Lançada frente de apoio à competência penal da Justiça do Trabalho

A competência para aplicar punições penais a dirigentes e administradores de empresas que descumprirem a legislação t...

10/07/2009 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Lançada frente de apoio à competência penal da Justiça do Trabalho

A competência para aplicar punições penais a dirigentes e administradores de empresas que descumprirem a legislação trabalhista é uma reivindicação antiga de vários juristas, sindicalistas, acadêmicos e políticos. Esse sonho começa a tomar vulto com a criação da Frente Trabalhista Mineira em prol da Competência Penal da Justiça do Trabalho. O lançamento da frente aconteceu nesta sexta-feira (10/7/09) durante audiência pública da Comissão de Participação Popular da Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

A importância de se dotar a Justiça do Trabalho da competência para prender empregadores que cometem crimes trabalhistas foi explicada pelo desembargador Antônio Álvares da Silva, um dos mentores da idéia. "No Brasil não há sanções para quem viola a lei trabalhista. A empresa condenada paga a indenização devida ao empregado e repete a mesma irregularidade com o trabalhador que o sucede".

Além disso, afirmou o desembargador, uma ação trabalhista se arrasta por até dez anos, sendo que os juros da indenização não passam de 1% ao mês. Assim, é mais negócio para o empregador colocar o dinheiro no mercado financeiro, que rende muito mais, e aguardar a decisão final da Justiça. Agindo assim, muitas vezes o rendimento da aplicação é suficiente para repor o valor a ser indenizado. "Se o empregador souber que pode haver uma sanção penal, ele não fará mais isso", argumentou Antônio Álvares da Silva.

Risco de perda de agilidade é inexistente

O apoio à competência penal da Justiça Trabalhista foi manifestado por sindicalistas, professores, estudantes e juristas presentes à reunião. O coordenador do Sindieletro, Willian Vagner Moreira, manifestou preocupação com a possibilidade de a Justiça do Trabalho perder agilidade em suas decisões. Hoje, em Minas Gerais, uma sentença demora no máximo 90 dias para ser proferida. Silva respondeu que esse risco não existe, pois caso a competência seja estabelecida, serão criadas varas especializadas para tratar da questão penal, em nada afetando o ritmo normal dos trabalhos.

Para que os Tribunais do Trabalho possam exercer a competência penal, é necessária aprovação de um projeto de lei ou mesmo de uma proposta de emenda à Constituição no âmbito federal. Por isso, o deputado Carlin Moura (PCdoB), autor do requerimento para a reunião juntamente com o deputado André Quintão (PT), disse que vai pedir o envio das notas taquigráficas da audiência pública a toda a bancada mineira de deputados federais e senadores, solicitando o apoio à mudança na legislação.

Para o deputado André Quintão, é preciso que esse debate avance por toda a sociedade. Ele apoiou a ideia de se criar um blog para difundir a frente parlamentar e agradeceu o apoio manifestado pelos demais presentes. Ele concordou com Antônio Álvares da Silva, que classificou a mudança como "uma providência para salvar a dignidade da Justiça do Trabalho".

Presenças - Deputados André Quintão (PT), presidente; Carlin Moura (PCdoB); desembargadores Antônio Álvares da Silva e Caio Vieira de Melo; o juiz do Trabalho José Eduardo de Rezende Chaves Júnior; a coordenadora de Pós-Graduação em Direito da UFMG, Maria Helena Megale; o procurador de Justiça de Minas Gerais Jacson Rafael Campomizzi; os sindicalistas William Vagner Moreira (Sindieletro) e Marcelino Orozimbo da Rocha (Sindicato dos Metalúrgicos de Betim); o diretor da Associação Brasileira de Advogados Trabalhistas, Antônio Fabrício de Matos Gonçalves; e o presidente do Instituto Mineiro de Relações do Trabalho, Carlos Calazans.

 

 

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