Empresas afirmam que renovação de terras devolutas foi legal

"O que o Estado de Minas Gerais pretende fazer com essas terras? O que não pode acontecer é que elas fiquem paradas."...

23/06/2009 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Empresas afirmam que renovação de terras devolutas foi legal

"O que o Estado de Minas Gerais pretende fazer com essas terras? O que não pode acontecer é que elas fiquem paradas." A afirmação foi do deputado Carlos Pimenta (PDT), que solicitou a audiência pública desta terça-feira (23/6/09) para discutir a situação das terras devolutas no Norte de Minas, na Comissão de Política Agropecuária e Agroindustrial da Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

O presidente da Associação Mineira de Silvicultura (AMS), Bernardo de Vasconcellos, declarou que foi transparente o processo de renovação de arrendamento das terras feito pelas empresas que a entidade representa, e que não há intenção por parte delas de pleitear uma renovação futura. "Pagamos o que foi pedido na época. Não aceitamos que o contrato seja descumprido sem a indenização devida.

A audiência teve como uma de suas bases reportagem do jornal Estado de Minas que publicou, na edição de 10 de maio deste ano, matéria mostrando que na década de 1970 empresas dos setores de reflorestamento assinaram com o governo do Estado, por meio da Ruralminas, contratos para o arrendamento de terras devolutas destinadas à implantação de projetos de plantação de eucalipto. No total, a área arrendada em Minas era de cerca de 350 mil hectares. Hoje, fala-se em 240 mil.

Segundo dados do jornal, os contratos tinham validade de 23 anos. Os primeiros chegaram ao final em 1996. Os últimos venceram em 2003. A orientação da Advocacia-Geral do Estado (AGE) era pela não renovação dos contratos, mas seis deles foram renovados durante a gestão do ex-diretor do Instituto de Terras do Estado de Minas Gerais (Iter), Luiz Chaves.

Por determinação da Secretaria Extraordinária da Reforma Agrária, a renovação dos antigos contratos foi paralisada e uma comissão foi montada para analisar a situação. Os contratos renovados são alvo atualmente de um inquérito aberto pelo Ministério Público e também de análises da AGE. As empresas alegam que os renovaram de boa-fé e ameaçam com pedidos de indenização caso eles sejam rompidos.

Secretário não assinou todos os atos de renovação

O secretário de Estado Extraordinário para Assuntos de Reforma Agrária, Manoel da Silva Costa Júnior, afirmou que os contratos de renovação de arrendamento foram assinados pelas empresas e pelo então diretor-geral do Iter, Luiz Chaves, presente à reunião.

Luiz Chaves, que atualmente é coordenador do Núcleo de Práticas Jurídicas da Escola Superior Dom Hélder Câmara, afirmou que, na época da devolução das terras em questão, as primeiras áreas arrecadadas foram em São João do Paraíso. "O Incra fez vistorias, sem peças técnicas, e avaliou que as terras não interessavam ao órgão", disse.

Segundo ele, o mesmo ocorreu em relação a alguns movimentos de sem-terra, que não se interessaram pela utilização da área. Daí a renovação de contratos com algumas empresas. Segundo ele, no entanto, várias empresas, incluindo algumas que não renovaram contratos, por meio de retificações de área e de usucapião, estão regularizando trechos de terras de forma ilegal. "Não são mais 240 hectares. Isso é uma ilusão. No máximo, têm-se 100 mil hectares", afirmou.

"Existe, formalmente, a recusa do Incra em relação a essas terras?", questionou o deputado Padre João (PT). Ele avisou que não avançará na Casa nenhuma tramitação sobre o tema enquanto não tiver essa resposta. O parlamentar também questionou o motivo de não ter sido promovida ainda audiência pública solicitada por ele em Rio Pardo de Minas sobre o mesmo tema. O deputado Vanderlei Jangrossi (PP) explicou que, por ser na ALMG, portanto mais fácil de ser adaptada às agendas, a audiência solicitada por Carlos Pimenta tinha sido feita antes.

O procurador da Ruralminas Antônio Maria Claret Maia deu uma aula sobre terras devolutas. "Erroneamente, elas são taxadas de terras abandonadas. Elas são terras que não foram desmembradas do patrimônio público por um título legítimo", explicou. "Sem medo de errar, digo que 65% das terras de Minas são devolutas." Claret incitou os deputados a alterar a legislação. "É preciso ter coragem para legislar sobre as terras até 2.500 hectares. Há um vácuo no que diz respeito às terras entre 250 e 2.500 hectares", comentou. Acima desse limite, é o governo federal o responsável pela regularização.

Presenças - Deputados Vanderlei Jangrossi (PP), presidente; Carlos Pimenta (PDT), Padre João (PT) e Ana Maria Resende (PSDB).

 

 

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