sul e Sudoeste de Minas, além de autoridades e representantes do setor.

O problema principal dos produtores foi resumido pelo deputado Antônio Carlos Arantes logo no início da reunião: apesar de ter um custo entre R$ 20 e R$ 22 para produzir uma saca de milho, o produtor é hoje pressionado a vender por R$ 16 ou R$ 17. Com isso, a alta produtividade do Sul de Minas acaba trazendo ainda mais prejuízo. Diante de uma produção média nacional de 60 sacas por hectare, o produtor daquela região alcança 130 sacas por hectare. "Se for para o governo manter o preço mínimo abaixo do preço de custo, melhor não ter preço mínimo", criticou o coordenador da assessoria técnica da Federação da Agricultura do Estado de Minas Gerais (Faemg), Pierre Santos Vilela.

A fim de contribuir para solucionar o problema, a comissão aprovou um requerimento para que seja enviado um ofício ao ministro da Agricultura solicitando que seja implementada uma política de preço mínimo que nunca seja inferior ao custo de produção. Para isso, os valores devem ser indexados a planilhas oficiais de custo elaboradas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). A idéia da planilha, sugerida inicialmente pelo deputado Domingos Sávio (PSDB), foi encampada pelos colegas Arantes e Jangrossi, que também assinaram o requerimento.

Os mesmos deputados assinaram e aprovaram ainda outros dois requerimentos. Um deles para que seja enviado ofício ao superintendente do Banco do Brasil em Minas Gerais solicitando a renegociação das dívidas dos produtores de milho. O outro, para que se encaminhe pedido à Diretoria de Crédito Rural do Banco do Brasil para que se assegure o acesso dos produtores rurais a financiamentos para compra de animais, sem vinculação a alguns poucos leilões credenciados. Esta exigência, segundo Domingos Sávio, vem provocando distorções no mercado. "O Banco do Brasil não pode se tornar agenciador de leilões", afirmou.

Um quarto requerimento foi aprovado no início da reunião, proposto por Arantes, Jangrossi e Chico Uejo (PSB). Ele pede a realização de audiência pública para apresentação de uma nova tecnologia de empacotamento UHT, similar ao TetraPak, produzido pela empresa DuPont.

Deputado elogia possibilidade de renegociação de dívidas

Durante a reunião, o gerente do Mercado de Agronegócios do Banco do Brasil, Carlos Geovane Queiroz, disse que as dívidas dos produtores de milho ainda não começaram a vencer. Caso haja problemas, no entanto, ele garantiu que as regras da instituição e do Banco Central permitem a prorrogação das dívidas agrícolas por um prazo de até cinco anos, em razão da dificuldade de comercialização do produto. A possibilidade foi comemorada pelo deputado Antonio Carlos Arantes. "É um início, para se enfrentar o problema", afirmou o deputado.

Outros participantes da reunião, no entanto, consideram que a renegociação das dívidas não resolve a questão. Para o coordenador técnico estadual de Culturas da Emater, Wilson Rosa, o fundamental é garantir que o produtor seja ressarcido de seus custos de produção. Além de uma reformulação do preço mínimo, ele indica o seguro rural como uma necessidade. "Hoje, só 4% da produção agrícola nacional está segurada", afirmou Rosa.

O representante da Faemg, Pierre Vilela, disse que a política de preço mínimo precisa ir além do papel, de forma que a União invista mais na realização de leilões para aquisição de produtos. Domingos Sávio, no entanto, não considerou isso necessário. Ele defendeu que o preço mínimo, além de considerar o custo de produção, seja vinculado aos financiamentos agrícolas, de forma que a mercadoria sirva de garantia para o empréstimo, minimizando os riscos de prejuízo.

A necessidade de uma política federal mais firme em favor dos produtores rurais foi defendida por todos os parlamentares. Arantes considera que, se isso não acontecer, o setor será cada vez mais dominado por empresas multinacionais. "É preciso garantir a continuidade do trabalho dos produtores de milho", disse Chico Uejo, alertando para a ameaça de uma futura escassez do produto.

Os produtores rurais que participaram da reunião também apontaram outros problemas do setor. O presidente da Cooperativa Agropecuária de Bom Jesus da Penha (Cooperpenha), José Antônio de Moraes, citou a dificuldade da depreciação dos equipamentos agrícolas. Já o presidente da Cooperativa Agropecuária do Sudoeste Mineiro e do Sindicato dos Produtores Rurais de Passos, Leonardo Medeiros, chamou atenção para a subida vertiginosa dos insumos agrícolas, em especial o adubo. Domingos Sávio lembrou o alto custo das sementes vendidas aos produtores, um mercado controlado por poucas e grandes empresas. "É um cartel", afirmou.

Projeto do Banco de Sementes está pronto para o Plenário

Durante a reunião desta terça (14), a Comissão de Política Agropecuária e Agroindustrial também aprovou parecer de 2º turno favorável ao Projeto de Lei (PL) 1.976/07, do deputado Padre João (PT), que cria a política estadual de incentivo à formação de banco comunitário de sementes de cultivares locais, tradicionais ou crioulas. O parecer, de autoria do deputado Chico Uejo (PSB), recomenda a aprovação do projeto na forma do vencido, ou seja, na forma em que foi aprovado pelo Plenário em 1º turno.

O texto estabelece que a política de incentivo à formação de banco comunitário de sementes de cultivares locais, tradicionais ou crioulas será executada como parte da política de desenvolvimento agrícola do Estado instituída pela Lei 11.405, de 1994. O artigo 2° lista os objetivos gerais da política, como estimular o resgate e a conservação de espécie, variedade e cultivar produzido em unidade familiar ou tradicional; estimular a proteção dos recursos genéticos locais, importantes para a sustentabilidade dos agroecossistemas; entre outros. Já o artigo 3° estabelece os instrumentos da política que são o crédito rural, o incentivo fiscal e tributário, a pesquisa agropecuária e tecnológica e a extensão rural e a assistência técnica.

Também foi aprovado, durante a reunião, o Requerimento 4.160/09, do deputado Doutor Viana (DEM), que dispensa a apreciação do Plenário. Ele solicita que seja formulada manifestação de aplauso à Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador, por seu aniversário.

Presenças - Deputados Vanderlei Jangrossi (PP), presidente da comissão; Antônio Carlos Arantes (PSC), vice; Chico Uejo (PSB) e Domingos Sávio (PSDB).

 

 

 

 

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