Reinserção social de dependentes químicos preocupa
deputados
Já está na Assembleia Legislativa de Minas Gerais
um projeto de lei de autoria do governador que propõe subsidiar
empresas que contratem egressos do sistema prisional. O deputado
Fahim Sawam (PSDB), presidente da Comissão Extraordinária de
Políticas Públicas de Enfrentamento à Aids, às DSTs, ao Alcoolismo,
às Drogas e Entorpecentes, disse que está aguardando o projeto
começar a tramitar para apresentar emenda estendendo o benefício a
pacientes usuários de drogas que estejam em tratamento e em
abstinência há pelo menos 12 meses.
O anúncio foi feito nesta terça-feira (30/9/09),
durante reunião da comissão com especialistas no tratamento de
dependentes químicos. "Sabemos que um dos motivos que faz o
dependente químico voltar a usar droga é o preconceito da
sociedade", justificou o deputado.
O deputado Célio Moreira (PSDB) parabenizou Fahim
Sawan pela iniciativa e acredita que ela não terá dificuldade em ser
aprovada. O deputado Doutor Rinaldo (PSB) considera o projeto de lei
e a emenda do deputado Fahim Sawan de grande alcance social. "Muitas
vezes o dependente volta a utilizar a droga por falta de
oportunidade de conviver com a família e de conseguir um novo
emprego", completou.
Questionada pelo deputado sobre o modelo ideal de
tratamento para o dependente químico, a técnica em Atenção em
Álcool/Drogas da Secretaria de Estado da Saúde, Ana Regina Machado,
disse que a primeira iniciativa é acolher o paciente, escutar e
procurar entender o caso. Para isso é necessária uma equipe composta
basicamente de um psicólogo, um psiquiatra e um profissional de
enfermagem para avaliar qual a melhor forma de tratamento.
Segundo ela, o Centro de Atenção Psicossocial
Álcool/Drogas (Caps) também pode orientar o paciente e a família, e
a internação é indicada nos casos de síndrome de abstinência ou de
intoxicação aguda. Ana Regina acredita que a família, muitas vezes
desesperada, também deve ter um espaço para o acolhimento
profissional.
A representante do Conselho Regional de Psicologia,
Lourdes Machado, disse que o tratamento baseado somente na
abstinência não tem eficácia. Para ela, a redução de danos pode ser
uma alternativa. "Se conseguirmos que um dependente químico passe a
usar somente a sua seringa, já estamos reduzindo a possibilidade
dele ser contaminado pelo HIV", explicou. Lourdes Machado também
acredita que o preconceito é um dos grandes entraves para a
recuperação dos dependentes, e que muitas vezes o processo de
inserção não é concluído por dificuldades de aceitação por parte da
sociedade.
Para a gerente assistencial do Centro Mineiro de
Toxicomania, Raquel Martins Pinheiro, não existe uma fórmula de
ideal para cura de dependência química, pois o tratamento é
construído a cada dia, de acordo com cada paciente. "Cada caso nos
coloca um novo desafio. Se o tratamento deve ser realizado em
comunidades terapêuticas ou em comunidades abertas, também depende
de cada caso", observou.
A coordenadora do Fórum Mineiro de Saúde Mental,
Aparecida Celina Alves de Oliveira, lembrou que quando os pacientes
são levados à força pela família, o trabalho é mais complicado
porque o próprio dependente não quer ser tratado. Neste caso, pode
ser utilizada a técnica de redução de danos, até que a recuperação
possa ser feita de maneira lenta e contínua. Na opinião dela, a
internação é vista como um pedido de socorro da própria família.
Requerimentos - Foi
aprovado requerimento dos deputados Fahim Sawan e Célio Moreira para
a realização de debate público sobre a situação das entidades que
trabalham na prevenção das doenças sexualmente transmissíveis
(DSTs). Foi aprovado também requerimento do deputado Doutor Rinaldo
para a realização de audiência pública em Divinópolis para debater a
contextualização do uso de drogas na região, a incidência do HIV e a
assistência prestada aos portadores de Aids. Outro requerimento
aprovado, da deputada Rosângela Reis (PV), é para a realização de
audiência pública em Ipatinga, também para discutir o uso de drogas
no Vale do Aço.
Presenças - Deputados
Fahim Sawan (PSDB), coordenador; Célio Moreira (PSDB), Neider
Moreira (PPS) e Doutor Rinaldo (PSB).
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