Estudo pretende definir prevalência das hepatites B e C no
Estado
A coordenadora do Ambulatório de Hepatites Virais
do Instituto Alfa de Gastroenterologia do Hospital das Clínicas da
Universidade Federal do Estado (UFMG), Rosângela Teixeira,
apresentou aos deputados da Comissão de Saúde da Assembleia
Legislativa de Minas Gerais os detalhes sobre o "Projeto
Prevalência". O estudo, a ser realizado em parceria com a Secretaria
de Estado da Saúde e outros órgãos, pretende definir, nas 13
macrorregiões mineiras, qual a incidência das hepatites B e C, para
que sejam traçadas políticas públicas de prevenção e tratamento dos
pacientes. A apresentação foi feita durante audiência pública da
comissão, na manhã desta quarta-feira (1o/7/09),
solicitada pelo deputado Carlos Mosconi (PSDB), para debater a
questão.
Segundo Rosângela Teixeira, as hepatites são
doenças complexas e silenciosas, que podem provocar cirroses e
câncer no fígado. Em todo mundo, é o tipo de câncer considerado como
o terceiro maior causador de mortalidade. "Um terço da população já
teve ou tem contato com o vírus, por isso cerca de um milhão de
pessoas morrem todos os anos de cirrose hepática viral", alertou.
Ainda de acordo com ela, o contato pode se dar por meio de relação
sexual (no tipo B), transfusão de sangue, compartilhamento de
seringas e alicates, hemodiálise ou acidentes de trabalho. Desta
forma, os usuários de drogas e jovens estão mais expostos às
hepatites.
Projeto - Para o
desenvolvimento do estudo, a UFMG quer estimar a prevalência da
doença, por meio de triagem sorológica, identificação de fatores de
risco, identificação de soropositivos, investigação de influências
de capital humano, social e cultural, além da promoção de campanhas
de divulgação das doenças. O projeto vai adotar uma amostra de
pacientes de 10 a 69 anos de idade, residentes nas zonas urbanas de
78 municípios mineiros, sorteados aleatoriamente. No total, serão
estudadas cerca de 10 mil pessoas, que responderão questionários
estruturados e terão material biológico coletado. Como resultado,
será publicado um documentário em forma de livro para descrever o
que foi constatado pelo projeto.
A referência técnica estadual do Programa de
Hepatites Virais da Secretaria de Estado da Saúde, Soraia Zardini de
Morais, lembrou que o "Programa Prevalência" foi originado de uma
licitação feita com base na preocupação do órgão com o problema.
Segundo ela, não há dados seguros sobre a incidência das hepatites B
e C em Minas Gerais, o que impede a secretaria de planejar ações de
prevenção e combate às doenças. Ele lembrou que o baixo índice de
notificação de pacientes pelos profissionais de saúde é outro
problema que dificulta o trabalho do Estado. "Tivemos 7 mil casos
registrados no ano passado, mas sabemos que isso representa apenas
cerca de 30% do total, tendo em vista que não há notificação à
Secretaria", disse. Ao final, a representante do Poder Executivo
afirmou que uma efetiva identificação de prevalência vai gerar um
impacto significativo na economia das famílias e do Estado, levando
em consideração que o custo do paciente crônico das hepatites é
muito alto.
O professor da UFMG João Galise Filho considerou
fundamental os estudos, para que seja traduzido o impacto
epidemiológico das hapatites no Estado, pois a cirrose provocada
pelo tipo C, por exemplo, é a maior causa de transplante no mundo.
"É um mal silencioso. Apenas 20% dos casos tem quadro clínico
típico, portanto, há muitas pessoas contaminadas sem saber, e a
doença só aparece quando já é crônica", colocou. A presidente da
Associação Mineira de Portadores de Hepatites Virais (Amiphec), Ruth
Peixoto Domingues, corroborou as palavras do professor, e fez um
apelo aos parlamentares para que auxiliem com campanhas
institucionais de prevenção e tratamento das doenças.
Deputados cobram divulgação efetiva da hepatite no
Estado
Os parlamentares cobraram e criticaram a falta de
políticas educacionais que trabalhem a prevenção das doenças, que
podem ser transmissíveis pela relação sexual e pelo compartilhamento
de seringas e alicates. O deputado Carlos Mosconi (PSDB) lembrou a
necessidade de maior disseminação de informações sobre a vacinação,
que é gratuita. Para ele, a repercussão é pequena, apesar de ser uma
doença tão séria quando a Aids, por exemplo. O parlamentar afirmou
que vai fazer um requerimento para que a TV Assembleia inicie
campanha de divulgação da vacina.
Para o deputado Fahim Sawan (PSDB) o estudo da UFMG
é inédito e ambicioso, mas deve ser acompanhado por um trabalho de
informação nas escolas. O deputado Carlos Pimenta (PDT) concordou
com o colega e acrescentou que a campanha deve ser feita em massa,
tendo em vista que grande parte dos jovens não sabe que a hepatite B
é sexualmente transmissível e, nos casos crônicos, mata até 25% dos
pacientes.
Os deputados Doutor Rinaldo (PSB) e Adelmo Carneiro
(PT) fizeram coro aos demais parlamentares e acreditam que a
audiência pública foi o primeiro passo na divulgação do problema.
"Temos que investir na prevenção e ela só é possível por meio do
compartilhamento de informações com toda a população", disse
Carneiro. "Espero que esse inédito estudo traga soluções que tornem
a saúde pública mais eficiente", acrescentou Rinaldo.
Proibição de consumo de tabaco em locais fechados é
apreciada
Na reunião, foi aprovado parecer de 1o
turno do deputado Fahim Sawan, ao Projeto de Lei (PL) 3.035/09, dos
deputados Alencar da Silveira Jr. (PDT) e Gilberto Abramo (PMDB),
que dispõe sobre a proibição de consumo de produtos derivados do
tabaco em recintos coletivos fechados. O parecer foi aprovado na
forma do substitutivo no 2, que altera o artigo
7o da Lei 12.903, de 1998, e estabelece que nos recintos
coletivos, públicos e privados, somente poderão ser destinadas à
prática de tabagismo áreas isoladas por barreira física, com
arejamento suficiente ou equipadas com aparelhos que garantam a
exaustão do ar para o ambiente externo.
Foi aprovado também parecer de 1o turno
do deputado Carlos Pimenta ao PL 3.132/09, da deputada Maria Lúcia
Mendonça (DEM), que institui a Campanha de Prevenção à Síndrome
Alcóolica Fetal, em Minas Gerais. O relator opinou pela aprovação da
matéria na forma do substitutivo no 1, da Comissão de
Constituição e Justiça, que propôs a criação do Dia Estadual de
Prevenção à Síndrome Alcoólica Fetal, como forma de chamar a atenção
do Poder Executivo para a importância de medidas de prevenção contra
a doença.
Ambos os projetos serão encaminhados, agora, para
discussão e votação em 1o turno no Plenário da
Assembleia.
Presenças - Deputados
Carlos Mosconi (PSDB), presidente; Carlos Pimenta (PDT), vice;
Doutor Rinaldo (PSB); Fahim Sawan (PSBD); Ruy Muniz (DEM); Adelmo
Carneiro (PT); e Inácio Franco (PV).
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