Debate sobre rochas ornamentais mostra precariedade do DNPM

O potencial de crescimento do setor de rochas ornamentais, areia e brita no País, ao lado de uma absoluta precariedad...

29/06/2009 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Debate sobre rochas ornamentais mostra precariedade do DNPM

O potencial de crescimento do setor de rochas ornamentais, areia e brita no País, ao lado de uma absoluta precariedade do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) em Minas Gerais, foram alguns dos destaques do Debate Público Rochas Ornamentais e Agregados para Construção Civil, promovido nesta segunda-feira (29/6/09) pela Comissão de Minas e Energia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. A reunião foi realizada a requerimento do presidente da comissão, deputado Sávio Souza Cruz (PMDB). O deputado cobrou uma atenção maior para o setor, em Minas, e disse ver hoje a total inexistência de uma política pública para a mineração.

De acordo com o presidente do Sindicato da Indústria de Mármore e Granitos de Minas Gerais (Sinrochas), José Balbino de Figueiredo, o Estado é responsável por 40% da produção nacional do setor, o maior produtor estadual. Alguns municípios destacam-se nesse cenário, como São Tomé das Letras (Sul de Minas), responsável por mais de 70% da produção de quartzito no País; e Papagaios (Central), grande produtor de ardósia.

Apesar desse destaque, o DNPM em Minas, segundo seu diretor-geral, Sérgio Dâmaso de Souza, possui apenas 59 servidores, menos de 5% do efetivo nacional do órgão. Oito servidores estão prestes a se aposentar. Com esse quadro, o órgão é o grande responsável por autorizar e fiscalizar as lavras minerais em todo o Estado. "Temos quase 8 mil processos com outorga para analisar. Estou despachando até com o motorista, porque todos entregaram o cargo. Tive a vergonha de ver um empresário afirmar que hoje é melhor trabalhar clandestino do que depender de uma autorização do DNPM", afirmou. Para sanar o problema, ele propôs a criação de quatro escritórios regionais - norte, sul, leste e oeste, mas com a devida estrutura física e de pessoal.

A confissão de precariedade do diretor do DNPM aconteceu após as queixas do dirigente do Sinrochas, José Balbino, que apontou o DNPM como o principal entrave para o setor de rochas ornamentais em Minas Gerais e no País, hoje. Segundo ele, os empresários regulares hoje são mais penalizados até na fiscalização, que vem ignorando as empresas clandestinas, que acabam estabelecendo uma concorrência desleal e predatória, do ponto de vista econômico, trabalhista e ambiental.

Produtor prevê crescimento de 27% até 2015

Mesmo com a crise mundial, o presidente da Associação Nacional dos Produtores de Agregados (Anepac), Fernando Valverde, prevê um crescimento de 27% do setor entre 2009 e 2015. Os agregados da construção civil são areia e brita, produtos que registraram um aumento do consumo de 19% em 2008, segundo Valverde. Ele admite que este ritmo deve cair, com a crise, mas deverá continuar crescendo graças ao Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo Federal, obras da Copa do Mundo e obras estaduais. Ele se queixou do excesso de tributação e burocracia que enfrenta o setor.

Outro problema grave apontado por diversos conferencistas é a falta de planejamento territorial, que acaba forçando os empresários a buscarem a matéria prima muito longe dos principais centros consumidores - as grandes metrópoles. Essa necessidade de um ordenamento territorial foi descrita pelo especialista em Economia Mineral da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Fierj), Gilberto Calaes, como a principal carência do setor de areia e brita.

Ele também foi otimista, no entanto, quanto ao potencial de crescimento do setor de agregados. O consumo dos produtos no Brasil, segundo Calaes, é três vezes menor que o dos Estados Unidos ou Europa Ocidental. Com relação às rochas ornamentais, ele disse que o Brasil, com todos os seus problemas, é o quarto produtor e o quinto exportador mundial, atrás de China, Índia, Turquia e Itália.

A representante do Ministério de Minas e Energia e diretora do Departamento de Desenvolvimento Sustentável na Mineração, Maria José Gazzi Salum, apresentou uma estimativa da produção nacional para o período de 2008-2009 de areia (296 milhões de toneladas), brita (230 milhões de toneladas) e rochas ornamentais (7,8 milhões de metros cúbicos). Em sua avaliação, o setor realmente vem crescendo, mas sem organização, sustentabilidade social e ambiental. Os principais problemas apresentados são informalidade, grande volume de rejeitos, saúde e segurança. Respondendo a uma indagação de um servidor do DNPM sobre a transformação do órgão em agência reguladora do setor mineral, Maria José Salum respondeu positivamente: "alguns pontos da legislação terão que ser mudados, mas parece que não há dúvida de que o DNPM se tornará essa agência reguladora".

Feam apresenta plano de ação para São Tomé das Letras

As informações mais positivas com relação às rochas ornamentais vieram do gerente de Desenvolvimento e Apoio Técnico às Atividades Minerais da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), Caio Rocha. Ele apresentou o plano de ação desenvolvido pela instituição para promover a regularização da produção de quartzito em São Tomé das Letras. Ele lembrou que o setor de rochas ornamentais, em todo o País, é responsável por 130 mil empregos diretos e quase 400 mil indiretos, e que por isso precisa ser organizado e incentivado, e não reprimido. A ação da Feam, segundo ele, conseguiu firmar uma parceria com os produtores, que passaram a reivindicar a continuidade da fiscalização na região, a fim de evitar a concorrência desleal. Mais de 90% dos empreendimentos já estão regulares e muitos promovem ações de exploração sustentável, com recuperação de áreas degradadas. "Há muitos problemas, mas a situação é muito melhor do que foi no passado", afirmou.

A representante do Ministério, Maria José Salum, citou ainda que São Tomé foi um dos locais onde a União instalou um telecentro mineral, para apoio ao pequeno produtor mineral. Apesar disso, segundo ela, a cidade ainda não atende a todos os requisitos para ser considerada um Arranjo Produtivo Local de base mineral, tipo de organização produtiva que atende critérios de extração, agregação de valor, exportação, formalidade, saúde e segurança.

A Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico também fez uma prestação de contas de ações promovidas em favor dos setores de rochas ornamentais, areia e brita. Segundo o superintendente de Mineração e Metalurgia, Luiz Antônio Fontes Castro, entre janeiro de 2003 e maio de 2009 foram feitos financiamentos de R$ 11,6 milhões para os setores. Também foi concluída, em 2008, uma subestação de energia para atender as empresas de Papagaios; e asfaltada uma estrada de 12 km entre as localidade de Cachoeira da Prata e Maravilhas, em 2006.

Presenças - Deputados Sávio Souza Cruz (PMDB), presidente da comissão; Antônio Carlos Arantes (PSC), Sebastião Helvécio (PDT) e Lafayette de Andrada (PSDB).

 

 

 

 

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