Solução de impasse em Alpinópolis depende de delimitação de parque

Enquanto não for resolvido o impasse envolvendo o verdadeiro limite do Parque Nacional da Serra da Canastra, a situaç...

01/07/2009 - 00:04
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Solução de impasse em Alpinópolis depende de delimitação de parque

Enquanto não for resolvido o impasse envolvendo o verdadeiro limite do Parque Nacional da Serra da Canastra, a situação das pedreiras fechadas em Alpinópolis fica sem solução. Em síntese, essa foi a principal constatação do gerente de desenvolvimento e apoio técnico das atividades minerárias da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), Caio Rocha, durante a audiência pública desta quarta-feira (1º/7/09), da Comissão do Trabalho, da Previdência e da Ação Social da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, pedida pelo deputado Antônio Carlos Arantes (PSC). A deputada Rosângela Reis (PV) elogiou a iniciativa do parlamentar.

Acelerar a tramitação de projeto de lei na Câmara Federal e promover o diálogo com o Ministério Público Federal - para acerto de um novo Termo de Ajuste de Conduta (TAC) com os mineradores - foram apontados como caminhos possíveis para solucionar o impasse entre as pedreiras e o Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio). O ICMBio resulta da divisão do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) e é o órgão do Ministério do Meio Ambiente responsável pelas ações da política nacional das unidades de conservação ambiental.

"O que não pode acontecer é preservar o meio ambiente no lugar de proteger a família, o ser humano", afirmou Arantes. O deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB) lembrou o caso de São Tomé das Letras como um bom exemplo de que é possível chegar a uma solução. Hoje, 94% das empresas de extração de pedra são licenciadas na cidade.

Depois de São Tomé, Alpinópolis é a região mais importante do Estado de exploração do mineral quartzito. No ano passado, o ICMBio e a Polícia Militar Ambiental fecharam nove pedreiras alegando denúncias de contaminação da nascente do Rio São Francisco. Segundo o presidente da Associação dos Extratores de Pedras do Médio Rio Grande, Jorge Penha, a ação foi arbitrária, já que as pedreiras estão a 38 km em linha reta, da nascente do São Francisco, e Alpinópolis está a 90 km da nascente na Serra da Canastra, na bacia do Rio Grande.

De acordo com Penha, mais de 1.200 pessoas ficaram sem emprego formal. "Os donos legítimos das terras, que fazem a exploração do quartzito, foram licenciados pelo Governo Federal e pelo Estado. Não pode embargar e mandar todos embora sem desapropriar e indenizar as pessoas", frisou.

Violência policial - "Nunca invadimos propriedade alheia. Estamos lá há 30 anos. Firmamos um TAC por um ano, que foi cumprido, e um novo TAC, com vigência de 4 anos. Por um ano, o instituto não fez as fiscalizações trimestrais. Logo depois, chegou de um dia para o outro embargando tudo e destruindo nossas benfeitorias. Criou-se um caos em Alpinópolis, foi um desespero total", afirmou Penha.

A questão da violência policial foi levantada também por um participante do debate, Edenilson de Assis Ribeiro, que alegou ter sido alvo de tiros dentro do parque. "Estava com uma marmita de comida e um galão de água. Corri de medo e caí em um canion. Os policiais me deixaram lá e só fui socorrido 16 horas depois, com a clavícula quebrada, pelo Corpo de Bombeiros", disse.

DNPM e ICMBio divergem sobre área formal do Parque Nacional

Para o ICMBio, a área do Parque Nacional da Serra da Canastra é de 200 mil hectares, mas cerca de 130 mil têm ocupação antes da criação do parque, em 1972, com fazendas de gado e agricultura, mineração e turismo. Com base nisso, foram suspensos os títulos minerários, que autorizam a ação das pedreiras.

Já o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) afirma que juridicamente a área do parque é de 71.525 hectares. "É isso que o DNPM respeita", afirmou o diretor-geral adjunto do DNPM, João César de Freitas Pinheiro. Segundo ele, essa foi a área mapeada pela Fundação João Pinheiro, em levantamento feito em 1977. Um ano depois, foi elaborado o Plano de Manejo e, em 1993, um plano emergencial, que ratificou a área de cerca de 70 mil hectares. O plano foi o resultado de um seminário que reuniu todos os agentes envolvidos com o parque, incluindo o Ibama. "Em 2005, um Resumo Executivo elaborado sem qualquer participação da sociedade fixou a área de 200 mil hectares. O procurador da República Carlos Henrique esqueceu todo o histórico quando baseou sua decisão levando em conta esse resumo", avaliou.

Nem o chefe do Parque Estadual da Serra da Canastra, Darlan Pádua, sabe responder qual a área efetiva do local. "O decreto que criou o parque foi revogado ou não? Isso é fundamental para a discussão", argumentou, afirmando que, como funcionário do governo, ele cumpre ordens e que fiscaliza a área de 200 mil hectares estipulada pelo decreto.

Os parlamentares Antônio Carlos Arantes, Maria Tereza Lara (PT) e Dalmo Ribeiro Silva (PSDB) conhecem o tema de perto e mostraram-se dispostos a continuar tentando um solução para o problema. Nesse sentido, foram apresentados diversos requerimentos, a serem votados na próxima reunião, entre eles dois para promover audiências: com a procuradora do Ministério Público Federal (MPF) do município de Passos, Ludmila Junqueira Duarte de Oliveira; e com o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, o presidente do ICMBio, Rômulo Mello, e Jorge Penha. Esta última audiência já está na pauta do ministro, que aguarda agenda. A informação foi de uma representante do deputado federal Odair Cunha (PT-MG), que acompanha a causa. Outro parlamentar da Câmara atento ao debate é Carlos Melles (DEM-MG).

Presenças - Deputada Rosângela Reis, Antônio Carlos Arantes, Maria Tereza Lara, Dalmo Ribeiro Silva, Cecília Ferramenta; além do prefeito de Alpinópolis, Edson Luiz Resende; e do professor da UFMG, George Valadão.

 

 

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