Com apenas quatro PMs, Urucânia pede reforço no efetivo
policial
Quatro policiais militares atendem a cidade de
Urucânia (Zona da Mata) e seus distritos. Segundo autoridades da
região, o número está de acordo com o que prevê a legislação: um
policial para cada 2 mil habitantes. Urucânia tem cerca de 11 mil
pessoas e a sensação de insegurança da população está cada vez
maior. Recentemente, um roubo a banco e homicídios de envolvidos com
tráfico de drogas amedrontaram a cidade.
A Comissão de Segurança Pública da Assembleia
Legislativa de Minas Gerais promoveu, nesta segunda-feira (13/7/09)
uma audiência pública no município para discutir o tema. O
comandante da 21ª Cia. Independente de Ponte Nova, major Adilson
Moreira da Silva, afirmou que está sendo estudada a possibilidade do
efetivo passar para seis militares até o fim de 2009.
Nascido em Urucânia, o deputado Padre João (PT)
solicitou a audiência com base em uma série de reclamações que vem
recebendo. "A violência na região tem crescido bastante. Numa cidade
onde todos se conhecem, estamos nos deparando com tiros no meio da
rua e roubos. Esperamos que a audiência possa se desdobrar numa
série de ações para melhorar essa situação, incluindo melhores
condições de trabalho para a Polícia Civil, que tem apenas uma
pessoa atuando, cedida pela prefeitura", falou o parlamentar.
"O número de policiais é insuficiente, esse é um
problema estrutural que não é só de Urucânia", disse o major da PM.
"Trabalhamos em cima de denúncias. Estatisticamente, a cidade está
com índices abaixo de muitas outras, mas a estatística é fria, não
dá para medir a sensação de insegurança, que é subjetiva", comentou.
Ele também falou que considera a legislação falha. "Os pequenos
delitos, como furto de gado, são atendidos, mas o autor não pode ser
preso. Isso aumenta a sensação de insegurança", avaliou. O consumo
de bebidas alcoólicas e o uso de drogas foram citados por vários
presentes no debate como motivo da morte de jovens da região.
Segundo o prefeito José Carlos Estevam Mansur, há
dois meses ele procurou o comando da Polícia Militar em Rio Casca
para pedir o aumento do efetivo, mas ouviu que Urucânia já estava
com o número limite de policiais. "Espero que com o apoio da
Comissão de Segurança Pública, nossa cidade consiga superar este
problema", disse o presidente da Câmara Municipal, Bosco César
Ribeiro.
O deputado Carlos Gomes (PT) nasceu em Jequeri e
mostrou-se preocupado com o problema de segurança na região. Ele
sugeriu requerimento pedindo ao Estado o aumento do efetivo
policial. A deputada Maria Tereza Lara (PT) frisou que segurança
pública não é só atuação policial. "Ela diz respeito a todos nós. A
prevenção é muito importante. Não podemos, por exemplo, deixar
nossos jovens e crianças nas ruas. Elas precisam de atividades para
ocupar o tempo delas", comentou. Ela citou importância das
denúncias, mesmo que sejam anônimas. A deputada sugeriu que
representantes da cidade participem da Conferência Estadual de
Segurança Pública, preparatória para a etapa nacional.
O deputado João Leite (PSDB), presidente da
comissão, falou da importância da participação popular, do plano
diretor municipal, que ajuda a organização de uma cidade, e da
atuação dos conselhos de segurança pública (conseps). "Também é
muito importante a atenção a projetos esportivos e artísticos, que
incentivam o desenvolvimento e a ocupação dos jovens", falou,
ressaltando que a prevenção e o planejamento são armas poderosas
para efetivar a segurança pública.
Ele fez questionamentos ao prefeito e ao major da
PM. O prefeito José Carlos Estevam Mansur afirmou que Urucânia conta
com programas estaduais e federais que incentivam a permanência dos
estudantes em atividades sociais por um tempo maior durante o
período escolar. Para o major Moreira, um fator que dificulta os
conseps em Urucânia e redondezas é o receio das pessoas de
participar e encaminhar as denúncias. "Por outro lado, algumas
querem participar somente para se projetar", comentou.
Autoridades também solicitam aumento de efetivo
policial
Presente à reunião, o juiz da comarca de Jequeri,
Valdiney Camilo Campos, reafirmou a necessidade de ampliação do
efetivo policial de Urucânia. "Ouvem-se comentários de que há
tráfico de drogas, mas esse tipo de crime não tem chegado ao
Judiciário. Acho que a questão passa pela melhora e ampliação do
quadro policial, incluindo uma melhor estruturação da delegacia
local e da cadeia, que está em péssima situação", falou. De acordo
com ele, não houve aumento de processos na comarca relativos ao
tráfico de drogas.
Para o promotor Galba Cotta de Miranda, a repressão
de pequenos delitos no dia a dia é uma das ações que podem trazer
bons resultados. "Para isso, é preciso uma convergência de ações."
Além de ter somente um policial civil, a comarca não tem defensor
público. "Jequeri, a sede da comarca, tem dois agentes de polícia,
uma delegada e um escrivão. Os policiais não fazem só investigação,
mas também a parte administrativa. Rio Casca tem o mesmo efetivo.
Perdemos policiais todos os anos, que adoecem, se aposentam ou saem
porque fazem outros concursos procurando melhores condições",
informou o delegado da 12ª delegacia regional da Polícia Civil em
Ponte Nova, Márcio Simões Nabake. Segundo ele, para os 149 mil
habitantes da região, são apenas 54 policiais civis. "Com esse
efetivo, tenho que contar com as prefeituras para ceder pessoal para
os trabalhos administrativos. Temos esperança de que o Governo do
Estado dote a região de mais policiais civis."
Requerimentos - Foram
sugeridos três requerimentos, que serão apresentados e votados na
próxima reunião da comissão. São eles: solicitação de providências
ao secretário de Defesa Social, Maurício Campos Júnior, para elevar
o efetivo policial na cidade e região, bem como o número de viaturas
e outros equipamentos necessários ao policiamento regional; que o
secretário também tome providências para que presídio de Jequeri
seja assumido, na sua gestão, pela Subsecretaria de Administração
Penitenciária, de modo a liberar policiais civis para as atividades
próprias de investigação criminal; encaminhamento de ofício ao
presidente da Cemig, Djalma Morais, solicitando ampliação e melhora
na iluminação pública do município.
Presenças - Deputados João
Leite (PSDB), presidente da comissão; Padre João (PT), Carlos Gomes
(PT) e deputada Maria Tereza Lara (PT).
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