Saneamento fica com maior fatia do Fhidro

Dados do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) indicam que projetos de saneamento básico devem ficar, em 2009 ...

30/06/2009 - 00:02
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Saneamento fica com maior fatia do Fhidro

Dados do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) indicam que projetos de saneamento básico devem ficar, em 2009 e 2010, com a maior fatia de recursos do Fundo de Recuperação, Proteção e Desenvolvimento Sustentável das Bacias Hidrográficas do Estado de Minas Gerais (Fhidro). O fato desagradou ao presidente da Comissão Interestadual Parlamentar de Estudos para o Desenvolvimento Sustentável da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, deputado Paulo Guedes (PT). O assunto foi discutido nesta terça-feira (30/6/09) em reunião da comissão, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

De acordo com o vice-diretor geral do Igam e coordenador da secretaria executiva do Fhidro, Geraldo José dos Santos, estão previstos investimentos de R$ 120 milhões do fundo em 2009 e 2010. Destes, R$ 38 milhões deverão custear a elaboração de projetos técnicos para obras de saneamento em municípios com menos de 50 mil habitantes. "Estes municípios não têm dinheiro nem para fazer o projeto e, sem ele, não é possível captar recursos", afirmou Santos.

O deputado Paulo Guedes defendeu que seria melhor reservar os recursos do Fhidro para ações mais diretamente relacionadas à preservação e à recuperação dos rios, tais como a recuperação de nascentes e matas ciliares. "Para saneamento, os governos Federal e Estadual já oferecem muitos recursos", afirmou. Ele lembrou que a Copasa, com a criação da agência reguladora de saneamento, prevê um aumento mensal de receita de R$ 20 milhões. "A empresa poderia colaborar com a elaboração desses projetos", afirmou o deputado.

Geraldo Santos ressalvou que o saldo atual do Fhidro está hoje, aproximadamente, em R$ 250 milhões e que os R$ 120 milhões orçados podem ser ultrapassados se houver demanda e projetos para isso. Para 2009, está prevista a utilização de R$ 75 milhões do Fhidro. Destes, estão aprovados R$ 19,7 milhões para 43 projetos aprovados na bacia do São Francisco, até meados de junho de 2009. Outros 30 projetos estão em análise, no valor de R$ 23 milhões, também para a área do São Francisco.

O vice-diretor admitiu que os recursos são pequenos para a dimensão das tarefas propostas para o Fhidro, que incluem o custeio da organização dos comitês de bacias e todo tipo de ação que contribua para melhorar a quantidade e a qualidade dos rios mineiros. Ele afirmou que, agora, está sendo finalizada a regulamentação da utilização dos recursos do Fhidro para projetos relacionados ao tratamento de resíduos sólidos.

Governo prevê conclusão dos planos de bacia em 2009

Durante o debate, o assessor de Meio Ambiente da Federação da Agricultura do Estado de Minas Gerais (Faemg), Carlos Alberto de Oliveira, chamou atenção para o atraso na elaboração dos planos de bacia em Minas. Ele citou o exemplo de São Paulo, que com 22 comitês de bacia, já concluiu 21 planos. Este documento é um pré-requisito para a cobrança pelo uso da água e para a própria aplicação dos recursos. Geraldo Santos afirmou que, atualmente, já estão contratados em Minas 14 planos de bacia, entre os 33 comitês existentes. Ele garantiu que, até o fim de 2009, todos os outros estarão contratados.

Dos recursos captados por meio do Fhidro, 7,5% são destinados à constituição e fortalecimento dos comitês de bacia. O presidente do Comitê de Bacia do Rio Urucuia, Júlio Ayala Barreto, queixou-se da morosidade no repasse dos recursos, em especial para projetos efetivos de revitalização.

O deputado Paulo Guedes questionou que, se a liberação de recursos para os comitês é lenta, no início de 2009, houve um repasse de R$ 50 milhões do Fhidro para obras da Secretaria de Estado de Transporte e Obras Públicas (Setop). "Gostaríamos de ver o detalhamento do destino destes recursos e as razões desta liberação, que foi tão rápida para a Setop", afirmou o parlamentar.

Em requerimento apresentado durante a reunião, o deputado Paulo Guedes solicitou o detalhamento destes investimentos e todos os demais provenientes do Fhidro em 2009. Outro requerimento solicita à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável que se esforce para dobrar os recursos para manutenção das bacias hidrográficas, por meio do Fhidro. Os dois requerimentos não foram votados, por insuficiência de quórum, e devem ser aprovados na próxima reunião.

Para pesquisador, estudos científicos são precários

O pesquisador Paulo Martins, da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) e da Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais (Cetec), ressaltou a necessidade de estudos científicos mais aprofundados para balizar os planos de bacia. Ele afirmou que os estudos atuais são poucos e insuficientes, o que pode comprometer a eficiência dos investimentos e outorgas (concessões) pelo uso de água. "Hoje não existe outorga científica, existe outorga cartorial", disse.

Para contornar em parte a carência, Martins propõe que parte dos recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) sejam vinculados ao Fhidro, por meio de financiamento a pesquisas em favor da preservação e recuperação de recursos hídricos. Martins também defendeu uma mudança nos critérios legais, que hoje só levam em conta a qualidade e quantidade de água de uma bacia. "É preciso considerar a distribuição da água dentro da bacia", afirmou.

Paulo Martins propõe ainda que a Ufop e a Cetec tornem-se responsáveis pela incubação de uma agência de bacia em Minas. "Comitê sem agência é algo pouco eficiente", afirmou. As agências de bacia hidrográfica são entidades jurídicas de direito privado, com autonomia financeira e administrativa, que devem atuar como unidades executivas descentralizadas de apoio a um ou mais comitês de bacia hidrográfica e apoiá-las administrativamente e tecnicamente. Os comitês, por sua vez, são órgãos deliberativos.

O vice-diretor geral do Igam, Geraldo dos Santos, elogiou as propostas de Martins, mas disse que elas vão além das atribuições do órgão. Santos também comentou as queixas do presidente da Federação dos Pescadores do Estado de Minas Gerais, Valtin da Rocha, de que o Fhidro não contempla projetos que beneficiem a categoria. O dirigente do Igam ressaltou que os recursos do Fhidro, por lei, só podem ser destinados a projetos que promovam a qualidade e quantidade das águas. Por outro lado, estes projetos sempre trazem benefícios para os pescadores, a exemplo da recuperação do Rio das Velhas, que tornou possível a pesca do dourado no município de Santa Luzia.

Presenças - Deputados Paulo Guedes (PT), presidente da comissão; e Vanderlei Jangrossi (PP). Além das autoridades citadas no texto, participou o presidente do Comitê de Bacia do Rio Paracatu, Afonso de Jesus Andrade.

 

 

 

 

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