Candidatos a conselheiro do TCE-MG defendem transparência

Agora só falta marcar a data da eleição pelo Plenário. Nesta terça-feira (30/6/09), a Comissão Especial criada para d...

30/06/2009 - 00:02
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Candidatos a conselheiro do TCE-MG defendem transparência

Agora só falta marcar a data da eleição pelo Plenário. Nesta terça-feira (30/6/09), a Comissão Especial criada para dar parecer sobre as indicações ao cargo de conselheiro do Tribunal de Contas (TCE-MG) declarou aptos os quatro candidatos, após sabatiná-los. Os deputados Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), Irani Barbosa (PSDB) e Sebastião Helvécio (PDT) e o servidor Alexandre Bossi Queiroz, consultor da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, defenderam transparência das contas públicas e mais informação, ampliando o debate para questões como o papel fiscalizador ou pedagógico do tribunal. A reunião foi acompanhada por servidores, familiares e vários deputados.

O presidente da comissão, deputado Carlos Mosconi (PSDB), informou que agora encaminhará à Mesa da Assembleia todo o processo, para que o presidente Alberto Pinto Coelho (PP) possa, então, fixar a data da eleição. Segundo o artigo 239 do Regimento Interno, os dois candidatos mais votados no primeiro escrutínio vão se submeter ao segundo escrutínio, decidindo-se por maioria simples de votos. Em caso de empate, a escolha recairá sobre o mais idoso. Ainda segundo o Regimento Interno, após dez dias da eleição o escolhido será nomeado pelo presidente da ALMG. A posse pelo tribunal será em 30 dias da publicação do ato, prorrogável por igual período.

Segundo o relator, deputado Wander Borges (PSB), todos os candidatos demonstraram conhecimento e responderam as indagações "com segurança, clareza e objetividade". Ele fez perguntas aos candidatos sobre temas como o papel do tribunal no Estado Democrático de Direito, a revisão de decisões do TCE-MG pelo Judiciário e como se dá a elaboração dos pareceres do tribunal.

Conforme destacou o deputado Sebastião Helvécio, o novo conselheiro - que assumirá vaga aberta com a morte do conselheiro Simão Pedro Toledo - terá a tarefa de ajudar a fiscalizar 137 órgãos estaduais, 853 prefeituras e câmaras e 444 entidades, totalizando 2.287 unidades. Esse número está bem próximo ao da jurisdição do Tribunal de Contas da União: 2.540 unidades.

Tribunal de Contas: papel fiscalizador ou pedagógico?

Uma das questões que geraram respostas diferentes foi qual seria o papel do tribunal. O deputado Irani Barbosa afirmou que muitos prefeitos não têm informações sobre como efetuar a prestação das contas e acabam sendo "vítimas de empresas de consultoria". Ele defendeu ação mais educativa do tribunal e menos punitiva, afirmando que hoje ele é "um tribunal de julgamento."

O deputado Sebastião Helvécio avaliou que o conselheiro do terceiro milênio deve estar mais próximo daqueles que são fiscalizados, investindo na pedagogia. Mas enfatizou que "proximidade não é promiscuidade", repetindo palavras do conselheiro Ubiratan Aguiar, do Tribunal de Contas da União.

Já o servidor Alexandre Bossi declarou-se preocupado com o que classificou de uma tendência maléfica de modificar a cultura organizacional do tribunal, mudando seu papel de fiscalização para outro, pedagógico. "A função fiscalizadora é essencial. O prefeito que é mau gestor precisa temer o tribunal. A casa não é uma escola de contas", disse.

Na avaliação do deputado Dalmo Ribeiro Silva, muitos prefeitos têm buscado o tribunal para se informarem, e os auditores têm viajado ao interior para conversar com os gestores públicos, fazendo um monitoramento preventivo para corrigir eventuais problemas.

Candidatos defendem informação para aprimorar gestão pública e controle dos gastos

Todos os candidatos defenderam transparência das ações do tribunal e dos gestores, disponibilização das informações no site do TCE-MG e mais conhecimento para prefeitos e vereadores. O deputado Irani Barbosa sugeriu que a Assembleia e o tribunal promovam cursos, de forma permanente, para capacitação dos contadores e do pessoal das prefeituras. O deputado Dalmo Ribeiro Silva lembrou que, em muitos casos, os erros ocorrem não por má-fé dos gestores, mas por problemas em aspectos formais da prestação de contas.

Respondendo questionamento do deputado Adelmo Carneiro Leão (PT), o servidor Alexandre Bossi observou que a linguagem orçamentária e o chamado "economês" acabam dificultando o entendimento por parte dos vereadores e deputados. Eles são os encarregados de aprovar ou rejeitar as contas, respectivamente, de prefeitos e do governador do Estado, a partir do parecer prévio do TCE-MG. Bossi sugeriu que o tribunal busque comparações entre os dados das prefeituras, desenvolvendo indicadores que poderiam ser oferecidos aos vereadores, no site do tribunal. Experiência semelhante foi desenvolvida pelas prefeituras das cidades espanholas de Saragoza, Valência e Barcelona.

O deputado Sebastião Helvécio lembrou a importância do controle interno, fazendo referência ao governo do presidente Lula como experiência positiva. Segundo ele, esse controle, antes a cargo de cada um dos ministérios, passou a ser efetuado de forma integrada, sob a coordenação da Controladoria-Geral da União.

Apresentação das candidaturas

Os quatro candidatos tiveram alguns minutos iniciais para divulgarem suas propostas. A ordem de apresentação foi definida por sorteio. O primeiro, deputado Irani Barbosa, defendeu mais fiscalização por parte do tribunal; transparência, com uso maciço da internet; e ações educativas. O parlamentar questionou o TCE-MG, que teria aberto brechas "para que grupelhos achacassem prefeituras e buscassem a intimidação para serem contratados". Ele também cobrou mais fiscalização das concorrências promovidas por prefeituras.

O segundo, servidor Alexandre Bossi, que concorre pela quarta vez, afirma que sua candidatura é uma forma de demonstrar indignação. "O tribunal funciona aquém de sua importante atribuição constitucional, que é fiscalizar a aplicação dos recursos públicos", destacou, lamentando o fato de os tribunais, entre eles o de Minas, figurarem muitas vezes nas páginas de escândalos de jornais. Ele defendeu uma gestão interna mais ágil no TCE-MG e análises com foco não em aspectos formais, mas na "questão de fundo, que é a corrupção". Aproveitou para agradecer a atitude democrática dos deputados, que assinaram o requerimento de sua candidatura.

O terceiro sorteado, deputado Sebastião Helvécio, enfatizou que o tribunal deve se aproximar dos jurisdicionados e ter foco na sua missão, que é o controle externo da administração pública. Ele defendeu que o tribunal atue voltado para a eficácia das decisões da administração pública, trabalhando em rede e criando "pontes institucionais". Para Helvécio, não somente o conhecimento técnico, mas também a experiência política são aspectos importantes a serem observados no processo de escolha de um candidato a conselheiro.

O quarto sorteado, deputado Dalmo Ribeiro Silva, enfatizou que não queria falar de corrupção; que vê "um tribunal de contas forte" e crê na corte de contas assim como no Legislativo. "Não serei um salvador da pátria, mas um interlocutor, uma ponte entre Parlamento e tribunal", enfatizou. Também destacou a importância de investir na transparência das ações da corte de contas, elogiando ainda o papel da escola do tribunal, que tem buscado capacitar os gestores públicos, e das auditorias, que têm buscado atuar de forma preventiva.

Gastos com saúde - O deputado Adelmo Carneiro Leão (PT) quis saber a opinião dos candidatos sobre a prestação de contas dos recursos investidos em ações e serviços de saúde. Segundo ele, não se tem observado a Emenda Federal 29, de 2000, que fixa percentuais do orçamento para investimentos mínimos no setor por Estados e municípios.

O deputado Sebastião Helvécio lembrou que o TCE-MG tem instrução normativa que elenca as ações e serviços de saúde e que o Conselho Nacional de Saúde, por sua vez, tem resolução discriminando quais rubricas poderiam ser acolhidas nas prestações de contas. "Há um desencontro entre essas normas. A solução passa pelo Congresso Nacional, que deve regulamentar a Emenda, conceituando o que são, de fato, os gastos em saúde", avaliou.

Para o deputado Dalmo Ribeiro Silva, esse debate não pode ocorrer sem a rediscussão do pacto federativo; e, para o deputado Irani Barbosa, as diferentes interpretações para as leis são uma questão séria, a ser enfrentada. Já o servidor Alexandre Bossi defendeu que se adote o que diz a Emenda 29.

Presenças - Além dos candidatos, participaram da reunião os deputados Carlos Mosconi (PSDB), Wander Borges (PSB), Adelmo Carneiro Leão (PT), Elmiro Nascimento (DEM), Adalclever Lopes (PMDB), Hely Tarqüínio (PV), Sargento Rodrigues (PDT), Jayro Lessa (DEM), Gustavo Valadares (DEM), Zé Maia (PSDB), Sávio Souza Cruz (PMDB), Gilberto Abramo (PMDB), Ronaldo Magalhães (PSDB), Doutor Rinaldo (PSB), Rêmolo Aloise (PSDB), Braulio Braz (PTB), Ademir Lucas (PSDB) e Ivair Nogueira (PMDB), além da deputada Gláucia Brandão (PPS) e do secretário de Estado de Desenvolvimento Regional e Política Urbana, deputado Dilzon Melo.

 

 

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