Deputado sugere registro de ocorrências policiais via
internet
Três taxistas são assaltados todo dia na capital
mineira. É o que afirma o presidente do Sincavir, Dirceu Efigênio
Reis. O Sincavir é o Sindicato Intermunicipal dos Condutores
Autônomos de Veículos Rodoviários, Taxistas e Transportadores
Rodoviários Autônomos de Bens de Minas Gerais. O número não é
confirmado pelas polícias Militar e Civil, pois em boa parte dos
casos, de acordo com o sindicalista, não é registrada a ocorrência
policial. Uma das sugestões para otimizar o trabalho de prevenção e
combate ao crime é agilizar esse registro, com a utilização da
internet.
A proposta foi apresentada pelo deputado Délio
Malheiros (PV) na audiência pública da Comissão de Segurança Pública
desta terça-feira (14/7/09), que reuniu representantes de taxistas,
de associação de bairros e das polícias Civil e Militar. "Não temos
estatística real. O taxista quer colaborar com a polícia, mas não dá
para perder o dia de trabalho para fazer uma ocorrência", afirmou
Malheiros, que pediu a audiência. "Também sabemos que o número de
policiais não é suficiente. Na 125ª Companhia de Polícia da capital,
são 81 policiais para 400 mil moradores. É pouco."
O parlamentar defende que a internet seja
incorporada como meio de registro de ocorrências, o que aproximaria
as estatísticas da realidade nas ruas. "A polícia precisa facilitar
que o cidadão registre o delito", frisou. O deputado João Leite
(PSDB), presidente da comissão, acrescentou o fato de que os
cidadãos querem a investigação imediata e não apenas o registro do
delito. Durante a reunião, ele fez diversos questionamentos aos
presentes, suscitando o debate e os esclarecimentos. A deputada
Maria Tereza Lara (PT) fez um apelo: "Que possamos continuar
aperfeiçoando o trabalho em prol da segurança pública, com a
presença cada vez maior da comunidade". Ela lembrou que estão
abertas as inscrições para a Conferência Estadual de Segurança
Pública, nos dias 21 a 23 de julho. O site é o
www.conseg.mg.gov.br.
Impunidade estimula a atuação de marginais
"Hoje, táxi é caixa rápido para a marginalidade. A
impunidade estimula isso", comentou Dirceu Reis. Ele informou que,
da frota de mais de 6 mil táxis, 300 já instalaram o GPS (sistema de
Posicionamento Global, ou Global Position System, em inglês,
que faz o rastreamento do veículo via satélite), dentro de um
projeto que tem custo zero para os taxistas. Com o GPS, é possível
enviar um alerta à polícia, em caso de assalto. "Precisamos que as
empresas veiculem mídia na traseira dos veículos. É isso que paga os
custos do projeto", informou Reis.
O presidente da Associação SOS Bairros, Guilherme
Neves, que representou os moradores dos bairros Prado, Calafate,
Barroca e Gutierrez, pediu que a prevenção seja mais ostensiva. "Não
estamos tendo a atenção nem do efetivo policial mínimo. A
implementação do programa Olho Vivo, por exemplo, é essencial para
nós", disse.
Major vai levar sugestão ao comando da PM
O chefe da Seção de Planejamento Operacional do
Comando de Policiamento da Capital, major PM Idzel Fagundes, e o
chefe do 1º Departamento de Polícia Civil, Roberto Neves Silva,
afirmaram que, de acordo com os dados oficiais, não houve aumento da
violência a taxistas e nos bairros citados durante a reunião.
"Baseamos os atendimentos e prevenção em duas situações: na procura
da comunidade e nos dados estatísticos. Daí a importância do
registro dos casos", disse o major, que admitiu a possibilidade de
haver diferença entre o número real de ocorrências e seu registro.
Segundo ele, há quase um ano não há caso de taxista vítima de tiro.
Segundo o Sincavir, entre 2000 e 2008, 46 taxistas foram mortos. O
major aprovou e comprometeu-se em levar ao conhecimento do comando
da Polícia Militar a sugestão de registro de ocorrências como
extravio de documentos e acidentes sem vítima.
"O registro via internet é extremamente importante.
Só na 13ª, são cerca de mil inquéritos em tramitação", disse a
delegada-geral da 13ª Delegacia de Polícia da Regional Sul, Andrea
Cláudia Vacchiaro Bravo, citando que o pequeno número de efetivo
policial em cada delegacia. Ela lembrou, no entanto, que há
concursos e futuro aumento de servidores. Roberto Neves também citou
o recente concurso e comentou sobre o modelo de gestão baseado no
compartilhamento de informações e na implementação de ações
conjuntas, o Igesp (Integração da Gestão de Segurança Pública).
O modelo, já implantado em Belo Horizonte,
compreende reuniões semanais de trabalho em cada uma das Áreas
Integradas de Segurança Pública (AISPs) e reuniões mensais nas Áreas
de Coordenação Integrada de Segurança Pública (ACISPs). A cada mês,
é realizada uma reunião de avaliação, onde são apresentadas pelas
AISPs as principais ocorrências e problemas identificados nas
reuniões semanais, as ações planejadas ou implementadas e sua
efetividade na prevenção e controle do crime.
Requerimentos - Durante a
reunião foram aprovados 11 requerimentos. Três deles foram sugeridos
na reunião desta segunda-feira (13), em Urucânia. Outros três
referem-se ao tema da audiência. Délio Malheiros solicitou o envio
de apelo ao secretário de Defesa Social, Maurício Campos Júnior,
para ampliação do programa Olho Vivo nos bairros Barroca, Calafate,
Coração Eucarístico, Grajaú, Gutierrez, Prado e Santo Agostinho. Em
nome da comissão serão enviadas ao secretário Maurício Campos as
notas taquigráficas da reunião, para que sejam encaminhadas à
reunião do Igesp. O terceiro requerimento aprovado é para realização
de audiência pública sobre roubos nas saídas de banco.
Presenças - Deputados João
Leite (PSDB), Délio Malheiros (PV) e deputada Maria Tereza Lara
(PT). Além dos convidados citados, compareceu o diretor da
Coopertaxi-BH, Márcio Antônio da Silva; e o major PM Daniel Garcia,
comandante da 125ª Cia. da PM.
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