Participantes de reunião apostam em investimento para superar crise

A geração de empregos e o aumento dos investimentos públicos foram apontados pelos participantes da conferência da Co...

08/06/2009 - 00:02
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Participantes de reunião apostam em investimento para superar crise

A geração de empregos e o aumento dos investimentos públicos foram apontados pelos participantes da conferência da Comissão Especial da Crise Econômico-Financeira - Serviço e Emprego da Câmara dos Deputados como condições essenciais para que o Brasil supere a crise econômica. A reunião realizada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais nesta segunda-feira (8/6/09) foi a última organizada pela comissão para colher subsídios para o relatório que será entregue ao Governo Federal, com propostas para o enfrentamento das dificuldades econômicas.

O presidente da comissão, deputado federal Fábio Ramalho (PV-MG), explicou que a Câmara dos Deputados formou cinco comissões especiais para tratar da crise, cada uma com enfoque em um setor específico. A comissão que analisa o impacto da turbulência econômica no setor de serviços realizou sete audiências públicas em Brasília, além de três em outras capitais - Recife, Manaus e Belo Horizonte. O deputado federal Leonardo Quintão (PMDB-MG), que preside a comissão da Câmara que aborda a crise no sistema financeiro, argumentou que o trabalho do legislativo federal já surtiu efeito com a aprovação do cadastro positivo. A expectativa, segundo ele, é que nos próximos seis meses os juros possam ser mais baixos para os cidadãos e para o comércio.

Flexibilização de direitos trabalhistas é criticada em debate

A flexibilização dos direitos trabalhistas foi questionada pelo presidente do Tribunal Regional do Trabalho (TRT-MG), desembargador Paulo Roberto Sifuentes Costa. Ele enfatizou que a Constituição Federal permite a flexibilização de apenas três pontos por acordos coletivos - a jornada de trabalho, os salários e os turnos de revezamento. "Os princípios do Direito do trabalho não podem ser esquecidos em nenhuma circunstância", defendeu o desembargador, que afirmou que, em momentos de crise, as idéias flexibilizadoras ganham força. Na visão do presidente do TRT-MG, o Estado não pode abrir mão da tutela dos direitos sociais na solução dos conflitos. "A palavra-chave nos momentos de crise é negociação, no sentido de encontro máximo dos interesses do capital com os da força de trabalho", observou.

O desembargador também falou da necessidade de se estabelecer critérios para as dispensas coletivas, preservando o direito social do trabalho e a dignidade da pessoa. Segundo ele, como o dispositivo que trata da inibição da dispensa arbitrária não foi regulamentado, a Justiça do Trabalho procura agir para minimizar essas demissões, tendo por base a Constituição e as legislações complementares.

Papel do Estado - Para o deputado estadual Sebastião Helvécio (PDT), coordenador da Comissão Extraordinária para o Enfrentamento da Crise Econômico-Financeira Internacional da ALMG, a atual crise sepulta a idéia de que o Estado regula tudo. "A presença do Estado é absolutamente necessária, tanto na questão trabalhista quanto em outras questões estruturantes", afirmou. Ainda segundo o parlamentar, o grande cerne para o enfrentamento da crise é a valorização das instituições e da democracia.

O coordenador da comissão da ALMG também acredita que o Estado foi o ente federativo mais impactado pelo caos econômico, e que os investimentos públicos precisam ser ampliados. Nos últimos seis anos, de acordo com ele, 1,2% do PIB do Brasil foram aplicados em investimentos dessa natureza. Enquanto a União detém dois terços da arrecadação, os Estados e municípios são responsáveis por grande parte do volume de investimentos, segundo mostrou o deputado. Ele defendeu que os investimentos geram empregos, e que a prática de demitir ao primeiro sinal de crise deve ser substituída pela redução de jornadas sem diminuição de salários. O parlamentar também afirmou que, com essa medida, poderiam ser criados mais 2,6 milhões de postos de trabalho.

Outro aspecto que, segundo o deputado estadual, afeta o orçamento dos Estados são as dívidas com a União. Ele defendeu a renegociação dos débitos, refeitos em 1996, quando a taxa Selic era de 27,5%. Além disso, o parlamentar criticou a atualização dos valores da dívida pela tabela Price, que aplica juros sobre juros, sugerindo que seja adotado o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

O professor da UFMG, Frederico Gonzaga, também acredita que o Brasil precisa de uma queda mais abrupta da taxa Selic e de aumento do gasto público para superar a crise. Ele disse que a atual crise tem peculiaridades em relação às que aconteceram desde 1987, por ser uma crise do sistema financeiro. No entanto, para ele, o sistema financeiro brasileiro é mais forte porque é bem regulado e o País tem uma oferta de crédito considerada baixa. Além disso, segundo o professor, tanto os bancos públicos quanto os bancos privados brasileiros são bastante sólidos.

Minas teve queda nos empregos e na produção industrial

Para o vice-presidente da Fiemg, Lincoln Gonçalves Fernandes, a situação do Brasil não é tão favorável quanto parece. Ele citou dados que mostram que o País foi um dos mais perdeu posição quanto à produção industrial. Fernandes também afirmou que a indústria mineira teve uma queda de produção que supera o dobro da média nacional, além de ser o Estado com maior concentração de desemprego, ao lado de São Paulo. Entre as medidas sugeridas por ele para minimizar os impactos da crise estão o fomento do crédito, a redução dos juros, a reforma tributária e mais investimentos por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Na opinião do presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL), Roberto Alfeu Pena Gomes, são as pequenas e microempresas que estão segurando a crise, porque respondem por mais de 80% dos empregos e não dispensam muitos funcionários. Para ele, a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de alguns produtos é um fato quase inédito, que ajuda a gerar empregos.

O superintendente da Associação Mineira dos Municípios (AMM), Rogério Moreira, apresentou outro aspecto da redução do imposto. Segundo ele, os municípios foram prejudicados pela medida porque o IPI e o Imposto de Renda são os impostos que compõem o Fundo de Participação dos Municípios. "Outras contribuições que não beneficiam os municípios não sofreram alterações", lamentou.

A falta de clareza nos espaços de negociação foi alvo de crítica do secretário-geral da CUT-Minas, Carlos Magno de Freitas. "As informações não circulam de forma equilibrada entre as partes", afirmou. Ele defende que é preciso estabelecer regras claras para as negociações e contratações, e também disse ser a favor da redução das jornadas de trabalho. O secretário-adjunto da Força Sindical, Carlos Cassiano, ponderou que a flexibilização de direitos dos trabalhadores não conseguiu diminuir o desemprego. Em Minas Gerais, segundo ele, o crescimento do emprego formal caiu de 3,25% nos quatro primeiros meses de 2008 para -0,08% no mesmo período deste ano.

Além dos convidados citados na matéria, participaram da reunião a assessora da Federação do Comércio de Minas Gerais (Fecomércio), Silvânia Maria de Carvalho; o professor da PUC Minas, Heles Soares Júnior; e o diretor do Observatório do Trabalho da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social, Mateus Cópio Fábrigas.

 

 

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