Indígenas cobram da Funai rapidez em demarcações de terras

Representantes de tribos indígenas de Minas Gerais querem que o Governo Federal agilize a demarcação de suas terras n...

29/06/2009 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Indígenas cobram da Funai rapidez em demarcações de terras

Representantes de tribos indígenas de Minas Gerais querem que o Governo Federal agilize a demarcação de suas terras no Estado. O artigo 67 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição Federal, de 1988, determina um prazo de 5 anos para a União concluir as demarcações. Dezesseis anos depois de terminado o prazo, a situação da maioria dos indígenas mineiros continua a mesma, ou seja, sem regularização. Os indígenas também reivindicam que sejam aumentadas as propriedades atualmente ocupadas pelas tribos. Eles apresentaram os pedidos durante audiência pública da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, nesta segunda-feira (29/6/09).

O cacique Domingos, dos Xacriabás, a maior comunidade indígena de Minas, lamentou que as terras da tribo já chegaram a 200 mil hectares (ha) e, atualmente, foram delimitadas em 53 mil ha, para uma população de 9 mil pessoas. Segundo ele, com o aumento da população, muitos indígenas são obrigados a emigrar para outros Estados, submetendo-se muitas vezes a subemprego ou trabalho escravo, para garantir o sustento da família. "A população indígena está encurralada", reclamou. Ele também quer mais segurança nas aldeias pois as lideranças continuam sendo "alvos de fazendeiros". O próprio cacique, aos 12 anos, presenciou a morte do pai e foi baleado, com a mãe e outros familiares, durante um ataque às suas terras.

Representante dos Xucuru Kariris, o cacique José Sátiro também reivindicou ampliação da aldeia, que tem 102 ha. Os caciques José Aires, dos Mucurins, e Paiara, dos Pataxós, reclamaram da falta de regularização e de atenção aos indígenas. "Fomos expulsos da Bahia e estamos limitados a 43 ha no município de Carmésia", afirmou Paiara. "Além da demarcação, precisamos de moradias, saneamento básico, melhores estradas, tratamento de saúde e atendimento à abusos sexuais", completou Aires.

As precárias condições em que vivem os indígenas mineiros foi reconhecida por todos os convidados e pelos dois deputados que participaram da reunião: o presidente da Comissão, Durval Ângelo (PT), e o autor do requerimento da audiência, Arlen Santiago (PTB). O coordenador do Conselho Indigenista Missionário da Regional Leste, Antônio Eduardo Cerqueira de Oliveira, afirmou que em 2008, mais de 60 lideranças indígenas foram assassinadas no Brasil e neste ano, até este mês, o número já chega a 30. "O agronegócio avança muito sobre a terra indígena", advertiu ele, ao considerar esta a grande ameaça dos nativos brasileiros.

Protestos - O deputado Durval Ângelo lembrou que a demarcação das terras indígenas é obrigação da União e que a audiência pública tem por objetivo exigir seu cumprimento. "Estamos pedindo o cumprimento da Constituição Federal e dos tratados internacionais assinados pelo Brasil". O parlamentar rechaçou o Projeto de Lei 4.791/09, dos deputados Aldo Rebelo (PCdoB/SP) e Ibsen Pinheiro (PMDB/RS), que prevê transferir para o Congresso Nacional a competência para a demarcação das terras indígenas. Segundo ele, a proposição é inconstitucional e ele vai pedir aos deputados e senadores mineiros que votem contra.

O deputado Arlen Santiago cobrou da Funai agilidade nos processos e mais autonomia dos trabalhos das regionais nos Estados. "O Waldemar fica lá em Governador Valadares de pés e mãos atadas", disse ele referindo-se ao administrador da Executiva Regional da Funai daquele município, Waldemar Krenak, que também esteve na reunião e admitiu a falta de funcionários da autarquia.

O deputado também repudiou a ausência do presidente da Funai na audiência pública e disse que vai apresentar um requerimento para um encontro com ele, em dia e hora marcada pelo próprio executivo, para discutir os problemas debatidos na reunião.

Presenças - Deputados Durval Ângelo (PT), Arlen Santiago (PTB), secretário de Estado de Reforma Agrária, Manoel da Silva Costa Júnior; assessor da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão, Bruno Passeli; coordenadora de Saúde Indígena da Secretaria de Estado da Saúde (SES), Simone Abreu; assessor Jurídico da SES, Ricardo Assis; prefeito de São João das Missões, José Nunes; e presidente da Associação dos Municípios da Área Mineira da Sudene (Amans), Walmir Morais.

 

 

 

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - www.almg.gov.br

Rua Rodrigues Caldas,30 :: Bairro Santo Agostinho :: CEP 30190 921 :: Belo Horizonte :: MG :: Brasil :: Telefone (31) 2108 7715