Montes Claros discute situação da população carcerária

A separação da estrutura da Vara de Execuções Criminais e do Tribunal do Júri de Montes Claros, a designação de mais ...

28/05/2009 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Montes Claros discute situação da população carcerária

A separação da estrutura da Vara de Execuções Criminais e do Tribunal do Júri de Montes Claros, a designação de mais defensores públicos e servidores para trabalhar no Judiciário e a mudança no tratamento dos presos foram algumas das sugestões apresentadas para a melhoria no atendimento aos detentos em reunião da Comissão Especial da Execução das Penas da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Antes da audiência pública, realizada cidade, nesta quinta-feira (28/5/09), os parlamentares conheceram as instalações da Vara de Execuções Criminais da comarca.

Na reunião, representantes do Poder Público destacaram a falta de estrutura da Justiça e da Defensoria Pública para atender às demandas da comarca. O juiz da Vara de Execuções Criminais, Isaías Caldeira Veloso, explicou que hoje é responsável também pelo Tribunal do Júri. Atualmente, existem 1.700 processos na Vara e 1.300 processos no Tribunal. Hoje, existem dois presídios em Montes Claros, que contam com 569 presos (capacidade para 592) e 218 presos (capacidade para 260).

Para ele, a estrutura da Justiça é pequena para o número de processos, sendo que apenas um escrivão e cinco servidores são responsáveis por cerca de 3.000 processos. De acordo com o juiz, seria necessário pelo menos mais quatro servidores para dar mais agilidade ao trabalho. Ele explicou, entretanto, que, mesmo diante dessa situação, não existem muitos atrasos nos processos da Vara de Execuções Criminais em Montes Claros.

Vara - O defensor público Wesley Soares Caldeira e o promotor de Justiça Henry Wagner Vasconcelos defenderam a criação de uma vara específica para as execuções criminais. "O fato de existir uma única vara para as execuções criminais e para o Tribunal do Júri acaba prejudicando a tramitação dos processo", afirmou o promotor.

Nesse sentido, foi aprovado requerimento do presidente da comissão, deputado João Leite (PSDB) para que seja feita visita ao presidente do Tribunal de Justiça para discutir a necessidade de novos juizes em Montes Claros, especialmente para o Tribunal do Júri.

Falta defensores públicos na comarca

Outro problema apresentado foi a falta de defensores públicos. De acordo com Wesley Caldeira, hoje trabalham em Montes Claros dez defensores públicos, número insuficiente para o atendimento da demanda da comarca.

O juiz Isaías Caldeira Veloso explicou que cerca de 80% dos presos não tem como pagar um advogado e dependem da Defensoria Pública. Segundo ele, na tentativa de suprir a falta de defensores públicos, ele mesmo atende aos familiares dos presos e procura passar informações sobre a situação dos processos.

O representante da Diretoria de Articulação do Atendimento Jurídico e Apoio Operacional da Secretaria de Defesa Social, Alexandre Martins da Costa, afirmou que, diante das dificuldades da Defensoria Pública, para atender a população carcerária, existe hoje uma assistência jurídica do Estado que está trabalhando para melhorar a situação. "Temos, hoje, 190 profissionais auxiliando os defensores na assistência jurídica aos condenados, sendo que Montes Claros conta com a presença de quatro profissionais", destacou.

Apac deverá ser construída em Montes Claros

Na reunião, vários convidados manifestaram preocupação com a falta de incentivo à ressocialização dos presos da comarca e a necessidade de uma mudança nos princípios do sistema carcerário. Nesse sentido, o prefeito Luiz Tadeu Leite informou que já estão sendo tomadas as medidas necessárias para a doação de um terreno do município para a construção de uma Associação de Proteção e Assitência ao Condenado (Apac).

"Graças a uma iniciativa da sociedade civil organizada, em breve teremos uma Apac, o que vai contribuir com a humanização no cumprimento das penas e com a ressocialização dos presos", afirmou. Luiz Tadeu Leite também informou que uma pareceria com a Justiça irá possibilitar que presos da comarca possam realizar serviços para a prefeitura, contribuindo com a sua ressocialização.

O deputado Wander Borges (PSB) falou sobre a importância da construção de uma Apac. Ele ressaltou, no entanto, que é preciso um apoio de toda a comunidade para a viabilização do projeto. "A Apac representa, hoje, o único sistema capaz de ressocializar os presos", afirmou.

Falta de dignidade - O defensor público Wesley Soares Caldeira afirmou que os presos em Montes Claros não vivem em uma situação digna. Segundo ele, existem detentos com demandas hospitalares graves, sendo que, muitas vezes, falta veículos para transportá-los para a realização de cirurgias. "Temos também muitos presos que hoje não contam com a progressão de regime", afirmou.

Minas Gerais possui mais de 46 mil presos

O deputado Durval Ângelo (PT) apresentou dados divulgados no dia 29 de maio de 2009, que fazem uma fotografia do sistema penal de Minas Gerais. Segundo ele, existem, hoje, mais de 46 mil presos no Estado, sendo mais de 22 mil provisórios e mais de 23 mil condenados.

"Os números mostram que existem cerca de 12 mil presos sob responsabilidade da Polícia Civil, o que fere a legislação brasileira", afirmou. Nesse sentido, o representante da Polícia Civil, Gilson Magalhães Campos, informou que existe um acordo com o Poder Executivo estadual para que, até 2010, todos os presos sob responsabilidade da corporação sejam transferidos para o sistema da Secretaria de Defesa Social.

Relatório - O presidente da comissão, deputado João Leite (PSDB), lembrou que ao final dos trabalhos da comissão será feito um relatório, com o objetivo de sugerir mudanças na Lei de Execução Penal e também no sistema carcerário de Minas Gerais.

Foram aprovados dois requerimentos do deputado Durval Ângelo. O primeiro solicita a realização de reunião da comissão com o objetivo de receber os integrantes do Grupo de Amigos e Familiares de Pessoas em Privação de Liberdade. O segundo pede que seja encaminhado ofício ao presidente do Senado, solicitando agilidade na tramitação do Projeto de Lei (PL) 43/09, que altera a Lei de Execução Penal.

Presenças - Deputados João Leite (PSDB), presidente; Durval Ângelo (PT), relator; Wander Borges (PSB), Gil Pereira (PP). Além dos convidados já citados, a representante da Ouvidoria do Sistema Penitenciário de Minas Gerais, Marlene Alves de Almeida Silva; a vice-presidente da Câmara Municipal, Rita Vieira; o pastor Sílvio Cerqueira Alves; e o representante da OAB, Erick Rodrigues da Silva.

 

 

 

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - www.almg.gov.br

Rua Rodrigues Caldas,30 :: Bairro Santo Agostinho :: CEP 30190 921 :: Belo Horizonte :: MG :: Brasil :: Telefone (31) 2108 7715