Comissão recebe sugestões para diminuir lentidão da Justiça

Três representantes do Poder Judiciário mineiro analisaram nesta terça-feira (9/6/09), em audiência pública na Assemb...

09/06/2009 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Comissão recebe sugestões para diminuir lentidão da Justiça

Três representantes do Poder Judiciário mineiro analisaram nesta terça-feira (9/6/09), em audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, as causas da morosidade da Justiça e deram sugestões para combatê-la. Eles também defenderam o retorno das férias coletivas dos juízes e melhor remuneração para os magistrados estaduais. A reunião foi realizada pela Comissão Extraordinária dos 20 Anos da Constituição do Estado de Minas Gerais, com o objetivo de discutir o impacto da reforma do Judiciário, de 2004, na Justiça estadual.

Os temas do debate foram propostos pelo coordenador da Comissão Extraordinária, deputado Lafayette de Andrada (PSDB). Ele perguntou aos convidados o que pode ser feito para diminuir a morosidade da Justiça; que implicações teve o fim das férias coletivas (uma das medidas da reforma do Judiciário); e se há necessidade de vinculação automática entre o reajuste salarial de juízes de tribunais superiores e magistrados estaduais.

Morosidade - O 2º vice-presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) e superintendente da Escola Judicial Desembargador Edésio Fernandes, Reynaldo Ximenes, disse que a falta de defensores públicos e de peritos contribui para a lentidão do Judiciário. Ele defendeu a valorização da Defensoria Pública. "Hoje ela é a prima pobre do Judiciário, mas deve ser considerada como a viga mestra do despertar da cidadania", afirmou.

O presidente da Associação dos Magistrados Mineiros (Amagis), Nelson Missias de Morais, acrescentou que não basta a ação do Judiciário para reduzir a morosidade. Ele defendeu um pacto entre todos os Poderes da República e citou especificamente o Congresso Nacional. Morais se disse preocupado com a possibilidade de aprovação das propostas de emenda à Constituição (PECs) 12 e 358. Segundo o presidente da Amagis, elas vão aumentar a lentidão das decisões judiciais, se aprovadas. A PEC 12 altera critérios para pagamento de precatórios e a PEC 358 amplia o foro privilegiado.

O diretor do Foro da Capital e juiz auxiliar da Corregedoria, Marco Aurélio Ferenzini, disse que faltam juízes e servidores na Justiça de 1ª Instância, sobretudo no interior de Minas. Ele citou o caso de cidades em que há juízes responsáveis por mais de 10 mil processos. Na opinião de Ferenzini, a informatização pode ser uma saída para o problema. "A informatização talvez seja um alento para a Justiça de 1ª instância. Tanto os magistrados quanto os servidores estão trabalhando no limite da capacidade. São constantes as licenças médicas", declarou.

Férias coletivas - Os três convidados da Comissão Extraordinária dos 20 Anos da Constituição do Estado defenderam o retorno das férias coletivas da Justiça, extintas pela reforma do Judiciário. De acordo com eles, as férias alternadas provocam desfalques constantes nas turmas julgadoras, o que acaba por contribuir para a morosidade das decisões. "O juiz utilizava o período de férias coletivas para analisar os processos e colocar o serviço em dia", disse o presidente da Amagis.

Morais e Ximenes também apontaram a vinculação salarial com os juízes de tribunais superiores como necessária. Eles criticaram, ainda, a proliferação de cursos preparatórios de Direito mantidos por juízes, o que leva parte deles a colocar a magistratura em segundo plano. Morais defendeu a inclusão na Constituição do Estado de dispositivo para coibir essa prática.

Movimentos sociais - No fim da audiência pública, o deputado Ademir Lucas (PSDB) lembrou que a redemocratização do País, em meados da década de 1980, ampliou a demanda por decisões judiciais. "Os movimentos sociais criaram a necessidade de maior especialização do Direito. Antes, não havia essas demandas, nem sequer havia liberdade para os movimentos organizados", afirmou o deputado. Ele citou como exemplo de especialização as questões de Direito agrário, do consumidor e da mulher.

A deputada Gláucia Brandão (PPS) agradeceu o apoio do Judiciário mineiro, sobretudo de Reynaldo Ximenes, para a criação da Vara Maria da Penha, em Belo Horizonte, destinada exclusivamente a julgar processos de violência contra a mulher.

Requerimentos - Os deputados aprovaram dois requerimentos de Ademir Lucas sugerindo convidados para as audiências públicas sobre a reforma da previdência, próximo tema a ser tratado pela Comissão Extraordinária. A reunião desta terça-feira (9) foi a terceira sobre a reforma do Judiciário. Antes, a comissão discutiu os impactos das alterações na Justiça sobre a advocacia e o Ministério Público.

Presenças - Deputados Lafayette de Andrada (PSDB), coordenador; Ademir Lucas (PSDB), Carlos Gomes (PT) e Gláucia Brandão (PPS).

 

 

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