Ministério pretende corrigir distorções da Lei Rouanet

Diante de pesquisas mostrando a exclusão cultural da maioria dos brasileiros, o secretário-executivo do Minc, Alfredo...

19/06/2009 - 00:02
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Ministério pretende corrigir distorções da Lei Rouanet

Diante de pesquisas mostrando a exclusão cultural da maioria dos brasileiros, o secretário-executivo do Minc, Alfredo Manevy, pediu apoio de artistas e produtores de Minas Gerais para mudar o quadro. Segundo ele, apenas 14% dos brasileiros vão ao cinema uma vez por mês; 78% nunca assistiram a um espetáculo de dança; 93% jamais visitaram uma exposição de arte e 90% das cidades não têm cinema, teatro ou museu. Manevy participou, durante toda a tarde desta sexta-feira (19/06/09), do Debate Público Financiamento e incentivo à cultura: avanços e desafios, promovido pela Comissão de Cultura da Assembleia Legislativa de Minas Gerais e coordenado pela deputada Gláucia Brandão (PPS).

"Ou seja, a maioria dos brasileiros está fora do acesso a bens culturais. Trata-se de um apartheid, que precisa ser corrigido. Em cidades pequenas do interior, por exemplo, a única atração cultural é um carro parado com som alto numa praça. As poucas bibliotecas são, na verdade, depósitos de livros", lamentou.

Alterar a atual Lei de Incentivo à Cultura, conhecida como Lei Rouanet, é um dos caminhos, segundo Alfredo. Segundo ele, o atual modelo de fomento é excludente e injusto. "Todos os anos o Minc aprova 10 mil projetos culturais, mas 80% deles ficam sem patrocínio, pois comercialmente não são interessantes para empresas".

Alfredo Manevy informou que de cada R$ 10 reais captados para a cultura, apenas R$ 1 vem do setor privado, o restante vem de renúncia fiscal. Esse detalhe, segundo ele, é um dos responsáveis pela má distribuição da verba. As regiões Sul e Sudeste, por exemplo, ficaram com 80% da verba captada. O Centro-Oeste ficou com 11% e o Nordeste e Norte, com 6% e 3%, respectivamente. "o mecanismo de renúncia fiscal é insuficiente para dar conta da diversidade de demandas da sociedade brasileira".

Rio de Janeiro beneficiado - Dentro das regiões também há grandes discrepâncias. Levantamento relativo à renúncia fiscal per capita (por habitante) para financiamento de projetos culturais no Sudeste Brasileiro mostra que o Rio de Janeiro fica com R$ 16; São Paulo, com R$ 8,15; Minas Gerais, com R$ 3,71; e Espírito Santo, com R$ 1,53. "O atual modelo não faz sentido É concentrador. Afinal de contas, mineiros e capixabas também pagam impostos, assim como os cariocas". Manevy ainda lembrou que certos setores como o teatro e a publicação de livros são beneficiados em detrimento de projetos nas áreas de fotografia, arqueologia, ópera, mímica e cultura indígena.

A intenção do Ministério da Cultura ao propor a reforma da Lei Rouanet é aumentar a participação do setor privado no financiamento a projetos e redistribuir melhor os investimentos, afastando-os do eixo Rio-São Paulo, além de fortalecer o Fundo Nacional de Cultura.

Relator prentende aprovar PEC 150

O relator da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 150, que tramita no Congresso Nacional, deputado federal José Fernando Aparecido de Oliveira (PV-MG), afirmou que vai opinar pela aprovação do parecer a fim de garantir vinculação mínima das receitas da União, Estados e municípios à cultura.

Conforme a PEC 150, a ser votada na Câmara, serão destinados à cultura 2% do orçamento federal, 1,5% dos Estados e 1% de cada município. "Os críticos afirmam que isso é mais uma forma de engessar o orçamento, o que não é verdade. Trata-se apenas de garantir uma proteção mínima ao setor cultural brasileiro. Meu relatório está praticamente pronto", afirmou.

Segundo o deputado, outras PECs importantes relacionadas diretamente à cultura estão tramitando em Brasília, como a PEC 416, que cria o Sistema Nacional de Cultura; e a PEC 236, que inclui a cultura no rol dos direitos sociais dos cidadãos, ao lado, por exemplo, de saúde e educação, "o que traz um conteúdo simbólico muito grande", afirmou.

O parlamentar disse que há um grupo de deputados e senadores articulados e organizados e dispostos a colocar a cultura no centro da agenda do País. Para isso, foi instalada a Frente Parlamentar Mista da Cultura no Congresso Nacional, que luta também por modificações nos atuais mecanismos de incentivos culturais. "O momento é oportuno. O Ministério da Cultura (Minc) passou a existir de fato, com mais organização e estrutura; e o presidente Lula tem dado importância ao setor", disse.

Panorama mineiro - O secretário de Estado de Cultura de Minas Gerais, Paulo Brant, informou que os recursos mobilizados ao setor cultural em Minas quadruplicaram nos últimos cinco anos, passando a R$ 200 milhões. Ele reconheceu que isso ainda é pouco, mas tende a aumentar, o que deve ocorrer também em âmbito federal, segundo ele. "O problema é gerenciar esses recursos. Como e onde aplicar o dinheiro. Realidades culturais distintas exigem políticas distintas. E Minas apresenta grande diversidade cultural", disse.

Segundo ele, um novo modelo de fomento à cultura tem que ser menos dependente de grandes empresas. "Não podemos ficar dependendo de Usiminas, Vale ou Gerdau, pois, quando elas resolvem diminuir os investimentos, todos sentem".

Paulo Brant informou que estão previstos, para 2009, R$ 10 milhões ao Fundo Estadual de Cultura, que serão dedicados a projetos menos atrativos ao mercado cultural.

 

 

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