Irregularidades no ProUni preocupam deputados

Um auditoria realizada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) entre junho e novembro de 2008 em 12 universidades de c...

18/06/2009 - 00:03
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Irregularidades no ProUni preocupam deputados

Um auditoria realizada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) entre junho e novembro de 2008 em 12 universidades de cinco Estados revelou uma série de irregularidades nos critérios e na concessão das bolsas do Programa Universidade para Todos (ProUni). O tema motivou debate da Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia e Informática da Assembleia Legislativa de Minas Gerais na manhã desta quinta-feira (18/6/09). A audiência pública, que recebeu representantes de universidades, movimentos estudantis e do Procon, foi solicitada pelos deputados Dalmo Ribeiro Silva (PSDB) e Carlin Moura (PCdoB) e deputadas Gláucia Brandão (PPS) e Maria Lúcia Mendonça (DEM).

Segundo o deputado Dalmo Ribeiro Silva, que presidiu a reunião, a auditoria constatou problemas graves na concessão do benefício, como casos de beneficiários com renda anual de até R$ 200 mil. O parlamentar explicou que o ProUni, criado em 2004, tem a finalidade de conceder bolsas a estudantes de baixa renda em universidades privadas, que em troca recebem isenção fiscal. De acordo com ele, o TCU apontou falhas na comprovação das concessões e, por isso, determinou que o Ministério da Educação crie mecanismos de controle para corrigir o problema. "Os mais prejudicados são os alunos. Espero que a audiência pública que a Câmara dos Deputados realizará ainda este mês em Brasília resolva esta situação", disse.

A deputada Gláucia Brandão lembrou que é preciso estabelecer critérios objetivos para que haja um aprimoramento do ProUni. Segundo ela, o cruzamento de dados pessoais dos alunos com os da certidão negativa de débito da Receita Federal e do Registro Nacional de Veículos Automotores (Renavan) pode ser uma solução para que sejam identificados os estudantes contemplados irregularmente. "O programa representou um avanço incontestável no acesso dos alunos de baixa renda ao ensino superior, mas temos que aperfeiçoar sua fiscalização", salientou. A deputada afirmou ainda que o TCU já notificou 74 universidades por deixarem de conceder cerca de 10 mil bolsas, mesmo sendo contempladas com a isenção fiscal.

Procon - A coordenadora do Procon Municipal, Stael Riani, disse que as reclamações sobre a manutenção dos alunos no ProUni representa o maior volume de casos relativos a educação no órgão. Ela explica, no entanto, que a falta de padronização dos critérios de concessão das bolsas dificulta o trabalho do Procon. "Não temos expertise para avaliar subjetivamente os casos que chegam até o órgão. O que o TCU revelou não é surpresa para nós. O ProUni está sendo desvirtuado, mas para que a fiscalização seja feita de forma eficiente, é preciso que o MEC dê uniformidade nos critérios", alertou.

Movimentos estudantis propõem soluções

A presidente da Associação Nacional dos Estudantes do ProUni, Adriana Ferreira, lembrou que, desde 2004, cerca de 600 mil estudantes já foram contemplados pelo programa, que segundo ela elevou consideravelmente o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) dos alunos de baixa renda, disse. Ela ponderou, no entanto, que o ProUni está descuidado e que os estudantes devem se unir para que ele não caia no descrédito.

A Associação propõe a criação do Conselho Nacional de Acompanhamento do ProUni, para acompanhar e fiscalizar critérios para concessão das bolsas. Adriana Ferreira sugeriu a criação da carteirinha do ProUni, com assinatura eletrônica, e do Ebook, como contribuição da entidade para que sejam evitadas as irregularidades identificadas pelo TCU, tais como a de estudantes que cursam universidades públicas e fazem uso simultâneo do benefício em instituições privadas.

O representante do Instituto Mineiro de Relações de Trabalho, Rubens Giaquinto, reafirmou que sem controle social, o acesso de estudantes que realmente precisam do benefício será cada vez menor. Para ele, a discussão deve ser aprofundada de forma que a qualidade da educação, a inclusão social e o racismo sejam tratados. "Os movimentos sociais avançaram graças ao acesso à educação. Não podemos deixar que o ProUni, que foi uma vitória da sociedade, seja tratado com descaso", concluiu.

Experiências - A coordenadora das Assistências Sociais da PUC Minas, Rosângela Fortes, disse que a universidade contempla cerca de 10 mil estudantes com bolsas do ProUni, e que a instituição não recebeu do TCU nenhuma notificação de irregularidade. De acordo com ela, o processo seletivo deve ser feito de forma criteriosa, com a realização de entrevistas em profundidade, visitas domiciliares e, principalmente, rigidez na cobrança da documentação que comprova a necessidade do aluno de fazer uso da bolsa do ProUni.

Providências - A deputada Gláucia Brandão afirmou que a comissão vai formular um requerimento de providências para ser encaminhada à Câmara dos Deputados e ao Ministério da Educação.

O deputado Ruy Muniz (DEM) também disse que apresentará requerimentos a serem enviados ao ministro da Educação, Fernando Haddad, para que se abra o ProUni para alunos egressos de escolas particulares que tenham bolsas parciais de estudos; para que se crie um vínculo obrigatório de até dois anos dos alunos beneficiados pelo ProUni, para que prestem serviços remunerados a estabelecimentos públicos após a graduação, como forma de compensação pelo recebimento do benefício; e de votos de congratulação ao MEC pela criação do programa. "Inquestionavelmente o ProUni foi um avanço para a educação do País. Ele deve ser aprimorado, mas seu valor precisa ser reconhecido", finalizou.

Presenças - Deputados Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), que presidiu a reunião; Ruy Muniz (DEM) e deputada Gláucia Brandão (PPS).

 

 

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