Moradores de Ferros criticam construção de pequenas hidrelétricas

Cartazes de protesto e a presença de moradores e autoridades de Ferros (Região Central do Estado) deram o tom da audi...

03/06/2009 - 00:02
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Moradores de Ferros criticam construção de pequenas hidrelétricas

Cartazes de protesto e a presença de moradores e autoridades de Ferros (Região Central do Estado) deram o tom da audiência pública realizada nesta quarta-feira (3/6/09), no Auditório, pela Comissão de Minas e Energia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Os protestos eram contra a construção das centrais hidrelétricas Ferradura e Sete Cachoeiras ao longo do Rio Santo Antônio, que passa pelo município e integra a bacia do Rio Doce.

O autor do requerimento para a audiência, deputado Padre João (PT), lembrou que os dois empreendimentos em questão são classificados como pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), que têm capacidade de produção entre um e trinta megawatts. "Quando se trata de PCH, não tem garantia de royalties, não há dividendos para o município", esclareceu o parlamentar. Nesse sentido, o deputado considera o empreendimento desvantajoso para Ferros e defendeu que outras formas de geração de energia sejam estudadas.

O prefeito de Ferros, Raimundo Menezes de Carvalho Filho, também considera inviável a construção das PCHs. "O município está aberto ao progresso, mas de forma coerente", ponderou. O vereador José Hermínio de Andrade, que também representa o Conselho Municipal de Conservação e Defesa do Meio Ambiente de Ferros, demonstrou preocupação com os moradores que seriam desapropriados caso as PCHs fossem construídas. "O povo trabalha na fazenda e depende da terra. Peço às autoridades para olhar para o povo de Ferros", disse .

A presidente da Associação de Defesa e Desenvolvimento Ambiental de Ferros (Addaf), Tereza Cristina Silveira, informou que há um abaixo-assinado com mais de 5 mil adesões de moradores que se manifestaram contrários à construção das PCHs. Ela fez um apelo para que a opinião dos moradores seja respeitada.

Os participantes da audiência que se manifestaram durante a fase de debates também demonstraram preocupação com os possíveis riscos dos empreendimentos. José Paulo Antônio Ribeiro, morador de Ferros, disse que as empresas começam a fazer os estudos sem que ninguém seja comunicado. "Eles invadem nossa casa, invadem o município", desabafou.

Rogério Sepúlveda, do Comitê da Bacia Hidrográfica (CBH) do Rio das Velhas, disse que é comum que empreendimentos dessa natureza recebam a licença ambiental prévia sem que os comitês sejam consultados. Para ele, é importante que as discussões aconteçam antes que os processos de concessão de licença sejam iniciados.

Especialista aponta limitações técnicas

A bióloga e analista ambiental do Instituto Chico Mendes, Beatriz de Aquino Ribeiro Lisboa, apresentou estudos que, segundo ela, demonstram a inviabilidade dos empreendimentos. A bióloga alega que o impacto ambiental será irreversível e que tais danos são injustificáveis, pela baixa capacidade de produção das PCHs. Ela fez críticas ao Programa de Geração Hidrelétrica em Minas Gerais, que considera ter "metas ambiciosas, impossíveis de serem alcançadas". O programa prevê até o ano de 2027 a instalação de 380 empreendimentos hidrelétricos, sendo 335 PCHs e 45 usinas hidrelétricas.

Beatriz de Aquino apontou algumas limitações do Rio Santo Antônio para a instalação das PCHs, entre as quais destacam-se a disponibilidade hídrica moderada, o que significaria baixa produção de energia elétrica, e o risco de assoreamento em razão do tipo de solo da região. Ela destacou que o rio tem outras vocações econômicas que podem ser exploradas, como o turismo rural. O fato de a região estar na rota da Estrada Real é outro ponto que conta para a exploração da atividade turística, lembrou a bióloga.

Avaliação integrada - O analista ambiental Anderson Marques, defendeu que seja feita uma avaliação integrada da situação. Ele considera importante a participação dos moradores da cidade nas discussões sobre a construção das PCHs e lembrou que o Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam) fará reuniões deliberativas sobre o assunto, que serão abertas ao público.

Segundo informou o responsável pela Supram Leste, Dorgival da Silva, os pedidos de licença ambiental feitos pelas empreendedoras das PCHs estão sob análise do órgão. O superintendente disse que a decisão não será tomada sem que todos os envolvidos sejam consultados.

O presidente da comissão, deputado Sávio Souza Cruz (PMDB), e o deputado Padre João apresentaram requerimento, que deve ser votado na próxima reunião, para que seja encaminhado ao secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável pedido para que se faça uma avaliação integrada e sistêmica de todo o potencial da bacia do Rio Santo Antônio, tendo em vista o patrimônio histórico, natural e ambiental da região.

Presenças - Deputados Sávio Souza Cruz (PMDB), presidente; Rêmolo Aloise (PSDB), Fábio Avelar (PSC), Adalclever Lopes (PMDB) e Padre João (PT).

 

 

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