Problemas habitacionais levam Comissão de Direitos Humanos a Itabira

Os deputados da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais ouviram, em audiência pública ...

03/06/2009 - 00:02
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Problemas habitacionais levam Comissão de Direitos Humanos a Itabira

Os deputados da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais ouviram, em audiência pública realizada na manhã desta quarta-feira (3/6/09), em Itabira (Região Central do Estado), denúncias de moradores sobre ações de despejo e reintegração de posse na cidade e de constrangimento moral por parte da Vale na compra de terrenos no bairro Vila Paciência. A reunião, que lotou o Plenário da Câmara Municipal, contou também com a presença de representes do poder público da cidade.

Segundo o deputado Durval Ângelo (PT), autor do requerimento da audiência, há cerca de oito anos aproximadamente 300 famílias invadiram um terreno particular no bairro Carlos Drummond de Andrade, que agora deverá ser desocupado em função de decisão judicial que determinou a reintegração da posse no dia 16 de maio. Um pedido de embargo da decisão fez com que o juiz responsável pelo caso suspendesse preventivamente a reintegração.

Os moradores alegam que há famílias sem ter onde viver e que há impostos pendentes relativos ao terreno, entre outras irregularidades. Com isso, Durval Ângelo afirma que a intenção é fazer com que a negociação seja realizada de forma que ambas as partes tenham acesso aos seus direitos constitucionais com o mínimo de prejuízo. "Buscamos bom senso para que a questão seja resolvida", colocou o parlamentar. O deputado Ronaldo Magalhães (PSDB), também presente na reunião, reforçou que o mais importante é defender a situação das famílias mais carentes.

O líder da Associação dos Moradores do Bairro Drummond, Adilson Gualberto Campos, afirmou que a comunidade está em situação de calamidade social. De acordo com ele, a indefinição quanto às moradias tem minado a tranquilidade das famílias que vivem no local. "Reivindicamos projetos sociais que atendam todos os moradores. Queremos um teto que nos garanta aos menos dignidade", solicitou.

O advogado da Associação dos Moradores do Bairro Drummond, Carlos Francisco Benório Gueiros, acrescentou ainda que os moradores fizeram melhorias no terreno, que não tinha nenhuma infraestrutura na época da ocupação, e, por isso, devem receber indenizações caso haja reintegração de posse.

Programas sociais estariam em curso, segundo prefeitura

A secretária municipal de Ação Social, Maria das Graças Carvalho, lembrou que a prefeitura de Itabira cadastrou em 2008 cerca de 90 famílias, que estão sendo beneficiadas pelo programa municipal Bolsa Aluguel e já foram realocadas. As demais famílias se inscreveram no Programa Minha Casa Minha Vida, do Governo Federal, mas precisam de mais tempo até que o benefício seja concedido. Ainda de acordo com ela, os cadastros foram feitos com base nos critérios dos programas municipal e federal. "Temos a esperança de realizar o sonho dessas pessoas. Hoje, por exemplo, entregaremos cerca de cem casas no bairro Praia, além de outras 200 que foram entregues no ano passado", disse. Ela informou ainda que o cadastro para as famílias com renda de até três salários mínimos pode ser feito na prefeitura, e os demais deverão procurar a Caixa Econômica Federal para se inscreverem nos projetos federais.

O presidente da Câmara Municipal de Itabira, Neidson Dias Freitas, fez coro às palavras da secretária e disse que há sensibilidade do Legislativo para a resolução das questões habitacionais da cidade. "Fomos um dos primeiros municípios a nos tornamos aptos aos benefícios do programa Minha Casa Minha Vida, e estamos cumprindo nosso papel de legisladores", salientou.

Vale estaria fazendo pressão criminosa na compra de imóveis

Outra denúncia que levou os deputados a Itabira trata do fato de a mina explorada pela Vale no município, com o passar dos anos, ter ficado cada vez mais próxima das casas do bairro Vila Paciência. Com isso, o barulho e a poluição causados pela movimentação de terra, trens e caminhões da empresa estariam afetando as estruturas dos imóveis e a saúde das pessoas.

Para resolver o problema, os próprios moradores reivindicaram a compra das casas pela Vale, mas a empresa estaria oferecendo valores muito abaixo do mercado. Eles reclamam de práticas de constrangimento por parte da mineradora e pediram providências do poder público no processo de negociação.

O representante da Vila Paciência, Marcial Antônio de Melo, acusa a Vale de desobediência e violação do Código Civil. Segundo ele, há uso nocivo do local pela empresa. "Estão nos causando danos pessoais e de patrimônio, e adotando práticas de assédio moral. Eles negociam como querem e pagam o preço que querem. Imploramos uma intervenção pública no caso", reclamou.

Para o coordenador da Assistência Jurídica Municipal de Itabira, Mauro Márcio Alvarenga, é preciso avaliar ainda a exigência excessiva de documentos pela Vale, para compreender se a empresa está criando dificuldades nas negociações dos imóveis.

Sobre a questão, o presidente da Câmara Municipal, Neidson Dias Freitas, propôs a realização de uma audiência pública com a presença de moradores e representantes da Vale, para que seja esclarecida a situação e o Legislativo possa auxiliar na intermediação das negociações.

Providências - Após recebidas denúncias na reunião sobre o caso do bairro Drummond, os deputados Durval Ângelo e Ronaldo Magalhães listaram as providências a serem tomadas pela comissão. De acordo com o presidente da comissão, será enviado pedido de apuração de suposta ação ilegal de policiais no bairro, que estariam demolindo casas no local sem autorização judicial; enviada solicitação à Superintendência Regional da Caixa Econômica Federal (CEF), para que as famílias sejam incluídas no programa Minha Casa, Minha Vida; encaminhada solicitação ao prefeito João Izael Coelho, para que faça o mesmo pedido à CEF; enviadas as notas taquigráficas da reunião à ministra Dilma Rousseff, para que seja feito um plano de emergência para o bairro; solicitadas informações à Fazenda Municipal, para que sejam identificados os impostos pendentes no terreno antes e depois de 2001, quando houve a ocupação; enviadas as notas taquigráficas ao juiz responsável pela ação; enviadas as notas taquigráficas ao Ministério Público; e enviadas as imagens brutas feitas pela TV Assembleia para todas as autoridades citadas nos encaminhamentos da comissão.

Sobre as denúncias sobre o caso do bairro Vila Paciência, os parlamentares realizarão reunião conjunta com a Comissão de Minas e Energia, para debater a questão com o Ministério Público Estadual e o Federal, com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e com a Vale; serão encaminhadas as notas taquigráficas à Secretaria Especial de Direitos Humanos do Governo Federal; e será solicitada a abertura de inquérito civil público pelo Ministério Público Federal para investigar as denúncias.

Presenças - Deputados Durval Ângelo (PT), presidente; e Ronaldo Magalhães (PSDB). Também participou da reunião a 2a secretária da Associação dos Moradores do Bairro Drummond, Márcia Ferreira de Jesus.

 

 

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