Desoneração tributária das microempresas pode ajudar a superar crise

As micro e pequenas empresas (MPEs), embora atingidas pela crise econômico-financeira como todas as demais, recuperam...

02/06/2009 - 00:02
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Desoneração tributária das microempresas pode ajudar a superar crise

As micro e pequenas empresas (MPEs), embora atingidas pela crise econômico-financeira como todas as demais, recuperam-se mais rápido. Dos 106 mil novos empregos gerados em abril, 82% foram registrados por elas, ao passo que as médias empresas continuaram desempregando e as grandes geraram 27 mil postos. Por outro lado, no Brasil não há proteção adequada para esse segmento, nem por parte das Forças Armadas, que compram 90% do seu fardamento de indústrias têxteis chinesas.

Estas foram as duas principais revelações trazidas por lideranças empresariais aos deputados da Comissão Extraordinária para o Enfrentamento da Crise Econômico-Financeira Internacional da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, em reunião realizada na tarde desta terça-feira (2/6/09), sob a coordenação do deputado Sebastião Helvécio (PDT). A comissão foi criada para analisar o impacto da crise internacional no Estado, como desdobramento do Ciclo de Debates Minas Combate a Crise.

O primeiro palestrante, Leonardo Purri Miranda, presidente da Associação das Micro e Pequenas Empresas da RMBH, deu um panorama geral dessas empresas. As micro são as que faturam até R$ 240 mil por ano, e as pequenas até R$ 2,4 milhões. São lanchonetes, borracharias, empresas de motoboys, lan-houses, etc, que permeiam toda a economia e estão expostas a exigências burocráticas e a executar centenas de procedimentos contábeis. "Mesmo com a Lei Geral das MPEs, que concentrou impostos federais numa única guia, ainda é muito difícil abrir uma microempresa no Brasil, e fechar é quase impossível", disse Miranda.

Arisson Carvalho de Araújo, do Instituto Euvaldo Lodi da Fiemg, reclamou investimentos públicos e privados para ajudar as MPEs a superar a crise. Ele informou que sua entidade está fazendo um trabalho forte de promoção comercial dos produtos eletro-eletrônicos produzidos na região de Santa Rita do Sapucaí. "Essa indústria ainda depende muito de componentes importados e fica à mercê da flutuação do dólar, mas vai passar pela crise com maior facilidade que outros setores", opinou.

Sebrae prevê viés de alta para MPEs no segundo trimestre

Já Frederico César Mafra Pereira, do Sebrae-MG, relatou o acerto das previsões feitas sobre os impactos da crise, com a redução das exportações e com um sofrimento maior para o setor de biotecnologia, de alto valor agregado. No entanto, o impacto na massa das MPEs foi reduzido, porque poucas estão em condições de exportar. As previsões para o segundo trimestre são mais otimistas, de manutenção do faturamento, da produção e do nível de empregos, com viés de alta. Ele manifestou preocupação, todavia, com o aumento da inadimplência e com as restrições do acesso ao crédito.

O presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil, Aguinaldo Diniz Filho, situou a crise no setor têxtil, que cria 1,7 milhão de empregos diretos no Brasil, é o segundo maior empregador na indústria de transformação, mas enfrenta concorrência desleal da China até no fornecimento de fardas para o Exército.

"Como representante de uma empresa tradicional instalada há 137 anos em Minas (Cedro Cachoeira), consigo condições melhores dos bancos, mas o mesmo acesso tinha que ser oferecido a um pequeno torneiro mecânico do Jequitinhonha, que não consegue nem ser atendido pelo gerente". A sugestão apresentada por ele como "ousada" é a criação de um Banco Nacional da Micro e Pequena Empresa, sem sede própria, mas com pessoal especializado, dentro de cada grande agência do Banco do Brasil ou da Caixa Econômica Federal.

Outra sugestão anotada pelo deputado Sebastião Helvécio foi apresentada por Leonardo Miranda: a criação de uma Lei Geral das MPEs mineira, como onze Estados já fizeram, para desonerar a atividade e retirar a antecipação de impostos. Helvécio pediu o envio de um ofício à Secretaria de Estado da Fazenda para solicitar a preparação de um projeto de lei, que deve ser de iniciativa do Executivo.

Tributação excessiva e burocracia sufocam microempresas

Elogios à Lei Geral foram feitos pelo deputado Antônio Carlos Arantes (PSC), para quem os maiores empecilhos às MPEs eram a tributação excessiva e a burocracia. "Foi uma grande esperança para os pequenos empreendedores brasileiros, as famílias que sonham com sua própria empresa. Pena que abram e fechem com tanta rapidez, talvez por desconhecerem os benefícios da Lei Geral. A Assembleia tem que ser um grande instrumento para a implantação da Lei Geral", disse Arantes.

O deputado Carlos Gomes (PT) retomou o assunto, relatando que o Paraná fez desoneração total de ICMS das microempresas com até R$ 240 mil de faturamento, e que Minas não concede nenhuma isenção para os pequenos. Ele relatou também os avanços da Frente Parlamentar de Apoio às MPEs, que preside, e entregou um rol de sugestões ao coordenador da Comissão Especial.

Adelmo Carneiro Leão (PT) reforçou a tese, citando dados científicos segundo os quais a desoneração das microempresas se reverte em pouco tempo em aumento de arrecadação e propulsão para o desenvolvimento. O deputado criticou a crueldade da fiscalização no varejo e a suspensão da fiscalização por atacado nas barreiras rodoviárias. Ele também defendeu a certificação do queijo mineiro em todo o território estadual.

Presenças - Deputados Sebastião Helvécio (PDT), coordenador; Antônio Carlos Arantes (PSC), Carlos Gomes (PT), Adelmo Carneiro Leão (PT) e Wander Borges (PSB).

 

 

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