Deputado questiona valores de reboque da BHTrans

O deputado Vanderlei Miranda (PMDB) quer mais informações sobre a composição dos valores cobrados pelos serviços de r...

16/06/2009 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Deputado questiona valores de reboque da BHTrans

O deputado Vanderlei Miranda (PMDB) quer mais informações sobre a composição dos valores cobrados pelos serviços de reboque da BHTrans e do Detran. "É preciso mergulhar nos números", opinou em entrevista à imprensa, repercutindo audiência desta terça-feira (16/6/09) da Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, realizada a requerimento de sua autoria.

O presidente da comissão, deputado Adalclever Lopes (PMDB), informou que será votado requerimento para um novo debate. A comissão estuda também fazer uma visita aos pátios das empresas vencedoras das licitações relativas aos serviços.

Na audiência, BHTrans e Detran reforçaram que não fazem um simples frete, mas sim um trabalho de remoção e de guarda do veículo apreendido, garantindo a integridade desse patrimônio com os devidos custos operacionais. O contraponto veio do Ministério Público, que classificou os números como muito elevados e informou à comissão que está em fase de sentença uma ação civil pública visando à redução dos preços cobrados pelo Detran, inclusive com devolução de valores. A ação foi movida pelo Movimento das Donas de Casa.

Números - O deputado Vanderlei Miranda questiona os preços cobrados pelo reboque, informando que os valores de mercado variam de R$ 80 a R$ 90. A BHTrans cobra R$ 128,86 para o reboque e, caso o veículo não seja retirado do pátio no mesmo dia, o valor da primeira diária é R$ 17,18. Já o Detran cobra R$ 152,00 para o reboque e R$ 28,00 para a diária. A atuação da BHTrans, a empresa de trânsito da Capital, refere-se aos veículos com infrações de circulação ou parada em local proibido. Já o Detran, o departamento de trânsito estadual, remove veículos em mau estado de conservação ou furtados, bem como efetua remoções a pedido da Justiça e do DER.

Outra questão que ainda merecerá debates na comissão é denúncia feita pela Rádio Itatiaia de que agentes da BHTrans estariam sendo pressionados a chamar o serviço de reboque. O jornalista Carlos Vianna, da Itatiaia, que falou aos deputados, acredita que a denúncia tenha contribuído para "lançar luz" sobre os contratos de concessão. Ele sugeriu que os órgãos competentes analisem a terceirização desse tipo de serviço pelos concessionários, considerada por ele um foco de possíveis problemas. Esclareceu ainda que, "não houve, em momento algum, citação de que a pressão saísse da BHTrans." Sobre esse assunto, o deputado Vanderlei Miranda informou que encaminhará as notas taquigráficas da audiência ao Ministério Público, para apuração.

Ministério Público questiona valores

O promotor José Antônio Baeta de Melo Cançado explicou que está em fase de sentença a ação civil pública proposta pelo Movimento das Donas de Casa para a redução dos valores cobrados pelo Detran. Segundo ele, quando foi firmado o contrato de concessão com a Logiguarda Guarda de Veículos e Equipamentos, em 2001, o reboque saía a R$ 50 e a diária, a R$ 10. Em 2002, o aumento do valor do reboque foi de 204%, passando a R$ 152. O preço da diária teve um reajuste de 180%, passando para R$ 28. "O preço é estratosférico", acentuou.

O promotor informou que os valores acima contrariam lei de 2003 que estabeleceu para a diária o valor de 5 Unidades Fiscais de Referência do Estado de Minas Gerais (Ufemgs), cerca de R$ 10; e, para o reboque, 49 Ufemgs, ou seja, R$ 99. Baeta defendeu a redução também dos valores cobrados pela BHTrans. "É fácil falar que estamos tratando de um infrator, mas esse dinheiro não vai para o município e sim para uma empresa privada. A penalidade para o infrator é a multa, não um reboque mais caro", opinou, referindo-se aos serviços da Locave Locação e Serviços, que venceu licitação promovida em 2006.

BHTrans, Detran e empresas dão explicações à comissão

O diretor de Ação Regional e de Operação da BHTrans, Edson Amorim de Paula, lembrou que o trabalho não se restringe a um reboque, mas envolve também a responsabilidade pela guarda e segurança do veículo. Ele alegou que há uma estrutura de atendimento e de manutenção após a apreensão do veículo, afirmando ainda que os valores cobrados são os mais baixos do País. A primeira diária no pátio é de R$ 17,18. A partir do 2º dia, o valor é R$ 8,59 e, após o 10º dia, R$ 1,72. De acordo com Edson de Paula, a remuneração apenas pelo reboque seria de R$ 50.

O procurador da Locave Locação e Serviços, Tiago Bulhões, enfatizou que o valor de R$ 128,86 para o reboque engloba também os custos de estadia do veículo. Reforçou ainda que, por contrato, é preciso manter um auxiliar no reboque, além de citar outros custos operacionais que justificariam os valores cobrados. Na Capital, são rebocados diariamente 20 veículos.

O coordenador de Administração de Trânsito do Detran, Luiz Cláudio Figueiredo, e o diretor da Logiguarda Guarda de Veículos e Equipamentos, Domingos Sávio Teixeira, também alegaram que o reboque não é um simples frete. "Há um valor agregado que engloba a garantia e a comodidade do cidadão", disse Figueiredo. A mesma defesa foi feita por Teixeira, que lembrou as características do serviço. Entre elas, o reboque de veículos com "péssimas condições de manutenção" e a permanência de carros com problemas de documentação por um longo tempo nos pátios da empresa. O número de apreensões gira em torno de 50, diariamente.

Multas e normas para o interior - O deputado Vanderlei Miranda também questionou a BHTrans sobre uma possível "indústria de multas", conforme denúncias já veiculadas pela imprensa. Essa denúncia foi negada novamente pela empresa. Já o deputado Antônio Júlio (PMDB) abordou outra questão: decreto do Detran com regras para o credenciamento de empresas para a administração de pátios do interior. Para o deputado, as exigências são muito grandes e podem acabar gerando um mercado oligopolizado, com poucas empresas com condições de atuar. "A realidade das cidades menores é muito diferente", acentuou. Em resposta, Luiz Cláudio Figueiredo ponderou que as regras visam à segurança dos veículos e que não têm sido um entrave, na avaliação do departamento de trânsito. Entre as exigências, estão a de se ter um pátio murado e de possuir uma área mínima coberta.

Irregularidades - Requerimento do deputado Sargento Rodrigues (PDT), aprovado pela comissão nesta terça, trata de audiência para apurar denúncia de irregularidades praticadas em pátios e depósitos de veículos usados.

Projeto - A comissão também aprovou parecer para 2º turno sobre o Projeto de Lei (PL) 964/07, do deputado Délio Malheiros (PV), que obriga as instituições financeiras a advertir os usuários de seus serviços sobre fraudes. Agora, a matéria está pronta para o Plenário.

O deputado Leonardo Moreira (DEM), relator, opinou pela aprovação do projeto na forma como foi votado pelo Plenário em 1º turno (forma do vencido). De acordo com o que foi votado, as instituições localizadas em Minas estarão obrigadas a informar os consumidores sobre as fraudes mais freqüentes no uso de seus serviços bem como sobre os cuidados para sua prevenção. As instituições deverão apresentar informação em destaque junto às instruções de uso de seus serviços; disponibilizá-la em sua página na internet; ou encaminhar correspondência à residência do cliente. Os infratores estarão sujeitos ao Código de Defesa do Consumidor.

Presenças - Deputados Adalclever Lopes (PMDB), presidente; Vanderlei Miranda (PMDB), Délio Malheiros (PV), Antônio Júlio (PMDB) e Leonardo Moreira (DEM), além dos convidados.

 

 

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