Diretor de penitenciária de Governador Valadares rebate acusações

O diretor afastado da Penitenciária Francisco Floriano de Paula, Carlos Henrique Naciff Ferreira, se defendeu de acus...

02/06/2009 - 00:02
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Diretor de penitenciária de Governador Valadares rebate acusações

O diretor afastado da Penitenciária Francisco Floriano de Paula, Carlos Henrique Naciff Ferreira, se defendeu de acusações que pesam contra ele durante a reunião da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais desta terça-feira (2/6/09). Ele é acusado de favorecimento do preso Fernando Jorge Tavares, conforme denúncia encaminhada ao gabinete do deputado Sargento Rodrigues (PDT) por agentes penitenciários que trabalham na unidade prisional de Governador Valadares (Vale do Rio Doce).

O deputado Sargento Rodrigues, que solicitou a audiência juntamente com João Leite (PSDB), Tenente Lúcio (PDT) e Dimas Fabiano (PP), informou que recebeu denúncias de que o preso Fernando Tavares teria planejado uma fuga e teria regalias como ser recebido na sala da direção sob escolta especial para realizar ligações telefônicas. Segundo o deputado, haveria ainda denúncias de superfaturamento e omissão de dados em planilhas sobre a alimentação fornecida aos presos.

Ao se defender das acusações, o diretor disse que está apenas cumprindo a Lei de Execução Penal, cujo artigo 41 garante aos presos o direito a entrevista pessoal com seu advogado e audiência com o diretor da unidade prisional. Naciff admitiu que às vezes recebia Fernando Tavares em sua sala. "Toda a família dele mora em Portugal, e uma irmã agendava telefonemas. O direito à comunicação é um dos direitos legais do preso", disse ele.

Naciff deixou com a comissão cópia de ofício que encaminhou à Secretaria de Estado de Defesa Social informando a necessidade de escolta especial para o detento. O ex-diretor disse que Fernando Tavares é preso provisório, acusado de ter cometido dois homicídios, e a escolta especial foi necessária para levá-lo a um julgamento em Araçuaí (Vale do Jequitinhonha). Ele seria considerado de "alta periculosidade" e estaria correndo risco de morte em função dos desafetos que tinha na região.

Naciff disse ainda ter um cadastro diário das marmitas fornecidas na penitenciária, que ao final de cada mês era consolidado com o cruzamento de informações sobre presos e servidores atendidos com as refeições.

A defesa do ex-diretor foi feita pelos vereadores de Governador Valadares Cida Pereira e Geovane Honório. Eles disseram que a Penitenciária Francisco Floriano de Paula tem uma situação "tranquila", ao contrário do presídio regional, que tem 248 vagas e abriga 600 presos em situações precárias.

Eles disseram também que juízes, promotores e prefeitos da região querem mais transparência quanto ao afastamento de Carlos Henrique Naciff Ferreira, frisando que ele esteve no cargo por seis anos sem o registro de problemas. Cida Pereira anunciou que falava em nome dos 14 vereadores de Governador Valadares e repassou à comissão uma moção de apoio ao ex-diretor.

Alcione Soares, representante de entidade que reúne amigos e familiares de presos, acrescentou que os detentos fizeram greve de fome a favor do diretor afastado. "Seu diferencial é ser um diretor que dá aos presos um tratamento digno". Marlene Ramos da Costa disse que tem um filho preso na penitenciária desde 2005. "Antes, ele era deprimido; depois casou lá dentro, onde é tranquilo e não tem rebelião", garantiu.

Cautela - A promotora Vanessa Fusco lembrou que só é possível condenar após sentença transitado em julgado, e manifestou preocupação com uma exposição antecipada das denúncias contra Carlos Henrique Naciff Ferreira. Ela disse ainda que o Ministério Público também deve tomar providências caso as investigações concluam que as denúncias foram caluniosas.

Agentes penitenciários reiteram denúncias

Representantes de agentes penitenciários reiteraram as denúncias de favorecimento ao preso Fernando Tavares e disseram que o peso das marmitas distribuídas na Penitenciária Francisco Floriano de Paula não atende ao estabelecido em contrato.

Segundo o agente Rinaldo Santiago dos Santos, na véspera da tentativa de fuga do detento, em abril, teria sido feito um comunicado à direção da penitenciária de que a cela estaria cerrada, mas não foram tomadas providências. Segundo ele, a fuga só não teve êxito porque teria sido impedida por um agente penitenciário.

Além disso, de acordo com Rinaldo, Fernando Tavares receberia visitas de sua esposa todos os finais de semana. A agente Simone Vieira acrescentou que há outros presos que têm família fora e nem por isso usam o telefone da sala do diretor.

Deputado pede cautela

O presidente da comissão, deputado João Leite, defendeu uma análise cuidadosa da situação e disse ter recebido e-mails de denúncias e também elogios a Carlos Henrique Naciff Ferreira. Ao final da reunião, ele anunciou que um novo requerimento será apreciado visando à realização de uma segunda audiência pública sobre a questão, desta vez para divulgar o relatório final com a conclusão das investigações em curso na Corregedoria da Secretaria de Estado de Defesa Social.

Essa nova audiência foi defendida também pela deputada Maria Tereza Lara (PT). "Essa divulgação será importante porque ficou claro que essa questão é delicada e tem posicionamentos divergentes", frisou.

Requerimentos - Foram aprovados dois requerimentos da deputada Maria Tereza Lara e dos deputados João Leite e Rômulo Veneroso (PV). O primeiro pede providências ao secretário de Estado de Defesa Social para implantar um centro de saúde na Penitenciária Jason Soares de Albergaria, em São Joaquim de Bicas (RMBH), de modo a reduzir a necessidade de saídas dos presos com escolta para atendimento no posto de saúde. O segundo pede que seja encaminhada ao Governo do Estado, para inserção no planejamento estadual, da proposta de intervenção governamental intitulada "Programa Segurança: Eu Quero", da Associação dos Municípios da Microrregião do Leste de Minas e de Juízes do Fórum de Mantena.

Presenças - Deputado João Leite (PSDB), presidente; deputada Maria Tereza Lara (PT), vice; e deputados Rômulo Veneroso (PV) e Sargento Rodrigues (PDT). Também participaram da reunião Marlene Alves de Almeira Silva, ouvidora do Sistema Penitenciário de Minas Gerais; e os agentes penitenciários Hodney Silva, Hélio Ferreira de Carvalho, Fábio Souza Teixeira e Coraci Raimundo de Oliveira.

 

 

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