Autoridades defendem maior regulação sobre resíduos industriais

A inclusão de definições sobre o armanezamento e despejo dos resíduos sólidos produzidos pelas indústrias entre os co...

26/05/2009 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Autoridades defendem maior regulação sobre resíduos industriais

A inclusão de definições sobre o armanezamento e despejo dos resíduos sólidos produzidos pelas indústrias entre os condicionantes estabelecidos durante os processos de licenciamento ambiental foi defendida por convidados e parlamentares que participaram de audiência pública da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Legislativa de Minas Gerais nesta terça-feira (26/5/09).

Para a representante do Ministério Público, a engenheira química Paula Santana, uma análise sobre os resíduos sólidos que serão produzidos pelos empreendimentos industriais em processo de licenciamento ambiental e a definição de condicionantes sobre sua destinação é fundamental para evitar danos ao meio ambiente.

Com esse objetivo, foi aprovado requerimento dos deputados da comissão solicitando que a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável adote, durante o processo de licenciamento ambiental de empreendimentos, de condicionantes que tratem do prazo, volume e condições de estocagem dos resíduos sólidos.

O presidente da comissão e autor do requerimento para realização da reunião, deputado Fábio Avelar (PSC), o vice-presidente da comissão, deputado Sávio Souza Cruz (PMDB), e o deputado Irani Barbosa (PSDB) destacaram a importância de estabelecer claramente no processo de licenciamento ambiental os detalhes sobre o armazenamento e despejo dos resíduos industriais. Eles também consideraram a necessidade de fiscalizar as empresas que armazenam resíduos sem autorização. O deputado Vanderlei Jangrossi (PP) lembrou a importância de discutir a questão dos resíduos industriais para garantir a preservação do meio ambiente.

O engenheiro ambiental da Secretaria de Meio Ambiente, Bruno de Matos Teixeira, apresentou dados de um inventário sobre resíduos industriais feito em 2007. Ele explicou que o levantamento contou com a participação voluntária das indústrias, que fornecerem dados sobre a situação de seus resíduos sólidos. Segundo Bruno Teixeira, o inventário contou com a participação de 854 empresas e os dados fornecidos indicaram que elas são responsáveis pela geração de 402 milhões de toneladas de resíduos sólidos.

O engenheiro ambiental explicou que desses resíduos, 99,46% são classificados como não-perigosos e 0,54% como perigosos. "Entretanto, é preciso considerar que esses 0,54% significam 21 milhões de toneladas", afirmou. Bruno Teixeira disse ainda que o inventário indicou que 98% dos resíduos perigosos são gerados por 15 empresas. "A análise dos dados indicou a importância de verificar a situação dessas indústrias", considerou. Diante dos números apresentados pelo engenheiro ambiental, a superintendente executiva da Associação Mineira de Defesa do Ambiente (Amda), Maria Dalce Ricas, lembrou que mesmos os resíduos classificados como não-perigosos, se não forem destinados corretamente, podem gerar danos ao meio ambiente e à saúde pública.

Poder público deve sistematizar a fiscalização

A necessidade de sistematizar a fiscalização feita pelos órgãos ambientais, pelo Ministério Público e pela Polícia Civil na geração, armazenamento e despejo dos resíduos industriais também foi defendida na audiência pública. A engenheira química Paula Santana considerou importante a organização da fiscalização, que atualmente é feita por vários órgãos públicos. Nesse sentido, o consultor da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Pedro Parizzi, afirmou que é preciso que os órgãos fiscalizadores estabeleçam um plano conjunto de ação, evitando que uma mesma empresa seja investigada por várias instituições simultaneamente.

O titular da Delegacia Especializada de Preservação da Qualidade de Vida e Ecologia, Afrânio Lúcio de Vasconcelos, sugeriu aos deputados a criação de uma frente parlamentar que poderia contribuir para uma coordenação das ações de fiscalização e defesa do meio ambiente. Ele explicou que atualmente a Polícia Civil está investigando 29 empresas que teriam apresentado irregularidades na destinação de seus resíduos sólidos.

O secretário executivo do Comitê Gestor de Fiscalização Ambiental Integrada, Paulo Teodoro de Carvalho, explicou que atualmente existem 40 mil empresas em Minas Gerais, sendo que em 2008 o comitê recebeu mais de 34 mil demandas de fiscalização. Segundo ele, esses números dificultam a atuação do comitê e evidenciam a necessidade de auxílio dos outros órgãos públicos nas ações de fiscalização. Paulo Teodoro de Carvalho afirmou que diante da grande demanda, o comitê utiliza alguns critérios (índice de qualidade da água, qualidade do ar e supressão vegetal) para estabelecer uma prioridade de fiscalização.

Já Maria Dalce Ricas falou sobre a necessidade de o Estado exercer o seu poder fiscalizador. Ela considerou que a elaboração do inventário de resíduos sólidos foi um passo importante, mas que o fato de o dados serem produzidos a partir de uma ação voluntária das empresas aumenta a necessidade de uma fiscalização efetiva. "O inventário é um instrumento importante, mas não resultou em políticas públicas. É preciso que o poder público adote condutas para incentivar e auxiliar as empresas na destinação adequada dos resíduos industriais". Para tanto, a secretária executiva da Amda defendeu a criação de uma agência de desenvolvimento sustentável, que seria responsável por estudar e propor soluções sobre a destinação dos resíduos sólidos.

A engenheira química Paula Santana defendeu ainda que a fiscalização verifique o cumprimento dos condicionantes definidos durante o processo de licenciamento ambiental. Segundo ela, várias das denúncias que chegam ao Ministério Público tratam do descumprimento desses condicionantes. "Mesmo assim, vemos muitas vezes o licenciamento ambiental ser renovado", considerou. Ela também destacou a necessidade de avaliar se as empresas que receberam a autorização ambiental de funcionamento realmente estão adotando medidas ligadas à proteção do meio ambiente.

Projeto quer estimular desenvolvimento do Projeto Jaíba

Está pronto para ser analisado pelo Plenário, em 1º turno, o Projeto de Lei (PL) 2.858/08, do governador, que autoriza a desafetação de parte da área da reserva biológica Serra Azul, que fica em Jaíba (Norte de Minas). Criada em 1998, a reserva tem área de 7.285 hectares, dos quais 3.183 hectares deixarão de ser área de proteção ambiental para estimular o desenvolvimento do Projeto Jaíba. O projeto altera o Decreto 39.950, de 1998, que criou a reserva.

O relator, deputado Sávio Souza Cruz (PMDB), opinou pela aprovação da matéria com as emendas nºs 1 e 2, que apresentou. Os objetivos das emendas são criar corredores ecológicos interligando as áreas com vegetação da reserva com o córrego Serraria; vedar o uso das áreas de preservação permanente para fins de pastoreio; e determinar que, no processo de regularização ambiental das propriedades particulares vizinhas à reserva biológica, as reservas legais correspondentes sejam definidas de modo a facilitar e complementar a criação desses corredores ecológicos.

O deputado explicou que é importante criar condições de conectividade entre a vegetação da área que será mantida como reserva biológica e o curso d'água mais próximo, que é o córrego Serraria, independentemente do fato de seu fluxo ser intermitente. De acordo com o parecer, essa é também a opinião da Amda, que participou de audiência promovida pela comissão para subsidiar a elaboração do relatório. "É importante criar corredores ao longo das propriedades particulares, ligando a reserva ao córrego Serraria e outros mananciais, onde a fauna poderá encontrar água e mata ciliar", destacou o deputado.

Na audiência promovida pela comissão, o diretor-geral do Instituto Estadual de Florestas (IEF), Humberto Candeis, explicou ainda que a reserva foi equivocadamente delimitada, incorporando áreas produtivas e sem relevância ambiental.

Requerimentos - Foram aprovados os seguintes requerimentos:

* Do deputado Neider Moreira (PPS), de audiência com o subsecretário de Estado de Gestão Ambiental Integrada, Ilmar Bastos Santos. O objetivo é obter informações sobre a situação ambiental das avenidas de Itaúna e a dificuldade de ligação de energia elétrica nesses locais. Também convida para a audiência representantes do Instituto Estadual de Florestas (IEF), da Cemig e do MP, entre outros.

* Da deputada Rosângela Reis (PV), de audiência com a Comissão de Transporte, Comunicação e Obras Públicas, a fim de debater, em Belo Oriente, o plano de construção do aeroporto da Usiminas, bem como as consequências da obra sobre o transporte e o meio ambiente.

* Da deputada Rosângela Reis e dos deputados Fábio Avelar (PSC) e Wander Borges (PSB), de reunião com a Copasa, com a presença do prefeito de Coronel Fabriciano. O objetivo é encaminhar à companhia sugestões de audiência realizada em 11 de maio sobre a construção da estação de tratamento de esgoto (ETE) da cidade.

* Do deputado Fábio Avelar, de audiência para debater os resultados da expedição do Projeto Manuelzão ao longo do Rio das Velhas. A expedição teve início no dia 8 de maio e será concluída no próximo sábado (30). O relatório da viagem será entregue ao governador Aécio Neves em 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente.

Foram recebidos os seguintes requerimentos:

* Do deputado Sávio Souza Cruz (PMDB), de reunião para ouvir o engenheiro Ricardo Duarte sobre programa desenvolvido por ele para avaliação vetorial de desempenho ambiental.

* Do deputado Chico Uejo (PSB), de audiência em Serra do Salitre para discutir o impacto ambiental das atividades mineradoras da Forfertil e Galvani Indústria, Comércio e Serviço.

* Do deputado Almir Paraca (PT), de audiência em São José da Lapa, para discutir a degradação ambiental causada pela extração de areia.

* Do deputado Adalclever Lopes (PMDB), de reunião conjunta com a Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte em Caratinga, para discutir a inadimplência da Copasa com aquele município no que se refere ao contrato para exploração do esgoto sanitário.

* Do deputado Inácio Franco (PV), de audiência em Pará de Minas, para debater a forma como o IEF e outros órgãos ambientais têm fiscalizado os produtores rurais da região.

* Do deputado Gil Pereira (PP), de audiência em Pirapora, para discutir a exploração das jazidas de gás natural no Norte e no Noroeste de Minas, com a presença do presidente da Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados, Bernardo Ariston (PMDB-RJ); da Agência Nacional do Petróleo (ANP), entre outras autoridades.

* Do deputado Sávio Souza Cruz, de audiência para discutir o Decreto Federal 6.640, de 2008, que alterou o Decreto 99.556, de 1990. São convidados os ministros do Meio Ambiente e de Minas e Energia, entre outras autoridades.

* Do deputado Fábio Avelar, de audiência em Santa Luzia, para esclarecer os benefícios e as implicações geradas pela implementação de estação de tratamento de esgoto já autorizada pela Copasa.

Presenças - Deputados Fábio Avelar (PSC), presidente; Sávio Souza Cruz (PMDB), vice-presidente; Almir Paraca (PT), Irani Barbosa (PSDB), Adalclever Lopes (PMDB) e Vanderlei Jangrossi (PP). Também participou da reunião o subsecretário de Estado de Gestão Ambiental Integrada, Ilmar Bastos.

 

 

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